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07.05.2020Um novo levantamento, realizado pela Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul (SED/MS) no final de abril, constatou que, desde o início das medidas preventivas ao avanço do novo coronavírus em MS - que resultaram na adoção das Aulas Remotas Vinculantes - mais de 90% dos estudantes matriculados na Rede Estadual de Ensino (REE/MS) foram atendidos com o uso e recursos virtuais, seja de forma integral ou parcial. O dado segue na mesma linha da pesquisa anterior, que apontou números similares nas primeiras duas semanas de suspensão das atividades presenciais.
Desde o dia 23 de março, cerca de 210 mil estudantes da Rede Estadual, das 345 unidades escolares, estão com as aulas presenciais suspensas e, apesar da distância entre professores e estudantes, não faltaram alternativas criativas por parte dos gestores escolares que criaram ferramentas e aproveitaram outras que já faziam parte do cotidiano dos alunos. Tudo para manter o contato da sala de aula, agora pela internet.
A fim de diagnosticar o alcance dessas ferramentas, a SED, através da Superintendência de Informação e Tecnologia (Sitec), elaborou um relatório quantitativo sobre o atendimento aos estudantes, onde foram consultados 90,61% dos professores da Rede Estadual de Ensino, com questionamentos sobre os atendimentos via material impresso, recursos tecnológicos e, também sobre os estudantes não atendidos.
“O resultado final, dos docentes consultados, constou que 98,08% dos estudantes da REE estão recebendo atendimento, sendo que 44,18% dos estudantes foram atendidos – exclusivamente – por intermédio dos recursos tecnológicos e outros 46,87%, que utilizaram da tecnologia, tiveram complementação de material impresso. Também, 7,03% dos estudantes foram atendidos somente com materiais impressos e 1,92% não foram atendidos”, enfatiza o Superintendente de Informação e Tecnologia da SED, Paulo Cezar Rodrigues.
A conclusão do estudo foi que 98.08% dos estudantes foram atendidos neste período de pandemia, somados todos os instrumentos utilizados pela SED. Desse total, 91,05% contaram com os recursos virtuais - de forma parcial ou integral.
Alternativas criativas
Em Maracaju, a Escola Estadual Cel Lima de Figueiredo, encontrou na tecnologia e dedicação conjunta da equipe escolar, o caminho para manter o contato e atender as demandas dos estudantes por conteúdos atualizados durante a suspensão das aulas presenciais. Por lá, a saída adotada foi o somatório entre uma das principais ferramentas apresentadas pela plataforma Protagonismo Digital, o Google Classroom, e o popular aplicativo de mensagens: WhatsApp.
Professora Ana Flávia Saravy, formada em Letras há 12 anos, relata que o momento é de superação. “Inicialmente foi dificultoso para responder aos trabalhos pelo aplicativo. Agora, com a prática, está mais fácil e estou gostando, as ferramentas são ótimas. Estamos nos desdobrando para superarmos este momento”, destaca.
Vídeo aula criativa
Outro exemplo é da pedagoga Luiza Regina Pereira da Silva, 45 anos, leciona no 3°ano do Ensino Fundamental, na Escola Estadual Arlindo Gomes de Andrade, em Campo Grande. Através das redes sociais (Facebook e Instagram), ela transmite as aulas com criatividade, bom humor e de forma caracterizada, difundindo o conteúdo com eficácia."Todo profissional é prosa. Só o professor é poesia", menciona Luiza.
A professora relata, ainda, o amor pela profissão e que nunca se sentiu uma professora normal. “Diante do ocorrido mundial, foi proposto à nós [professores], que preparássemos um material viável [apostila] para os estudantes desenvolverem em casa, com seus pais. A ferramenta usada seria o WhatsApp e a coordenação seria a ponte. (...) No entanto, fiquei com o seguinte pensamento: 'Como os pais fariam isso? Será que meu aluno perderá o interesse pela escola? Como ficará o laço professora/aluno?', destaca.
