Governo de Sergipe entrega primeira escola profissionalizante em território de reforma agrária

Sergipe

11.05.2017

Em continuidade às ações de expansão e interiorização do ensino profissionalizante na rede pública estadual de Sergipe, o Governo do Estado, por meio das secretarias de Estado da Educação (Seed) e da Infraestrutura e Desenvolvimento Urbano (Seinfra), inaugurou oficialmente nesta quarta-feira, 10, as novas instalações do Centro Estadual de Educação Profissionalizante Dom José Brandão de Castro, localizado no assentamento de reforma agrária ‘Queimada Grande´, no município de Poço Redondo, território do Alto Sertão sergipano.

A solenidade de inauguração contou com a presença do governador de Sergipe, Jackson Barreto, dos secretários de Estado da Educação e da Infraestrutura, Jorge Carvalho e Valmor Barbosa, respectivamente, do superintendente executivo da Educação, Everton Siqueira, além do prefeito municipal de Poço Redondo, Adilson Chagas Nunes, lideranças estudantis e dos movimentos sociais ligados ao campo, e ainda parlamentares, integrantes do governo e políticos da região.

Vocacionado para atender as demandas econômicas do Alto Sertão Sergipano, região na qual predomina a agropecuária, o Centro Profissionalizante Dom Brandão, após um investimento de R$ 7 milhões, recebeu novas edificações, passou por uma série de melhorias em sua infraestrutura e beneficia atualmente mais de 380 alunos desta região, em sua maioria filhos de trabalhadores rurais assentados, acampados, agricultores familiares, posseiros, indígenas, quilombolas e ribeirinhos.

"Poço Redondo recebe hoje um presente à altura da sua juventude, do seu povo e dos trabalhadores rurais da agricultura familiar. Estou muito feliz em inaugurar a primeira escola de ensino técnico no chão de um assentamento da reforma agrária no Brasil, e entregá-la aos filhos dos homens e mulheres do campo, que têm dado uma lição de luta pela posse da terra produzindo e vivendo com dignidade, para que eles possam se formar como técnicos agroindustriais e agropecuários e levar esse conhecimento para melhorar a produção do campo", disse emocionado o governador Jackson Barreto, ao destacar que o Centro Profissionalizante Dom Brandão de Castro está em sintonia com a implantação do futuro campus da Universidade Federal de Sergipe no município de Nossa Senhora da Glória, atualmente em fase de construção.   

O secretário Jorge Carvalho explicou durante a solenidade que o Centro de Educação Dom José Brandão de Castro oferece ensino técnico de nível médio em duas modalidades: o integrado, no qual o aluno recebe a formação técnica ao mesmo tempo em que cursa o ensino médio; e o subsequente, no qual, estão aptos a cursar os estudos de nível técnico os estudantes que já concluíram a última etapa da educação básica.

"Os alunos que estudam aqui sairão com o ensino médio completo, preparados para ingressar no ensino superior, e ainda uma formação técnica, prontos para o mercado de trabalho. Por se tratar de educação do campo, para atender às necessidades dos trabalhadores rurais, a escola atua com a pedagogia da alternância, por meio da qual, ao longo do mês, os estudantes moram na escola por 15 dias, estudando, e nos outros dias 15 dias desenvolvem suas atividades junto às suas famílias", afirma Carvalho.

De acordo com o superintende executivo da Seed, Everton Siqueira, as obras executadas no Centro Dom Brandão contemplaram a construção de um bloco pedagógico, com 12 salas de aula com capacidade para 40 alunos cada, e cinco laboratórios, sendo dois deles de Informática, um de Ciências, outro de Biologia e um de Física, e também uma biblioteca.

"A partir deste investimento, foi construído também um bloco administrativo e outro de serviços, com cozinha industrial, refeitório, despensa e banheiros. E, por ofertar cursos técnicos de nível médio de Agroindústria e de Agropecuária, foi construído um outro bloco com mais seis laboratórios técnicos, sendo um de Mecanização Agrícola; um de Química; um de Processamento de Alimentos; um de Microbiologia; um de Topografia e um de Informática", destacou Everton, ao acrescentar que toda escola possui sinal de internet banda larga disponibilizado via rede wifi para toda comunidade escolar.

