Segundo pesquisa divulgada recentemente pela SPC Brasil, empresa de tecnologia vinculada à Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 47% dos brasileiros com idade entre 18 e 25 anos não controlam suas despesas. Tendo este cenário como base, um professor da Escola Técnica Estadual (ETE) Jurandir Bezerra Lins, em Igarassu,concebeu uma eletiva para ofertar aulas de Educação Financeira.

José Carvalho é professor de Educação Física e coordena a eletiva, que surgiu através de uma identificação do professor com o tema. “Tínhamos uma lista com opções de temáticas a serem abordadas, e foi aí que a educação financeira me atraiu. A proposta seria passar um semestre, mas a eletiva foi tão aprovada pelos estudantes que entramos no segundo”, comentou o professor.

Na grade curricular da disciplina estão temas como decisão de compra, consumo consciente e compulsivo, formas de investimentos, orçamento familiar, além de conceitos e algumas ferramentas que os jovens podem utilizar na hora de tomar decisões. “A partir do momento que ele recebe um valor, seja de uma mesada ou de algum investimento, é importante que ele saiba dominar e controlar essa quantia para aproveitá-la melhor. É aquela velha história de sempre se perguntar ‘estou precisando disso agora? Preciso do modelo mais caro ou algum mais em conta atende a minha necessidade’, por exemplo”, contou Carvalho.

E não é somente os jovens que sentem a diferença de comportamento, segundo o professor. Ele explica que família acaba sendo beneficiada também, já que parte da disciplina envolve contabilizar qual o “gasto” que o estudante representa para casa e como ele pode reduzir este número. “Eles precisam criar o orçamento familiar, assim como uma planilha de investimentos e calcular formas de redução de gastos. Para isso, eles calculam quanto representam no orçamento familiar e buscam medidas, junto com a família, para poupar mais. Algumas vezes eles próprios identificam hábitos que o grupo pode evitar para que consigam realizar uma viagem no final do ano, por exemplo”.

Ângelo Fernandes, de 16 anos, está no segundo ano do curso de Desenvolvimento de Sistemas. Para ele, que já recebe em casa uma boa orientação sobre dinheiro, a eletiva é um local de informações técnicas. “Ter disciplinas eletivas na escola é uma ideia muito interessante sob o ponto de vista de termos um tempo reservado para aprendermos mais sobre algo com o que a gente se identifica. E a educação financeira é algo que me atrai, gosto muito das aulas e de ter essas informações de forma mais técnica, visto que eu já tenho uma boa base em casa. Já que somos o futuro do país, é muito interessante que essas pessoas que vão entrar no mercado de trabalho saibam se comportar financeiramente”, comentou o jovem.