Diante disso, a docente conversou com coordenadoria e solicitou autorização para enviar recados, mensagens e vídeos com “contação de histórias” e até mesmo alguns desafios, como leitura do livro O Pequeno Príncipe. “Os pais ficaram muito surpresos e satisfeitos. Próximo passo: as aulas, nos vídeos, reforço aos hábitos de higiene, cuidados consigo e com os outros, além da necessidade e importância de ficar em casa, mesmo sabendo que não são férias. O momento nos pede mudança, oportuniza desenvolver outras habilidades, de se reinventar mesmo, manter o vínculo com o aluno, apoiar mesmo de longe e fazê-lo entender que estudar é incrível. Pago mico? Pago, mas me divirto 'horrores'! Sem falar do crescimento pessoal na arte de se doar”, finaliza Luiza.
Podcast Interdisciplinar e Prova Chat
Lotado na Escola Estadual Rural Pólo Francisco Cândido de Rezende, no distrito de Anhanduí, que atualmente atende 88 estudantes do Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA - Conectando Saberes) nos ensinos Fundamental e Médio, o docente Francisco Evandro Silva de Santanna, de 63 anos, formado em Geografia e tecnólogo em Meteorologia, diante das adversidades, buscou adaptar-se para propagar o conhecimento.
“No primeiro momento passei as atividades como em sala de aula. Depois, passei para salas invertidas onde encaminho o texto e os estudantes propõem as questões e releituras. Optamos pela 'Prova Chat', que será implantada nesta semana com estudantes, onde determinado dia o aluno é chamado via WhatsApp”, destaca.
Para maior assimilação de conteúdo, o professor utiliza uma alternativa bastante popular, em áudio, no formato conhecido como podcast. “É um arquivo digital de áudio transmitido, através da internet, cujo conteúdo pode ser variado, normalmente com o propósito de transmitir informações. Diferente dos 'feeds' de texto, os podcasts são em áudio, ou seja, textos para ouvir. O podcast interdisciplinar é realizado de forma conjunta com outra profissional. Exemplo: tema Petróleo. A professora de química entra com conteúdo e eu sobre a formação geológica", conclui o professor.
Tutorial para docentes
A direção da Escola Estadual Dom Aquino Corrêa, em Três Lagoas, devido ao distanciamento social, teve a necessidade de desenvolver instrumentos de trabalho para orientar os professores.
De acordo com a diretora Sandra Giacheta Canisso Maia, sobretudo com o processo seletivo, o quadro de professores teve quase 80% de renovação e alguns docentes, inclusive, ingressaram na Rede Estadual pela primeira vez. “Dessa forma, desenvolvemos tutoriais de orientação aos professores, pois o trabalho continua”, enfatiza.
Esse breve tutorial sobre planejamento on-line, desenvolvido pela escola, apresenta o passo a passo sobre o sistema, orientando quanto ao acesso e preenchimento de conteúdo, habilidades, avaliação, recursos e metodologias. “É apropriado para os novos professores e também aos professores mais antigos, pois tiram dúvidas quanto às novas atualizações do sistema”, destaca.
Para acessar o tutorial o professor deve entrar no canal Youtube pelo link https://youtu.be/NXBcYmEE8eg
Parceria com Google
O Governo de Mato Grosso do Sul, por intermédio da Secretaria de Estado de Educação (SED), começou disponibilizar mais uma ferramenta, desde o último dia 22 de abril, através da parceria com a Google Inc., responsável pelo serviço conhecido como Google for Education, que vai beneficiar todos os 210 mil estudantes e também os professores da REE. Com a iniciativa, os profissionais poderão ter mais uma alternativa para a realização das Aulas Remotas Vinculantes graças ao serviço da Google que fornece versões personalizáveis de produtos já conhecidos, como o Classroom (Sala de Aula).
A diferença é que ele passa a ser utilizado com nome de domínio específico, único para toda a Rede Estadual, oferecendo mais agilidade e recursos para o aprendizado não presencial. Professores e estudantes da REE ampliarão, ainda mais, o uso de ferramentas como o Gmail, Hangouts, Google Agenda e Google Drive, entre outros.
Para ter acesso à nova ferramenta, foi criado um domínio Gmail (Google) para todos os estudantes e professores da Rede Estadual de Mato Grosso do Sul. Com os dados de professores e alunos já cadastrados no programa de gestão de dados escolares. Para saber mais sobre a ferramenta, disponível mesmo durante o período de recesso escolar, clique aqui.
Texto: Adersino Junior e Vinícius Espíndola (Asscom/SED).