Educação infantil: Sistema de Avaliação Permanente fortalece regime de cooperação cearense

Ceará

10.10.2025

A Secretaria da Educação do Ceará (Seduc) realizou, nesta quinta-feira (9), o Seminário de Devolutivas do Sistema de Avaliação Permanente da Educação Infantil (Sapi), com o objetivo de apresentar e discutir os resultados das avaliações aplicadas junto aos 12 municípios participantes da iniciativa. O encontro reuniu gestores municipais de educação, representantes das Coordenadorias Regionais de Desenvolvimento da Educação (Credes) e equipes técnicas envolvidas no processo.

Promovido por meio da Coordenadoria de Educação e Promoção Social (Coeps), o seminário teve como propósito principal aprofundar a compreensão dos resultados obtidos, além de identificar estratégias de aprimoramento das práticas pedagógicas e da gestão da educação infantil. O momento também foi dedicado ao fortalecimento da cooperação entre estado e municípios, à troca de experiências e à reflexão sobre os próximos passos para a consolidação de políticas públicas voltadas à primeira infância.

Participaram do evento secretários e técnicos de educação dos municípios de Eusébio, Acaraú, Trairi, Tianguá, Quixadá, Sobral, Camocim, Granja, Crateús, Ararendá, Juazeiro do Norte e Crato, além de representantes das Credes 1, 2, 3, 4, 5, 6, 12, 13, 18 e 19.

O seminário contou, ainda, com a presença da secretária executiva de Cooperação com os Municípios da Seduc, Emanuelle Grace; da coordenadora de Educação e Promoção Social da Seduc, Aparecida Prado; e da coordenadora de Cooperação com os Municípios para o Desenvolvimento da Aprendizagem na Idade Certa, Cristiane Nóbrega. Também participaram o presidente estadual da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação – secção Ceará (Undime-CE) e secretário municipal de Educação de Jucás, José Marques Aurélio; a diretora de Políticas Públicas da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Marina Chicaro, representando a Coalizão Ceará; e os representantes do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social (Lepes), Ligado à Universidade de São Paulo (USP) e à Universidade Federal do Ceará (UFC), Rafael Ferreira de Sousa e José Carlos Souza Lima.

Emanuelle Grace destaca que o Sapi representa uma ferramenta essencial para o avanço das políticas de educação infantil, ao orientar os municípios na melhoria de suas práticas pedagógicas e ambientes educativos.

“O Sapi é uma política de extrema importância, que auxilia os municípios a aprimorar não apenas os espaços voltados às crianças, mas também as práticas pedagógicas, de modo a gerar impacto real no desenvolvimento. A qualidade da oferta na educação infantil influencia diretamente toda a trajetória educacional. Se investimos em qualidade, ampliamos as oportunidades das crianças; caso contrário, comprometemos seu futuro. O Sapi permite que os municípios se reconheçam e evoluam, valorizando as experiências, as vivências e o brincar como elementos fundamentais para o pleno desenvolvimento infantil”, elucida.

José Marques Aurélio ressalta a relevância do regime de colaboração e o papel do Sapi na consolidação de práticas baseadas em evidências.

“Participamos de um evento histórico, que certamente será referência para pesquisadores. O regime de colaboração construído no Ceará é uma conquista que precisa ser valorizada e fortalecida. O Sapi chega para apoiar os municípios, oferecendo um olhar científico e criterioso sobre a educação infantil. A avaliação permite que compreendamos melhor nossa realidade e que avancemos na construção de uma política de equidade desde a infância, onde se inicia a formação integral do ser humano”, enaltece.

Aparecida Prado explica a estrutura e a abrangência da avaliação. “O Sapi trabalha com eixos estruturantes — as interações e as brincadeiras —, que são elementos indispensáveis na educação infantil. O sistema é composto por duas escalas: uma voltada à mensuração dos ambientes e outra à aprendizagem. Implementado em 2021, teve sua primeira aplicação em 2022 e, agora, chega à segunda edição. A avaliação oferece um retrato da realidade local, permitindo que cada município planeje políticas públicas mais eficazes e contextualizadas. Ao todo, dez dimensões são analisadas, sendo seis relacionadas aos ambientes e quatro à aprendizagem”, aponta.

Marina Chicaro enfatiza o pioneirismo do Ceará na consolidação de um sistema de avaliação permanente da educação infantil.

“A Coalizão Ceará, formada pelas Fundações Maria Cecília Souto Vidigal, Porticus e Van Leer, tem apoiado o estado nesse caminho de fortalecimento das políticas para a primeira infância. O Ceará é, até onde sabemos, o único estado com um sistema estruturado e contínuo de avaliação da qualidade da educação infantil. Esse é um marco histórico, que reafirma o compromisso com políticas baseadas em evidências e com o desenvolvimento integral das crianças, em um momento crucial da vida”, observa.

Para o secretário municipal de Educação de Ararendá, José Felício da Silva, o Sapi oferece aos municípios uma oportunidade de autoconhecimento e aprimoramento.

“Quando a Seduc nos convidou a participar, abraçamos de imediato, reconhecendo a importância da iniciativa. A avaliação permite identificar o que já está sendo feito e o que pode ser melhorado. Os resultados nos dão uma visão mais ampla da realidade, ajudando a direcionar as ações com foco no desenvolvimento das crianças da educação infantil”, pondera.

A secretária de Educação de Quixadá e vice-presidente da Undime Ceará, Veruzia Jardim, pontuou o impacto positivo do processo avaliativo na gestão e nas práticas pedagógicas municipais.

“Dissemos sim ao Sapi porque compreendemos seu valor. Desde nossa participação na primeira avaliação, em 2021, conseguimos aprimorar a gestão e as práticas pedagógicas. O instrumento nos permite olhar para diferentes dimensões: ensino, estrutura, gestão, inclusão, cultura e diversidade, e agir de forma mais precisa. Essa devolutiva é fundamental para continuarmos evoluindo”, considera.

Representando a perspectiva da Regional, Janaína Silveira, orientadora da Célula de Cooperação com os Municípios da Crede 12, destacou a relevância do Sapi como instrumento de observação e escuta qualificada.

“Para nós, na condição de Crede, foi um processo de descoberta. O Sapi nos proporcionou uma forma sistematizada de observar e compreender a realidade da educação infantil. O Sistema veio somar às estratégias já desenvolvidas pelos municípios, oferecendo dados e reflexões que impulsionam a busca pela qualidade em todos os processos”, conclui.

O Seminário de Devolutivas do Sapi reafirma o compromisso do Ceará com uma educação infantil de qualidade, equitativa e socialmente referenciada. Ao promover o diálogo, a análise conjunta de dados e o planejamento integrado, o encontro fortalece o regime de colaboração e consolida um compromisso coletivo com o desenvolvimento integral da primeira infância, garantindo um impacto positivo e duradouro na trajetória educacional das crianças cearenses.