Escola realiza ação de conscientização de combate ao bullying e à violência na escola

Pernambuco

07.04.2022

“Bullying não é brincadeira, bullying é crime”. Foi com essa palavra de ordem que estudantes da Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Nóbrega, no Recife, deram o recado a quem passava pelo sinal do Mercado da Encruzilhada, na Zona Norte da cidade. A ação aconteceu, nesta quinta-feira (07), em alusão ao Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência Dentro da Escola, e serviu para conscientizar pedestres e motoristas sobre a importância de combater o bullying e chamar a atenção para os problemas causados por ele, além de estimular a reflexão sobre o tema. 

Durante toda a manhã, os jovens distribuíram panfletos e abriram uma faixa com a Lei Nº 13.185/2015, que considera intimidação sistemática (bullying) todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo contra uma ou mais pessoas. Além disso, os jovens cantaram paródias, participaram de debates e de uma formação com agentes pedagógicos da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).

De acordo com a vice-gestora e responsável pelo projeto, Elizama Roza, o objetivo da ação é trabalhar a conscientização dos jovens para que essa prática seja minimizada a ponto de ser zerada, tornando o ambiente escolar saudável onde os alunos e professores se respeitem. “A gente sempre trabalha de forma preventiva de modo que esse tipo de situação não ocorra dentro da escola. Essa ação que realizamos hoje não é uma ação pontual, mas é permanente. Todos os dias nós reservamos um grupo de estudantes para trabalhar atividades com slides, vídeos e debates, mostrando o conceito do bullying, perfil do agressor e da vítima, para que eles entendam que o bullying não é brincadeira, mas é crime. A ideia do projeto é trabalhar não só dentro da escola, mas levar essa conscientização também para as pessoas para que essa prática não ocorra mais. E para que isso aconteça, a gente precisa expandir todas as ações, não ficando apenas dentro das quatro paredes da escola”, reforçou. 

A estudante Sara Caldas, de 16 anos, considerou importante essa iniciativa porque a escola está repleta de jovens que muitas vezes podem falar alguma coisa que pode machucar o outro. “Nós, enquanto estudantes, temos a missão de levar esse conhecimento para outras pessoas. Eu já presenciei um ato de bullying e a vítima ficou em um estado de vulnerabilidade muito grande. E quando a gente presenciar esse tipo de ação, é importante que a gente converse com ela e diga que ela não é aquilo que as pessoas estão falando a  seu respeito e repassar, imediatamente, para os professores, porque eles irão saber como conduzir a situação”, relatou. 

“Esse projeto é importante porque a gente espalha informações corretas pela escola e nós podemos tentar inibir que novos casos de bullying aconteçam, porque os alunos irão estar mais conscientes das punições que irão acarretar. A escola é um lugar frequente que acontece esses casos e alguns pensam que é normal, mas não é porque fere pessoas. Para que esse tipo de ação não ocorra, seria interessante que as pessoas não falassem tudo que pensam para não machucar as outras pessoas, como falar do cabelo, da cor da pele, da roupa, entre outras coisas”, salientou a estudante Iwy Willianny, 16. 

Combate e prevenção de bullying e violência dentro das escolas da Rede Estadual 

Nesse sentido, a Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco, por meio da Gerência de Educação Inclusiva e Direitos Humanos (GEIDH), vem criando núcleos de convivência ética nas escolas, desenvolvendo atividade ligadas à justiça restaurativa, criando uma convivência ética e cidadã e uma cultura de cuidado e respeito entre os estudantes. Através do projeto Bem Querer, a equipe da GEIDH desenvolve ações que incidem nas problemáticas que os estudantes trazem, como ideia suicida, bullying, rejeição, entre outras.

Segundo a gestora da GEIDH, Vera Braga, essas ações têm possibilitado aos estudantes buscarem desenvolver convivências éticas e cidadãs. “A gente procura realizar as ações pedagógicas na escola, desenvolvendo as habilidades socioemocionais dos estudantes, considerando, sobretudo, o respeito às diferenças. Então, nessa direção nós desenvolvemos ações relacionadas a questões de gênero e sexualidade, enfrentamento ao racismo, educação para as relações étnico-raciais, respeito à pessoa com deficiência e aprender a reconhecer e lidar com as emoções no âmbito escolar”, ponderou.    

De acordo com Vera Braga, o projeto estimula o protagonismo estudantil para que o aluno busque caminhos e possibilidades, com orientação da SEE, para desenvolver convivências cidadãs, acolhedoras, inclusivas, respeitosas e afetivas. “A pedagogia do afeto também vem fortalecer as convivências, os laços humanos, as relações interpessoais e também prevenir a incidência do bullying. A gente desenvolve formação sistemática nas 16 Gerências Regionais de Educação (GREs), discutindo essa temática que é tão danosa para as convivências e para as relações interpessoais e que compromete também a estima dos estudantes”, frisou. 

Para Vera, as pessoas tendem a mostrar padrões de condutas de convívio em sociedade e quando alguém não se adequa a esses padrões passa a ser alvo de bullying. “As pessoas não são ensinadas, de forma geral, a conviver com várias características identitárias das pessoas. Elas querem muitas vezes estabelecer um padrão único de comportamento e querem que esse padrão, que ela deseja ver na outra pessoa, seja seu padrão. Isso é impossível porque as pessoas são diferentes e a gente tem que considerar a diversidade humana e respeitar essa diversidade humana porque as pessoas são diferentes na sua forma de ser. Então, quando você passa a respeitar as diferenças e a acolhê-las como parte da condição humana isso também é uma forma de se evitar o bullying, porque o bullying é uma forma preconceituosa de discriminar, desqualificar e estigmatizar, além de excluir aquela pessoa que não se adequa aos padrões que alguém reconhece como legítimo", finalizou.