Mais investimentos

Jorge Carvalho informou que além dos R$ 7 milhões investidos nas obras de edificação do prédio do "Dom Brandão", a Secretaria de Estado da Educação está investindo mais R$ 1 milhão na compra de equipamentos para os laboratórios e em instalações complementares, como a climatização de todas as salas de aula.

Educação no campo

Preocupado em oferecer melhores condições de permanência dos estudantes na escola, o Governo do Estado finalizou a construção do prédio do alojamento para os estudantes do Centro Profissionalizante Dom José Brandão de Castro, haja vista o regime de alternância da escola. O espaço de dormitório conta com 32 quartos coletivos, vestiários com cinco chuveiros e quatro sanitários, uma sala de estudo, corredor e área de circulação, além de lavanderia com tanques e varais, dividido em alas masculina e feminina.

Filha de agricultores rurais e moradora do assentamento de reforma agrária ‘Cajueiro´, localizado em Poço Redondo, a estudante Maria Ariele está com 17 anos e optou por estudar no "Dom Brandão", "porque aqui vou sair com uma formação técnica em agropecuária, e vou levar esse conhecimento para melhorar a produção agrícola da minha família".

"É muito importante para nós dessa região ter uma escola como essa, para atender as nossas necessidades, pois assim como eu diversas outras pessoas são filhos de assentados da reforma agrária, e é fundamental ter uma boa formação para melhorar a nossa vida no campo. Quando concluir meus estudos vou ingressar no ensino  superior em alguma engenharia ligada à produção agrícola", disse Ariele.

Também filha de trabalhadores rurais assentados da reforma agrária no município de Poço Verde - que tem, proporcionalmente, o maior perímetro de terra com famílias assentadas no país -, a estudante Shirlei Teixeira de Santos, acabou de iniciar o 1º ano do ensino médio no Centro Dom José Brandão de Castro e para ela as estruturas novas estão adequadas para receber os estudantes. Por ser filha de produtores rurais e trabalhar no campo, ela afirma que vai levar o conhecimento adquirido para o assentamento em que mora "para fortalecer a agricultura familiar".

O estudante Edson Santos, morador do município de Porto da Folha e neto de agricultores, está cursando o 3º ano do ensino médio e o 2º ano do curso técnico de Agropecuária no "Dom Brandão", "escola a qual escolhi para estudar por ser a única da região que oferece o ensino técnico especificamente para quem trabalha no campo", explica ele.

Representando o movimento estudantil, o vice-presidente da União Sergipana dos Estudantes Secundaristas (Uses), David Alves, agradeceu publicamente ao governador Jackson Barreto e ao secretário Jorge Carvalho, por terem recebido em diversas audiências os estudantes e lideranças estudantis "terem dialogado e atendido as demandas e reivindicações apresentadas, pois lutamos para que cada vez mais possamos ver escolas como essa sendo inauguradas".

Em nome dos demais alunos do Centro Dom Brandão, o estudante do curso de Agropecuária, Jean Santos demonstrou o reconhecimento pelas reivindicações feitas ao governo e que já foram plenamente atendidas, afirmando que "a luta continua pois temos a certeza de que vamos avançar ainda mais".

Cursos

Os cursos ofertados nesta unidade de ensino têm duração de três anos e são aplicados no regime pedagógico de alternância, que consiste na formação do técnico utilizando espaços e tempos diferentes, divididos entre o meio socioprofissional e o meio escolar, guiado por uma proposta que visa à formação integral do educando e ao desenvolvimento do meio no qual está inserido.

Segundo o professor Edjenaldo, diretor do CEEP Dom José Brandão de Castro, a escola atende não apenas estudantes do município de Poço Redondo, mas também de todo território do Alto Sertão sergipano e até de municípios baianos fronteiriços. "Não podia haver presente melhor para esta comunidade. Temos aqui um excelente quadro de professores e a pedagogia da alternância, que atende as necessidades dos camponeses".

Das vagas ofertadas, explica Edjenaldo, 90% são reservadas aos filhos dos assentados, acampados, agricultores familiares, posseiros, indígenas, quilombolas e ribeirinhos. Os 10% restantes são destinados aos demais municípios sergipanos e estados vizinhos.