Estudantes da rede estadual destacam importância do ensino integral para sucesso no Enem

Alagoas

28.05.2021

“No momento em que estava fazendo a prova da redação, respirei fundo e pensei: lembre-se das dicas da professora Socorro sobre a estrutura do texto. Daí, fui em frente e consegui fazer a prova”. O relato de Ana Paula da Silva Nunes, de Arapiraca, mostra não só a importância do apoio da escola para que o jovem possa enfrentar com tranquilidade o desafio do acesso ao ensino superior: a garota pertence ao grupo de alunos da rede estadual aprovados na edição 2020 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e que adquiriu uma base de conhecimento diferenciada graças aos três anos em que cursou o ensino médio integral na Escola Estadual Senador Rui Palmeira.

O Ensino Integral é uma modalidade que, mais do que uma jornada ampliada de estudos, propõe uma aprendizagem mais ampla, desenvolvendo não só o aspecto cognitivo/intelectual, mas também o emocional, físico, social e cultural dos estudantes. Os avanços do ensino no estado garantem destaque no cenário nacional, como explica o secretário da Educação, Rafael Brito.

"Alagoas é hoje o 4º estado do país em números absolutos com alunos matriculados em escola de tempo integral, com aproximadamente 17 mil estudantes. A nossa ideia é ampliar cada vez mais esta modalidade pois temos visto que manter os alunos nas escolas vem melhorando os níveis de aprendizagem e resultados em processos seletivos, como o Sisu. É muito gratificante ver que através dessa modalidade de ensino e do comprometimento dos professores o jovem de escola pública alcança, atualmente, lugares que até pouco tempo atrás eles nem almejavam", comemora o secretário.

O desenvolvimento integral do aluno ocorre por atividades que vão além do currículo tradicional, como a oferta de disciplinas eletivas, projetos integradores, clubes juvenis e estudos orientados. Ações que ajudam o jovem a se preparar não só para desafios como o Enem, mas também a construir o seu projeto de vida.

É o que explica o supervisor de Ensino Médio da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), Daniel Macedo.

"Nesta modalidade, os estudantes têm maiores oportunidades de apropriação de saberes indispensáveis para o êxito no acesso ao ensino superior. Para além da jornada ampliada, vale destacar que o modelo pedagógico do ensino integral os instrumentaliza para a realização das provas, pois amplia sua visão de mundo, senso crítico, repertório argumentativo, habilidades de julgamento, seleção, resolução de problemas e proposição de iniciativas. A educação integral trabalha também na perspectiva da educação socioemocional e do projeto de vida que, ao longo do ensino médio, permite o desenvolvimento pleno do aluno no sentido de reconhecer seus sonhos, definir seus objetivos e metas e investir em sua concretização”, avalia.

Daniel Macedo supervisor do Ensino Médio da Seduc pontua ações que influenciaram no resultado Fotos Milton Guedes 5Formação para a vida

Para Ana Paula, que conquistou uma vaga no curso de Matemática da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), o ensino integral da Senador Rui Palmeira – mais conhecida como Premen - não só foi importante para passar no Enem, mas também lhe preparou para a vida.

“Ele me ajudou a ter foco e me fez ver o conhecimento sob outra perspectiva. Passei a estudar não apenas para alcançar minhas metas, mas porque compreendi que o conhecimento transforma as nossas vidas. As aulas dos professores orientadores de turma, os DOts, em particular, foram muito importantes para nós porque nos ajudaram a trabalhar o nosso lado socioemocional”, destaca Ana Paula, que teve média 621 e nota 800 na redação.

Romel Justino de Souza Neto e Raynara Kawane Barros Ferreira cursaram o médio integral na Escola Estadual Princesa Isabel, em Maceió e conquistaram, respectivamente, vaga nos cursos de Engenharia Ambiental e Jornalismo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Ambos não hesitam em apontar o ensino integral da instituição como um dos fatores que influenciaram o seu êxito.

aluno enem 2021

“Fiz o ensino fundamental em escola particular e ter cursado o ensino integral na Princesa Isabel foi um dos fatores que me ajudou a tirar a nota que tive no Enem. Por termos um ritmo mais intenso que o parcial, aprendemos mais e temos mais tempo para estudar. Eu, por exemplo, pude focar em matérias cruciais como matemática, física, química, ou seja, tive mais oportunidades do que teria se estudasse em um só horário”, frisa Romel, que teve média 652 e nota 900 na redação e ficou em 7º lugar na ampla concorrência do curso de Engenharia Ambiental.

Raynara, que tirou 980 pontos na redação e ficou em 1º lugar em Jornalismo na Ufal pelo sistema de cotas, também destaca o apoio da escola no decorrer de sua preparação para a prova.

“Eles foram essenciais, não só porque lá descobri minha vocação para a comunicação, mas pelo suporte emocional, que é uma das maiores dificuldades que o vestibulando encontra em sua jornada. Sofremos muita pressão psicológica na reta final e ter um ambiente escolar que te dê a base e fortalecimento é muito importante e, nesse requisito, o Princesa Isabel tirou nota 10. Mesmo com todas as dificuldades que vivenciamos durante a pandemia, os professores sempre foram muito compreensivos e nos deram tudo que precisávamos”, recorda Raynara que criou uma página no instagram com dicas para os vestibulandos que farão o Enem este ano, a @just.grow_up, onde também fala sobre atualidades.