Governo de Goiás firma parceria com Unicef para reduzir evasão escolar em todo o Estado

busca ativa escolar

19.04.2021

O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc), e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), firmaram parceria para a elaboração de um programa de busca ativa escolar, que será realizado em regime de colaboração com os municípios. O acordo foi definido durante uma webconferência, realizada na última segunda-feira (12/04) e que contou com a participação de representantes do Unicef e da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação de Goiás (Undime-GO).

“Vocês não têm noção de quantos municípios Goiás tem que não possuem 35 mil habitantes. É muita criança, é muito jovem. Isso é de tirar o sono de qualquer um, muito preocupante”, afirmou a secretária de Estado da Educação, Fátima Gavioli, durante o encontro virtual. Na ocasião, a secretária se referiu aos 35.696 alunos que, entre 2020 e 2021, não renovaram a matrícula nem pediram transferência para outra unidade (estadual, municipal ou particular).

Apesar do quantitativo, o número de alunos evadidos na rede estadual de educação de Goiás tem apresentado queda. De acordo com um levantamento feito pela Seduc, o número de alunos que não renovaram a matrícula nem pediram transferência para outra unidade caiu de 68.063, entre os anos de 2019 e 2020, para 35.696, entre 2020 e 2021.

Segundo o chefe de Educação do Unicef Brasil, Ítalo Dutra, essa redução no número de evadidos pode ser ainda maior caso Estado e municípios atuem juntos na busca por esses estudantes. “As melhores experiências que a gente tem tido tem acontecido onde há uma estreita colaboração entre Estado e municípios. Isso melhora tanto no alcance, de ter todos os municípios do Estado implementando uma estratégia, quanto nos resultados”, afirmou.

Motivos
Para a consultora da Educação do Unicef Brasil, Daniella Rocha, durante o processo de busca ativa escolar, é necessário conhecer os motivos que levaram o aluno à evasão. “A gente precisa entender o que está acontecendo no contexto da família dele e tomar providências que não sejam só da educação. Porque às vezes ele não está na escola por uma questão de trabalho infantil, então precisa contar com a parceria da assistência social. Se é por causa de uma doença, contar com a parceria da saúde”, explicou Daniella.

“Isso vai ser muito importante na realidade do Estado para garantir que esses meninos retornem e permaneçam na escola e a gente evite a distorção de idade-série, que é uma das consequências graves do abandono e evasão”, afirmou a consultora do Unicef.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua 2019, 39% dos jovens que abandonaram os estudos em algum momento o fizeram porque precisavam trabalhar. Enquanto isso, 29,2% pararam de estudar por falta de interesse e 9,9% abandonaram a escola por gravidez.

Evasão x abandono escolar
Como explica a gerente de Avaliação da Rede Estadual e Estatísticas Educacionais da Seduc, Márcia Maria de Carvalho Pereira, evasão escolar e abandono escolar são indicadores diferentes.

Segundo, Márcia, o abandono escolar, que é avaliado pelo Censo Escolar, ocorre quando o aluno deixa de frequentar as aulas durante o ano letivo e retorna no ano seguinte. “Nós estamos falando da evasão escolar quando o aluno que estava na rede, no ano passado, não fez a matrícula para esse ano e nem solicitou a transferência para uma outra escola.”

Ações de busca ativa
Mesmo diante da pandemia da Covid-19 e a suspensão das aulas presenciais, os profissionais da educação em Goiás desenvolveram estratégias para garantir a permanência dos estudantes na escola.

Em março de 2020, a Seduc lançou um Painel de Monitoramento, para acompanhar a frequência dos estudantes nas aulas não presenciais. A ferramenta é preenchida pelos tutores educacionais das Coordenações Regionais de Educação (CREs), que orientam as equipes escolares a entrarem em contato com todos os alunos ausentes há mais de 14 dias.

A entrega dos kits de alimentação para todos os alunos da rede estadual também colabora para a busca ativa dos estudantes. Na visita à escola para retirada de alimentos, os pais são questionados pelas equipes pedagógicas a respeito da participação dos filhos nas aulas e recebem atividades impressas em caso de falta de acesso à Internet.

Quando as ações da escola não surtem efeito, os gestores educacionais buscam apoio dos Conselhos Tutelares. “Depois de tentar tudo que está ao alcance da escola, a escola vai atrás do Conselho Tutelar para que esse aluno seja trazido de volta”, afirmou a superintendente de Organização e Atendimento Educacional da Seduc, Patrícia de Morais Coutinho.