Estudantes Paraenses redescobrem cultura dos povos em jogos africanos e indígenas

Educação Integral

25.01.2017

SEDUC-PA/ Trezentos estudantes do 8º e 9º ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Padre Francisco Berton, do bairro do Tapanã (Belém-PA), participaram neste sábado (21) do I Torneio de Jogos Africanos e Indígenas, organizado pelo professor Guilherme Piedade. A atividade correspondeu à quarta avaliação de Educação Física na escola e serviu para que meninos e meninas conhecessem um pouco mais da função social e das características do jogos Mancala (Kalah) e da Onça.

Ambos são jogos de tabuleiro e encantaram os estudantes, que após todo um trabalho de pesquisa sobre a temática puderam desfrutar dos jogos em programação na quadra central da escola. Os alunos dispuseram dez jogos do Mancala e dez do Jogo da Onça. A pesquisa sobre os jogos valeu cinco pontos e a participação no torneio mais cinco pontos, válidos para a avaliação dos estudantes.

O Mancala é natural da Argélia e se apresenta como o principal jogo do continente africano. No jogo, o vencedor entre dois participantes é aquele que conseguir arrecadar mais sementes espalhadas em buracos específicos no tabuleiro. “Eu aprendi logo a jogar o Kalah e gostei muito”, afirmou o estudante Lucas Araújo, 16 anos, do 9º ano, um dos alunos mais interessados em participar do torneio e a demonstrar como se joga aos colegas de escola e interessados em geral.

O diretor da Escola Francisco Berton, Carlos Nilton, compareceu ao torneio. “Essa atividade com os jogos, abrangendo a pesquisa e a prática nos tabuleiros específicos, além da contribuição do ponto de vista estratégico aos alunos quanto à concentração e disciplina, é também uma ação estratégica para que os estudantes permaneçam na escola, aproveitem mais o que a escola tem a oferecer a eles. Assim, a  escola fica mais fortalecida”, afirmou.

A escola conta com 1.800 estudantes nos Ensinos Fundamental e Médio, na Educação para Jovens e Adultos (EJA) e no Projeto Mundiar (voltado para a correção idade-ano escolar).

Desafios

Os estudantes também gostaram muito do Jogo da Onça. Além de descobrirem que ele já existia antes da chegada dos navegadores portugueses ao Brasil, ou seja, é uma atividade inerente aos povos indígenas no País, os alunos se revezaram nos tabuleiros.

Como informou a estudante Paula Beatriz Rodrigues, 14 anos, do 8º ano, o tabuleiro reúne 14 peças representando cachorros e uma peça simbolizando uma onça. O jogador com os cachorros tem de cercar o felino das matas brasileiras para ganhar a partida. Mas, se a onça capturar cinco cães, ela ganha o jogo. “O jogo é divertido, interativo, e qualquer pessoa pode participar. Pode ser montado em qualquer lugar”, declarou Paula Beatriz. “Eu participo do projeto Jogos ao redor do Mundo, do professor Guilherme Piedade, e os jogos me ajudaram a vencer a timidez, a ter estratégias, concentração e aprender sobre a cultura dos jogo.

No Jogo da Onça, as peças são confeccionadas em material diverso, desde que se conserve as pintinhas do animal e sejam definidos os cachorros. Os próprios estudantes confeccionaram os tabuleiros para o torneio, cujos vencedores foram premiados com jogos completos.

“Nós pesquisamos e trabalhamos aqui na escola e em eventos, como a Feira Pan-Amazônica do Livro, cerca de 100 jogos. Por meio dos jogos, passa-se a conhecer a cultura dos povos. O jogo existe por que o ser humano necessita de desafios para ir além dos seus limites”, concluiu o professor Guilherme Piedade.


Texto: Eduardo Rocha

Fotos: Eliseu Dias