Estudantes e professores são premiados na 18ª Feira Brasileira de Ciência e Engenharia

Sergipe

07.04.2020

Estudantes de Iniciação Científica do Colégio Estadual Dr. Garcia Filho, localizado no município de Umbaúba, foram os grandes vencedores da 18ª Feira Brasileira de Ciência e Engenharia (Febrace) deste ano. O projeto "Casa de Farinha: da mandioca ao bioplástico" conquistou três prêmios. 

Depois de vencer em segundo lugar a Feira Científica de Sergipe, em 2019, a equipe formada pelos estudantes de Ensino Médio, Adriel Ribeiro, Júlia Nunes, Nallanda Victoria, e as professoras Darcylaine Martins e Andrea Correia, foi contemplada com o Prêmio Destaque Unidades da Federação, Ciências Exatas e da Terra e o mais esperado prêmio internacional Most Outstanding Exhibit in Computer Science, Engineering, Physics or Chemistry. 

O projeto se volta completamente para a agricultura do município, onde a mandioca é presente em força de trabalho e como geradora de renda para os umbaubenses. Diante disso, e apropriando-se da perspectiva sustentável a fim de diminuir o uso de embalagens plásticas na confecção de mudas de plantas, a equipe vencedora sujou as mãos de terra para percorrer um caminho entre a ciência e a história. Para tal, foram realizadas visitas a casas de farinha; à plantação de mandioca, a partir da escuta do conhecimento popular dos agricultores; e muita pesquisa embasada na ciência. 

A mandioca é fonte de amido, uma alternativa viável em produtos úteis nas indústrias, podendo ser convertida em compostos biodegradáveis e com diferentes características. O amido natural e as cascas da mandioca, submetidos a determinadas condições de temperatura e pressão, fundem-se transformando em amido termoplástico. Assim, o objetivo do trabalho foi modificar o amido, adicionando as cascas da raiz e utilizando-os no desenvolvimento de recipientes que possam substituir as embalagens feitas de polietileno usados na agricultura para mudas de plantas. Por meio de testes de decomposição foi possível perceber que as modificações realizadas no amido com as cascas produzem um recipiente de bioplástico sustentável que não precisa ser retirado para o plantio das mudas.

A professora Darcylaine Martins conta que os jovens não esperavam vencer nenhum dos prêmios, pois estavam felizes em competir em uma feira onde todos os estados brasileiros estavam representados. No entanto, não só venceram como também atingiram o prêmio máximo, que é o reconhecimento internacional. "Os alunos estão contentes demais. Não esperavam ganhar nada. Só queriam participar da Febrace, que é a maior feira de ciências do Brasil. E logo na primeira participação já ganharam três prêmios. Estão radiantes", disse. 

O projeto de Iniciação Científica é orientado e desenvolvido a partir dos itinerários formativos do Novo Ensino Médio. Para a seleção da Febrace foi necessário realizar videoconferência com os estudantes, em virtude do cancelamento do evento de forma presencial, respeitando as medidas restritivas contra o avanço do covid-19. Tudo foi feito de forma virtual, da avaliação com os professores da Universidade de São Paulo e representantes de órgãos internacionais à premiação, anunciada no canal do youtube Manual do Mundo e no site oficial. 


Para a professora Darcylaine, que representa os alunos nesta matéria em função da suspensão das aulas, o prêmio mais importante é mostrar que Sergipe tem pesquisa científica de excelência sendo desenvolvida nas escolas públicas, estimulando e influenciando que outros alunos comecem a se interessar pela pesquisa também. 


O Centro de Excelência Dom Juvêncio de Britto, unidade que oferta o Ensino Médio em Tempo Integral, em Canindé de São Francisco, localizado a 213km da capital, também participou da Feira. O projeto "Black White: adaptando-se ao sertão" ficou em 4º lugar entre os dez mais votados da Febrace 2020. Sob a orientação da professora Lark Soany Santos, a pesquisa interdisciplinar objetiva a utilização de espécies típicas da região noroeste do Estado como agentes coagulantes para purificação de água de barreiro, substância considerada por muitos como imprópria até para atividades rotineiras.