Escola da rede pública estadual realiza projeto sobre cultura afro para oportunizar formas de transformação social a seus estudantes

Projetos e Premiações

10.12.2019


Dança, teatro e outros meios artísticos, utilizados como instrumento de transformação social, são marcas do Centro de Ensino Maria José Aragão, localizado na Cidade Operária, na capital maranhense. A escola respira arte e não é a toa que já arrebatou vários prêmios em concursos ligados ao meio cultural, principalmente em festivais de teatro estudantil. O Projeto AFROARTE, realizado na sexta-feira (6), é mais um desses caminhos encontrados pela escola para transformar a vida de muitos estudantes.

AFROARTE é um projeto sobre a história e a cultura do povo negro e sua importante e relevante contribuição intelectual para a constituição histórica, social, econômica, cultural e política de nosso País, em cumprimento à Lei 10.639/03, que preconiza o ensino da história e da cultura africana e afro-brasileira nas escolas.

Este ano, o projeto foi divido em três etapas: a primeira aconteceu no Dia Nacional da Consciência Negra, com a etapa eliminatória do Desfile do Casal Beleza Negra, onde foram escolhidos quatro casais para a etapa final. A segunda etapa aconteceu nos dias 03, 04 e 05 de dezembro, com exposição oral dos banners, sobre várias personalidades negras que contribuíram e ainda contribuem com seu conhecimento e sua luta para a construção de uma sociedade mais justa e menos intolerante.

Dentre as personalidades estudadas e homenageadas, constaram figuras ilustres como Zumbi dos Palmares, Dandara, Tereza de Benguela, João Francisco dos Santos, Dragão do Mar, Mundinha Araujo, Sueli Carneiro, Djamila Ribeiro, Conceição Evaristo, Arthur Bispo do Rosário, Gilberto Gil, Luiz Melodia, Elza Soares, Leci Brandão e Milton Nascimento. A apresentação dos banners foi aberta à visitação pública.

A terceira e última etapa foi realizada na tarde de sexta-feira (6), as apresentações artísticas dos trabalhos alusivos ao legado dos negros abordou os temas: Resistência, com o Maculelê e a Capoeira; Intelectualidade, com o Reggae e a Dança dos Orixás; Artes, com a Dança do Coco e o Samba; e o Desfile do Casal Beleza Negra (etapa final). O casal vencedor foi Thaylon Marques e Jéssica Santos, alunos do 3º ano, vespertino.

Durante o evento, houve uma performance de dança-teatro sobre Violência contra a Mulher, em homenagem à cantora Elza Soares, apresentada por três estudantes da turma 300, do matutino, e uma outra performance em homenagem aos professores baseada na obra da cantora Leci Brandão, apresentada pelos alunos do 3º ano, vespertino. Os trabalhos foram apresentados durante o Kizomba Soul Aragão (baile-manifesto temático, conduzido pela DJ Fê Marques, ex-aluna da escola e integrante do Movimento O Circo tá na Rua).

“São necessárias atividades como a AFROARTE para que possamos estudar a fundo sobre personalidades negras que têm grande importante para formação intelectual e cultural no nosso país. O projeto tem todas as suas etapas fundamentadas em história e o produto final é a arte que utilizamos como caminho e processo de construção do conhecimento no chão sagrado de nossa escola”,  destacou a aluna e representante do Colegiado Escolar, Samara Cristina, 3º ano, vespertino.

O gestor geral do CE Maria José Aragão, Wilson Chagas, conta que a realização do projeto proporcionou emoções inimagináveis e ao mesmo tempo trouxe componentes desafiadores, onde os estudantes são levados a buscar o novo para transformá-lo em algo prático e significativo para o seu crescimento intelectual.

“Foi fantástico! Uma catarse explosiva de energia, beleza e alegria. Foi também um desafio. Uma curva de mudança na forma de produção de conhecimento de nossa Casa do Saber. Levá-los a entender que temos a obrigação de contribuir para a reparação de danos nesse processo histórico também não é fácil, contudo, necessário. Precisamos nos comprometer a formar uma sociedade menos “louca” através de uma educação humanista, emancipadora e libertária”, sustentou.

O gestor Wilson, emocionado, complementou: “as apresentações foram lindas, emocionantes. Vibrei milhares de vezes. Vi verdade, superação e conjunto; vi nervosismo, mas também vi olhares e corações se apoiando. Vi muito protagonismo estudantil durante o processo. Descobri, entre eles, milhares de potencialidades. Vi angústias, mas vi luz entre professores, alunos, coordenação. E gestão também! Não é nada fácil para ninguém”, revelou.

No final do evento, Wilson Chagas ainda fez um agradecimento aos presentes. “Minha gratidão aos professores, coordenadores, orientadores; aos professores Intérpretes de Libras; à equipe de coordenação pedagógica, a toda equipe de apoio, a minha companheira e louca-Auxiliar, e aos alunos. Minha gratidão-em-beijo ao nosso ex-eterno-aluno, Matheus Aguiar pelo belíssimo painel. Um muito obrigado especial aos pais, ex-alunos(as) e a todos que  vieram prestigiar o nosso evento. Fiquem certos de que todos vocês tiveram um papel relevante para o sucesso do nosso projeto”, finalizou.

O professor de Filosofia, José Carlos Dantas, destacou que educação e arte são fundamentos estratégicos para uma sociedade mais justa e humanizada. “Estratégia e processo de civilização ou, mais precisamente, de sociedade melhor, requer – desde sempre – dois fundamentos: saber e criatividade; ciência e liberdade. Os jovens operam o milagre político da transfiguração da realidade. Assim, nem educação conservadora nem reprodutora, mas transformadora. Se praticamos esse ideal, então a nossa escola está no caminho coerente e correto”, enfatizou.


Fonte: Seduc/MA

Texto: Antônio Figueredo

Fotos: Lauro Vasconcelos