Governo de Goiás lança programa Busca Ativa Escolar

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19.10.2021

Foi após uma visita dos tutores educacionais de sua escola que a estudante Yasmim Borges Gomes, do Centro de Ensino em Período Integral (Cepi) Oseas Borges Guimarães, em Goiatuba, decidiu retomar os estudos. A jovem, que cursa a 3ª série do Ensino Médio, conta que durante a pandemia teve dificuldades para se adaptar às aulas não presenciais e que, por isso, havia parado de estudar. “Eu não estava fazendo as tarefas e nem nada”, relembra a jovem. “Um dia a professora Paula e o Alisson, que são meus tutores, pediram meu endereço e falaram que iriam me ajudar e eles realmente foram. Aí que eu vi que realmente pessoas se importavam comigo dentro da escola e isso me incentivou ainda mais a voltar a estudar.”

O cuidado que os tutores educacionais da escola de Yasmim tiveram ao incentivá-la a retomar os estudos é parte das ações da busca ativa escolar, uma estratégia que visa identificar as crianças e adolescentes que estão fora da escola e tomar providências para resgatá-los, combatendo a evasão escolar.

A estratégia foi tema do seminário “Diálogos sobre Busca Ativa: Acolher para Permanecer”, realizado na manhã desta segunda-feira (18/10) na Secretaria de Estado da Educação (Seduc). Realizado em parceria com o Instituto Unibanco, a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime Goiás) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o evento marcou o lançamento do programa “Busca Ativa: Acolher para Permanecer” e do Guia de Busca Ativa da Seduc.

Parceria em prol da busca ativa
A criação de um programa de Busca Ativa Escolar em regime de colaboração com as prefeituras, a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime Goiás) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) havia sido anunciado em abril deste ano, em videoconferência realizada pela secretária de Estado da Educação de Goiás, Fátima Gavioli. À época, a titular da pasta frisou que o trabalho em conjunto viria para reforçar as ações que a Seduc desenvolvia com foco no resgate de crianças e adolescentes que abandonaram os estudos.

No encontro de hoje, Gavioli ressaltou a expectativa de que o diálogo e a troca de experiências entre os municípios resulte em boas ações. “É mostrar o que nós estamos fazendo aqui na rede, mas, agora, buscando o apoio da Undime, da Uncme, do Unicef, do Instituto Unibanco e, com isso, com certeza esse programa vai ser um grande sucesso”, afirmou a secretária.

Relembrando os desafios impostos pela pandemia de Covid-19, Fátima Gavioli destacou que a busca ativa já existia antes desse período, mas que, foi durante ele que ela se tornou essencial para trazer de volta aqueles que, por algum motivo, desistiram dos estudos. Na oportunidade, ela relembrou o que o uso da estratégia representa na vida de cada um desses estudantes.

“É buscar aquele que saiu, aquele que não está mais aqui dentro. É trazer para dentro aquele que já está fora, tentar reinserir alguém que tinha grande chance de ter sucesso e que, infelizmente, agora foi para fora. Fora da escola, fora da sala de aula, fora da oportunidade, fora da sua vez de crescer e de contribuir com essa nação”, afirmou a secretária.

Combate aos efeitos da pandemia
Ainda tratando sobre os efeitos da pandemia na Educação, o superintendente executivo do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques, ressaltou que esses serão de “cauda longa”, ou seja, serão sentidos a médio e longo prazo. Por isso, para ele, é essencial que programas como esse, de busca ativa em regime de colaboração, sejam permanentes.

“Isso (a busca ativa) é expressão de um dos maiores compromissos ético-políticos que a gente tem com a Educação para que ela seja efetivamente para todos”, iniciou Ricardo Henriques. “Para garantir que todos sejam efetivamente todos, estratégias como a busca ativa se fazem primordiais. E não só nesse momento de crise e de urgência, é uma estratégia que solicita ser continuada”.

No mesmo tom, o presidente da Undime Goiás, Miguel Rodrigues Ribeiro, lembrou que para além do resgate dos alunos em abandono escolar, é preciso pensar em condições para garantir a permanência desses jovens. “Nós precisamos, pós-pandemia, resgatar essa garotada e fazer com que a escola fique mais atrativa. Essa é a nossa lista número 1: trazer para a escola e mantê-los na escola”, iniciou o presidente da Undime Goiás. Para ele, “todas as ações da Educação têm que ser para eles (estudantes) e por eles”.

Guia de Busca Ativa
Desenvolvido pelas superintendências da Seduc, em parceria com o Instituto Unibanco, o Guia de Busca Ativa: Acolher para Permanecer reúne uma série de informações sobre o planejamento das ações de busca ativa e o detalhamento do fluxo das etapas que deve ser seguido pelas unidades escolares.

De acordo com o documento, o primeiro passo é registrar as frequências diárias dos estudantes e acompanhar de perto às faltas não justificadas. Após três faltas não justificadas, a escola deve entrar em contato com os responsáveis pelo aluno para identificar o motivo das ausências. Caso não haja retorno, a escola deve realizar a visita domiciliar e tentar resgatar o estudante. Após esgotadas as possibilidades, caso o aluno não tenha retornado à escola, o gestor deve acionar o Conselho Tutelar por meio de ofício.

Para a gerente de Implementação de Projetos do Instituto Unibanco, Maria Júlia Azevedo, o guia representa um direcionamento, um repertório para as unidades escolares e agentes educacionais engajados na busca ativa escolar. “O guia explicita a situação, orienta e consolida uma posição política. Por isso, é um documento muito relevante e que vai permitir que a metodologia chegue para todo mundo”, concluiu.

Presenças
Estiveram presentes as subsecretárias de Execução da Política Educacional e de Governança Educacional da Seduc, Helena da Costa Bezerra e Selma Bastos; o presidente e o vice-presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime Goiás) Miguel Rodrigues Ribeiro e Marcelo Ferreira da Costa; o coordenador Estadual da União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação (Uncme-GO), Elcivan Gonçalves França; a consultora da área de Educação do Unicef, Daniela Rocha; a prefeita de Cristianópolis, Juliana Izabel; o secretário municipal de Educação de Aparecida de Goiânia, Divino Eterno; coordenadores regionais e gestores.