Ceará
07.12.2023A Secretaria da Educação (Seduc) promoveu, nesta terça-feira (5), o segundo dia do Fórum Itinerante dos Grêmios Estudantis. O evento segue a temática do "Letramento racial: construção de diálogos antirracistas" e ocorre com o objetivo de fortalecer a atuação das lideranças jovens na rede pública estadual. Nesta oportunidade, foram reunidos 220 alunos, em Fortaleza, para uma programação que envolveu apresentação cultural, palestra e oficinas temáticas.
A secretária executiva do Ensino Médio e Profissional, Jucineide Fernandes, representou a titular da Seduc, Eliana Estrela, no evento. Também estiveram presentes o secretário executivo de Equidade e Direitos Humanos, Helder Nogueira; a secretária da Juventude do Ceará, Adelita Monteiro; o secretário executivo da Diversidade do Ceará, Narciso Júnior; o assessor técnico da Secretaria da Igualdade Racial, Lucas Matheus; o representante da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), Carlos Vilmar; a representante da União Estudantil de Fortaleza, Nicole Moreira; e o vice-presidente do Comitê Estadual da Preservação da Memória de João Nogueira Jucá, Geílson Cajuí.
Novos aprendizados
Glória Maria Carneiro, de 18 anos, é presidenta do grêmio na Escola de Ensino Médio (EEM) César Cals, em Fortaleza, onde cursa a 3ª série. A jovem considera que a experiência à frente do movimento tem sido enriquecedora.
“Sou recém-gremista, meu grupo foi que iniciou o grêmio na escola. Estamos nos adaptando e juntando as nossas ideias para colocar em prática. Sentimos a necessidade de ter um corpo estudantil mais presente, com pessoas que falassem a língua dos estudantes, para fazer o intermédio entre os demais alunos e a gestão da escola. Agora, conseguimos perceber particularidades que antes não eram vistas. Achei também muito importante participar do Fórum, pois saímos da bolha da escola e conversamos sobre muitas coisas que podem melhorar a nossa forma de atuar”, observa Glória.
Antônio Moura, de 17 anos, é aluno da 3ª série na EEM Luiz Girão, em Maranguape, onde exerce o cargo de vice-presidente do grêmio. O estudante se diz “maravilhado e honrado” com o trabalho que tem tido a oportunidade de desempenhar.
“Recebi um voto de confiança de cada estudante e da gestão da escola. A partir disso, pude desenvolver meu protagonismo, aprendi a falar em público, e só tenho a agradecer pela experiência. Desejo que o Fórum sirva para integrar mais as escolas, que consigamos fortalecer o elo entre os grêmios estudantis do nosso estado, e que cada um de nós possa sair com novos olhares, a partir das realidades apresentadas”, ressalta.
Escola antirracista
Jucineide Fernandes destaca a importância da temática atribuída ao evento. “Escolhemos esse tema porque em 2023 completaram-se 20 anos da lei que instituiu a educação para as relações étnico-raciais no Brasil. Percebemos que, mesmo após duas décadas, ainda estávamos muito distantes do que queríamos com relação a essa pauta. Por isso, é fundamental estudar sobre o letramento racial e lutar por uma escola antirracista, garantindo que esse debate aconteça em cada unidade de ensino, expressando-se nas artes, no currículo e no protagonismo”, observa a secretária em exercício.
Helder Nogueira defende que a escola, para ser democrática, precisa ser diversa, plural e refletir o pensamento de todos os estudantes. “A aprendizagem e a equidade, a partir do protagonismo estudantil, é uma missão nossa, que construímos juntos. Tivemos um grande debate ao longo do dia e, por fim, lançamos a ideia de elaborar um documento, proposto e votado pelos estudantes, que será apresentado a cada escola, para auxiliar no planejamento anual das unidades de ensino”, explica o secretário executivo.
Adelita Monteiro entende que o protagonismo da juventude é uma ferramenta de transformação. “Sou da Granja Portugal, onde comecei minha trajetória no movimento social na igreja e participei de muitas lutas na escola em que estudava, exercitando a oportunidade de dizer a minha visão e construir a educação coletivamente. Quando a juventude se organiza para questionar, não está se colocando contra a gestão, mas atuando para auxiliar a gestão. O que se faz na escola irradia para toda a comunidade. Parabenizo a todos os estudantes aqui presentes, por já serem lideranças, mesmo tão jovens”, salienta.
Narciso Júnior lembra que as escolas são consideradas, muitas vezes, como o segundo lar dos estudantes. “É para onde vamos em busca de ampliar nossos saberes e, também, é onde podemos externar nossas vivências internas, que muitas vezes não conseguimos fazer em casa. O grêmio acaba sendo um porto-seguro no acolhimento às diversidades. Era lá, por exemplo, que eu conseguia falar sobre a minha sexualidade, por ter dificuldade de falar sobre isso em casa. O grêmio faz um trabalho de fortalecimento de diálogo, combatendo o racismo e a LGBTfobia”, aponta.
Fórum itinerante
O Fórum teve início no último dia 4 e terá novos encontros no próximo dia 8. Ao todo, a ação reunirá mais de 800 participantes, entre alunos e profissionais das unidades de ensino, em seis pólos, com distribuição dos representantes estudantis em macrorregiões do estado, de forma descentralizada.
Sobral recebeu, na segunda-feira passada (4), integrantes das escolas sob a abrangência das Coordenadorias Regionais de Desenvolvimento da Educação (Credes) 3, 4, 5 e 6 (Acaraú, Camocim, Tianguá e Sobral).
Em Russas, na terça-feira (5), estiveram presentes os participantes das unidades de ensino das Credes 10 e 11 (Russas e Jaguaribe). Neste mesmo dia, em Fortaleza, compareceram alunos oriundos das escolas das Credes 1, 2 e 9, sediadas, respectivamente, em Maracanaú, Itapipoca e Horizonte, além das unidades de ensino pertencentes à Superintendência das Escolas Estaduais de Fortaleza (Sefor), com sede na capital. Tauá, também no dia 5, recebeu os componentes das Credes de Crateús (13) e Tauá (15).
Na sexta-feira (8), em Quixadá, serão os representantes das Credes 7, 8, 12 e 14 (Canindé, Baturité, Quixadá e Senador Pompeu). Na mesma data, a organização congregará os representantes das Credes 16, 17, 18, 19 e 20 (Iguatu, Icó, Crato, Juazeiro do Norte e Brejo Santo), na cidade de Crato, polo de atendimento para esse grupo.