Estudante cega auxilia Seduc-MT e mudanças podem ganhar o Mundo

ADAPTAÇÃO AO CLASSROOM

12.02.2021

O protagonismo da estudante Kayenne Karoline Alves Pereira, de 15 anos, ultrapassa as fronteiras e pode ganhar o mundo. Em tempos de pandemia, Kayenne, que é cega e cursa o 1º ano do Ensino Médio na Escola Estadual Dione Augusta, em Cuiabá, se tornou colaboradora da Secretaria de Estado de Educação (Seduc-MT). Ela dá orientações para melhorar o acesso dos alunos deficientes visuais às aulas on line, por meio das plataformas digitais.

Em 2021, a Seduc-MT vai trabalhar com o aplicativo Google Classroom e Kayenne se antecipou apontando as dificuldades dos alunos cegos.

A iniciativa de Kayenne promete beneficiar não só os alunos de Mato Grosso, mas do Brasil e do Mundo. E a demanda da estudante tem tudo para dar certo.

Em encontro com técnicos do Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE) da Seduc, Kayenne elencou os pontos que precisam de mudanças. As sugestões já foram encaminhadas à Google For Education que ficou de fazer as adaptações.

Forma de ensino

Os alunos cegos utilizam dois aplicativos no celular. Pela quantidade de uso do smartphone, a assimilação do aparelho com o comando de voz se torna mais cômodo e fácil do que utilizar os computadores de mesa.

O protagonismo de Kayenne iniciou em 2020, após comentar sobre as dificuldades em usar a plataforma Teams da Microsoft, disponível para as aulas online no ano passado. A estudante procurou a Seduc e expôs os pontos, que foram encaminhadas para a Microsoft. A empresa, no entanto, não respondeu a demanda.

“O jeito que a plataforma era navegada não dava condições, pois era tudo novo. A partir daí, comecei a elencar os problemas. Ninguém estava preparado para a pandemia e para as aulas remotas. Antes da pandemia, ninguém imaginava estudar com aulas online”, destaca a adolescente.

Nova plataforma

Um dos responsáveis pela nova plataforma na Seduc, Maike Zaniolo destaca a importância da colaboração da estudante, pois possibilita à área técnica uma nova abordagem. “Não tenho como mensurar esse ganho de experiência, essa aprendizagem que a gente recebe”, avalia Maike. 

Superintendente de Diversidades Educacionais da Seduc, Lúcia Aparecida Santos não esconde a satisfação com esse processo. “Não temos palavras para definir a ajuda da Kayenne. Todo dia a gente aprende e conhecimento nunca é demais. É algo incrível, pois antes da pandemia, ninguém tinha a mínima noção de uma aula não presencial. Estamos evoluindo tanto que vamos ter uma plataforma adaptada para os cegos”, comemora.