Pernambuco
03.09.2019De acordo com pesquisa divulgada em 2018 pela We Are Social e Hootsuite, brasileiros passam em média nove horas por dia na internet. Num cenário em que passamos tanto tempo na frente de aparelhos eletrônicos como tablets, celulares e computadores, é comum ter mais de um vínculo em redes sociais e passar boa parte dessas nove horas atualizando o feed. Mas, para alguns estudantes da Rede Estadual, redes sociais funcionam como extensão da escola e ajudam na preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Como é o caso do uso de YouTube e Studygrams, palavra que reúne estudo (study) e Instagram, dentre outras plataformas. Em contas são compartilhados resumos, dicas e outros materiais que podem ser usados como reforço escolar.
Maria Eduarda, da Escola Técnica Estadual Professor José Luiz de Mendonça, em Gravatá, começou a conhecer esse nicho em 2017, quando ela ainda se preparava para entrar na ETE. “Eu estava estudando para seleção e acompanhava alguns canais de resumo e aulas em vídeos, no YouTube, de acordo com os temas que o edital pedia. Ainda não era algo tão importante na minha rotina de estudos, usava apenas como apoio”, comentou.
“Eu já tinha adquirido o hábito de fazer resumos das aulas que assistia e meus amigos viviam pedindo para que eu disponibilizasse o material. A partir daí eu criei o @maduf.study com o intuito de interagir com pessoas que compartilham da mesma prática que eu”, explicou Madu, como é chamada carinhosamente pelos amigos, sobre quando criou o studygram ainda na metade do primeiro ano do ensino médio.
Além do YouTube, hoje a jovem utiliza outras plataformas para memorizar os assuntos. “Assisto aulas na plataforma Unacademy, que tem bastante conteúdo escolar, e sigo professores no instagram. Além disso eu pago pelo acesso à plataforma Descomplica, que também me ajuda muito nessa preparação. Aprendi que fazer resumos é a melhor forma de eu conseguir guardar conteúdos, então eu busco redes que passem o assunto de forma bem dinâmica”, contou. Após as revisões, Madu ainda diz que responde entre 15 e 30 questões de simulado sobre o tópico estudado para garantir que fixou o assunto.
“Estar num curso técnico de administração me ajudou a ser uma pessoa mais organizada, tanto no lado pessoal como estudantil. No ensino fundamental eu só precisava estudar para provas internas. Agora eu cresci e vi que precisava buscar meios de facilitar meus estudos no dia a dia. Então fui testando e vendo o que era melhor para mim”, comentou.
Deyverton Monteiro também mantém uma rotina intensa de estudo para o Enem: são dezenove horas por semana além da escola que frequenta regularmente. O jovem de 17 anos estuda na Escola de Referência em Ensino Médio Quintino Bocaiúva, localizada no município de Camocim de São Félix, no Agreste pernambucano.
“Falar de Enem para o jovem é dizer que se ele quer mesmo fazer um curso superior é preciso muita dedicação. E, muitas vezes, estudar os assuntos repassados na escola não é o suficiente, é preciso ir além e estudar por conta própria”, explica Deyverton.
A dedicação do jovem é motivada pela vontade de ingressar no curso de Licenciatura em Educação Física na Universidade de Pernambuco. Para alcançar este feito, o estudante criou uma programação para se manter organizado na revisão. “Tenho aula em período integral nas segundas, quartas e sextas. Então às quintas e terças eu reservo uma hora para revisar conteúdo da escola previamente programados. Nos finais de semana eu passo cerca de oito horas no Prevupe. Faço minhas revisões com base em livros e pesquisas na internet, e quando a dúvida ainda permanece eu recorro ao YouTube para assistir aulas. Gosto de usar o instagram para tirar dúvidas recorrentes de forma rápida”, contou o terceiranista.
“Mesmo sabendo que a educação superior está recebendo cortes em diversos setores, eu ainda acredito nela pois percebo que a luta pela educação de qualidade é grande aqui em Pernambuco, tendo em vista que temos a melhor educação do país”, conclui.