Pará
24.04.2024Para reforçar a importância da Língua Brasileira de Sinais (Libras), celebrada nesta quarta-feira (24), estudantes surdos do Instituto Felipe Smaldone, em Belém, que funciona como Unidade Especializada de atendimento a estudantes surdos do Ensino Fundamental por meio de convênio com a Secretaria de Estado de Educação do Pará (Seduc), apresentaram uma peça teatral totalmente em Libras.
Com direito a um cenário elaborado, plateia e muita animação, os estudantes do 8° e 9° ano encenaram a peça "AbSurdos na Vila do Chaves", que recriou cenas marcantes do seriado de TV. "Eu adoro participar, eu fico muito emocionada, é muito bom. A professora Lurdes nos ensinou, eu fui aprendendo e apresentei. Isso é muito emocionante, eu me sinto muito bem. Eu adoro fazer a Chiquinha. A gente arrumou as coisas para a peça, estudamos o texto, anotamos várias coisas que precisávamos até porque a gente já via na televisão o Chaves. Eu acredito que posso ser inspiração para outras pessoas surdas, a pessoas são livres e, por exemplo, se me observar e se tiver vontade de atuar também podem fazer", contou a estudante do 8° ano, Mariana dos Santos, que interpretou a personagem Chiquinha.
De acordo com Clarice Bitencourt, coordenadora pedagógica do Instituto, a programação reforça a importância do ensino da Libras e valorização dos estudantes. "Hoje, sendo o Dia da Libras, a gente traz essa apresentação novamente para a comunidade aqui do Felipe Smaldoni como um momento de marcar a importância da Língua Brasileira de Sinais. Aqui dentro da escola isso já é muito claro para gente, a gente trabalha o tempo todo com todo mundo que está envolvido o tempo todo nessa valorização e importância da Libras, mas um dia como hoje é fundamental para gente passar o muro da escola e chamar a atenção da comunidade em que a gente está inserido e da sociedade como um todo, sobre a importância de cada vez mais pessoas saberem Libras para que a gente possa vencer essa barreira da comunicação com a comunidade surda", afirmou a especialista em educação.
A professora de arte, Lourdes Guedes, responsável pelo projeto, explica que a temática foi escolhida e desenvolvida pelos próprios estudantes dentro da sala de aula. “A gente pensou em tudo. Eu chamei eles e a gente falou ‘bora começar a organizar o nosso roteiro’. Tudo é conversado na sala de aula e a opinião deles é o que traz o conteúdo. E nessas conversas eles citaram o Chaves e começaram a me falar e mostrar o que os personagens faziam e a gente então escolheu o tema. Pelo interesse do aluno é que a gente constrói o conteúdo também. Depois disso nós fomos atrás de ver os episódios, estudar vocabulário, criar o texto. E aí foi feito, eles trouxeram o que sabiam do Chaves, da televisão e escreveram. Eles fizeram a parte escrita, construímos o texto dramático juntos, cada um escreveu uma frase, daí a gente foi montando as cenas e foi um trabalho de um semestre todo”, explicou.
Segundo a diretora do Instituto, madre superiora Elizete Dourado, o projeto é de grande importância para a sociedade e principalmente para os próprios estudantes se enxergarem como protagonistas. “É um trabalho muito importante para eles mesmos, para que se sintam valorizados e enxergarem que são capazes e realmente eles são capazes, mas é importante e eles precisam sentir isso no dia a dia. Isso é primordial para o crescimento deles como seres humanos, como pessoas, precisam ser valorizados como pessoas que possam levar à frente suas vidas e suas histórias e essa é a nossa mensagem”, enfatizou.
Texto: Fernanda Cavalcante / Ascom Seduc
Foto: Eliseu Dias / Ascom Seduc