Escola Estadual Integral em Várzea Grande realiza workshop sobre trabalho escravo

Mato Grosso

20.06.2022

Apesar de o Brasil ter abolido o trabalho escravo no final do século XIX, ainda há registro dessa prática nos dias atuais. Informações recentes estimam a ocorrência de 200 mil trabalhadores no país vivendo em regime de escravidão, segundo dados do Índice de Escravidão Global, elaborado por Organizações Não Governamentais (ONGs) ligadas à Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Por conta dessa realidade, a Escola Estadual de Ensino Integral Honório Rodrigues do Amorim, na Cohab Dom Orlando Chaves, em Várzea Grande, trouxe o tema para a sala de aula com a realização do “1º Workshop Escravo, nem Pensar”. O evento ocorreu na primeira semana de junho e envolveu as áreas de Linguagens, Humanas, Ciências da Natureza e Matemática.

Cada disciplina escolheu uma forma de repassar conhecimento aos estudantes. Humanas, por exemplo, optou por palestra com foco em história e geografia, além de peça de teatro sobre aliciamento. Já o tema relacionado a Linguagens adotou a produção textual e caça palavras. Ciências da Natureza passeou pelo campo da radiação e o trabalho escravo das mulheres no século XX.

As organizadoras do evento, professoras Adriana do Couto Tokashiki e Lauren Lima da Silva, trabalharam os vídeos ilustrativos como forma de promover conhecimento sobre um assunto tão atual. O Brasil encontrou 1.937 pessoas em situação de escravidão contemporânea em 2021, maior número desde os 2.808 trabalhadores de 2013, segundo informações divulgadas recentemente pelo Ministério do Trabalho e Previdência. Ao todo, foram 443 operações – um recorde desde a criação dos grupos especiais de fiscalização móvel, base do sistema de combate à escravidão no país, em maio de 1995.

O tema motivou tanto, que os alunos do 2º Ano se interessaram muito pelo trabalho escravo em países desenvolvidos. Os grupos fizeram os slides e apresentaram para a escola, citando várias curiosidades sobre os movimentos mundiais que buscam assinaturas e mais visibilidade nas mídias sobre o assunto.

Segundo o diretor da escola, Arthur Andrade, o objetivo foi apresentar uma realidade que fosse combativa no quesito injustiça com o trabalhador brasileiro e que mostrasse a educação como a forma de promover movimentos que impossibilitem o trabalho análogo à escravidão. “Por ser um tema atual, houve um grande interesse em participar dos trabalhos”, ressaltou.

A coordenadora Ana Paula Lima Botelho da Costa e a orientadora Luana Gláucia Fragoso, ministraram a Oficina de Reportagem. Elas comprovaram que o direcionamento do curso promoveu a integração do Grêmio com os demais alunos, bem como, o despertou grandes talentos na escola.

“Nossos estudantes têm grandes potencialidades para desenvolver qualquer projeto educativo promovido pela escola. Eles agregam o conhecimento científico adquirido em sala de aula com os professores, além do protagonismo para a vida que a escola por tempo integral proporciona”, assinala.

No entendimento de Adriana do Couto, o evento teve a participação efetiva de toda a escola e uma boa avaliação por parte da comunidade que aprendeu, refletiu e ensinou que seja no individual ou no coletivo, o papel da denúncia é sempre a mais relevante.

O workshop foi uma parceria com a Diretoria Regional de Educação Polo Várzea Grande, o Repórter Brasil e a ONG Escravo, nem pensar!

Texto de Adilson Rosa.