Bahia
03.04.2019As estudantes Roberta Ísis Borges e Eva Carla Conceição Leitão, ambas com 16 anos e do 3º ano do Ensino Médio, do Colégio Estadual Rômulo Almeida, localizado no bairro do Imbuí, em Salvador, e que desenvolveram o projeto “Coletivo Crespo”, foram recebidas, na terça-feira (2), pelo secretário da Educação, Jerônimo Rodrigues, na Governadoria, e participaram de uma conversa com o governador Rui Costa, durante o programa #PapoCorreria. Ao lado das secretárias de Estado, Arany Santana (Cultura), Cibele Carvalho (Relações Institucionais), Fabya Reis (Promoção da Igualdade Racial) e Julieta Palmeira (Políticas para as Mulheres) e a procuradora-geral adjunta Luciane Croda, as jovens falaram para o governador como o projeto vem contribuindo para o empoderamento feminino e para o fortalecimento da identidade étnico-racial dos alunos.
Criado em 2018, o ‘Coletivo Crespo” é formado por mais de 100 estudantes do Colégio Estadual Rômulo Almeida e tem dinamizado o ambiente escolar com diversas atividades, como elaboração de projetos, pesquisas, palestras, rodas de conversa e apresentações cultuais. A ideia inicial do coletivo foi abordar tudo que contribuísse para a valorização da identidade étnico-racial dos estudantes. Mas a proposta deu tão certo que tem promovido a elevação da autoestima dos estudantes, o protagonismo estudantil e o pertencimento quanto aos direitos e ao exercício da cidadania.
E isto inclui a luta pela igualdade de gênero, conforme atestou a estudante Eva Carla. “O coletivo busca incluir todas as pessoas da comunidade escolar e mostrar que todos nós somos iguais, independentemente de raça e classe social. Gosto muito de participar do coletivo, pois aprendi muito sobre a história dos negros e da importância da mulher negra na sociedade. Além disso, me senti lisonjeada de poder participar da conversa com o governador, de divulgar nosso projeto e servir de inspiração para outros jovens”, disse, entusiasmada.
Já a estudante Roberta Ísis contou que o Coletivo Crespo mudou a sua concepção sobre ela mesmo. “Muitos estudantes sentem-se inseguros com a sua negritude e foi por isso que criamos este coletivo. Eu sou um exemplo disso, pois eu tinha um certo preconceito com os meus traços e cabelo crespo e, através do coletivo, pude mudar a minha visão e me aceitar totalmente como eu sou de forma estética e social”, revelou.
O governador Rui Costa destacou a importância do projeto desenvolvido pelo coletivo. "É uma excelente iniciativa que, com certeza, vamos apoiar para que seja levada para outras unidades escolares. Difundir estas ações que estimulem a autoestimula e promovam a cultura do povo negro, para que combatamos qualquer forma de preconceito, é fundamental para a aprendizagem nas escolas estaduais. O que dá singularidade ao ser humano é a diversidade", ressaltou.
A professora de História e orientadora do projeto, Jacira Maria Silva, ressaltou a importância da iniciativa e de que forma o coletivo influencia na vida dos estudantes. “O projeto contribui para que o estudante negro mude a sua postura diante da vida, pois ele passa a valorizar ainda mais as suas raízes e identidade”.