Educação do Pará qualifica profissionais com formação para enfrentamento da violência de gênero

Pará

08.03.2024

Para dialogar sobre o enfrentamento às violências contra mulheres, crianças e adolescentes e também levar o debate para dentro das escolas com a qualificação dos profissionais da educação, a Secretaria de Estado de Educação do Pará (Seduc), por meio da Assessoria de Convivência Educacional, realiza mais uma Formação para pedagogos, psicólogos, gestores e assistentes sociais da rede estadual de ensino.

Com o tema "Cuidar, educar e proteger: construindo um mundo melhor para crianças e adolescentes", a formação, feita em parceria com o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) e com a ONG Me Too Brasil, foi realizada nesta quinta-feira (7), na sede da Seduc, e dá continuidade às formações preparadas para o mês da mulher.

Para o coordenador da Assessoria de Convivência Educacional, Mário Augusto Almeida, trazer temas pertinentes e tão urgentes para qualificar profissionais da educação é extremamente importante. "Estamos falando sobre cuidados, proteções e violências contra crianças e adolescentes, e também sobre a proteção da mulher. É importante a gente empoderar as mulheres, falar sobre isso, mas também poder entender o papel do homem que é o hegemônico que acaba trazendo as violências como um todo contra as mulheres e, de alguma maneira, isso precisa ser abordado dentro da unidade escolar, precisa ser falado, é uma agenda urgente e precisa ser divulgada e difundida para que chegue às famílias, para que a gente consiga realmente ter a proteção da sociedade e a educação é o primeiro passo", afirmou.

De acordo com a doutora Marina Ganzarolli, presidente e fundadora da ONG Me Too Brasil e palestrante da Formação Para Profissionais da Educação, dados revelam que a violência sexual atinge meninas menores de 17 anos em 70% dos casos no Brasil e quando se fala do enfrentamento às violências contra mulheres, a escola tem papel fundamental. "No contexto brasileiro, a violência sexual atinge, em 70% dos casos, meninas menores de 17 anos, e em 50% dos casos meninas menores de 13 anos. Quando a gente fala de enfrentamento da violência e da exploração sexual contra crianças e adolescentes, a gente precisa falar da educação. Hoje o lugar mais perigoso para uma menina ou para uma mulher (e estamos no mês da mulher), é o lar, é o domicílio. E quem tem acesso à realidade e ao contexto da criança e do adolescente, além de quem é da família, é o educador, a educadora, o profissional da educação, que tem a oportunidade de identificar, antes de todo mundo, e é necessário que ele saiba alguma forma de abordar", disse.

Ainda conforme Marina, capacitar profissionais da educação sobre o tema significa proteger a infância. "Normalmente, o Conselho Tutelar, o Ministério Público, o sistema de Justiça, a Vara da Infância, a Juíza da Infância, só vai ter acesso àquela situação depois que a situação já se desenrolou e já está muito grave e houve uma denúncia. O profissional de educação conhece o contexto, o comportamento padrão daquela criança no dia a dia e, por isso, é capaz de identificar quando há alguma alteração brusca de comportamento ou de humor, que é um indicativo de que alguma coisa está acontecendo com aquela criança dentro de casa. Quando a gente capacita os profissionais de educação para a prevenção da violência sexual contra crianças e adolescentes, a gente protege a nossa infância", ressaltou.

Para os profissionais da educação que participaram da formação, a troca de conhecimentos foi essencial para poder lidar com o dia a dia nas escolas, como explica o coordenador pedagógico da Diretoria Regional de Ensino (DRE) Belém 9, Wagner Maia. "Para nós, educadores, é muito importante tratarmos desse assunto e aprofundarmos os nossos conhecimentos sobre o tema, principalmente porque trabalhamos no dia a dia justamente com essa população vulnerável e nós temos que estar mais do que preparados para enfrentar essa dura realidade que atinge a nossa sociedade. A Secretaria de Estado de Educação está de parabéns pela iniciativa, porque isso só reforça o nosso compromisso com os nossos jovens, com as nossas crianças e com as nossas famílias", comemorou.

Para a coordenadora de formação da DRE 9, Joelina Rodrigues, que participou da formação, o tema abordado é muito significativo levando em conta as experiências obtidas dentro da sala de aula. "Estou achando a formação extremamente importante porque lidamos com essas situações no dia a dia dentro de sala de aula, no meu caso há 13 anos, e essas questões de violência contra a mulher, violência sexual, são constantes e muitas vezes o professor não sabe como agir. Por isso, devemos estar cientes do que podemos fazer, como podemos proceder, é de extrema importância na nossa prática de sala de aula", destacou a professora.

A formação é mais uma das iniciativas que a Seduc tem trabalhado para promover círculos de construção de paz nas 898 escolas da rede estadual. Além disso, a Secretaria, por meio do programa Escola Segura, autorizou a contratação de 42 psicólogos e 42 assistentes sociais para cada Regional de Ensino e realiza a contratação e convocação de mais 300 psicólogos para atuação direta e contínua nas escolas.

 

Texto: Fernanda Cavalcante - Ascom/Seduc