Música
18.08.2021Nesta quarta-feira, 18 de agosto, o Estado de Pernambuco comemora o Dia Estadual de Bandas e Fanfarras. A data é uma homenagem à criação da primeira Copa Pernambucana de Bandas e Fanfarras e está prevista na Lei Nº 16.695 de 2019, de autoria do Deputado Estadual Professor Paulo Dutra. E para comemorar essa data, vamos contar um pouco da história do Maestro Reginaldo Tenório dos Santos, morador de Afogados da Ingazeira, Sertão do Pajeú, que tem a banda como um símbolo de amor, respeito, superação e conquistas.
Reginaldo começou a tocar ainda adolescente, aos 14 anos. Sempre se encantou pela Banda do Colégio Normal Estadual, atual Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Ione de Góes Barros. Atualmente, ele divide o ofício de maestro com o de técnico financeiro da Gerência Regional de Educação (GRE) Sertão do Alto Pajeú e com a faculdade de licenciatura em história. “É desafiador conciliar os afazeres, mas o que é feito com dedicação sempre é possível, então me dedico o tempo inteiro, dividindo os horários de ensaio para que não afete as outras atribuições”, disse Reginaldo.
Sempre soube que queria crescer na banda, o amor pela agremiação era visível pelos companheiros. Dessa forma, ele assumiu a coordenação da agremiação por dois anos, de 2012 a 2013. A banda, após perder seu maestro, procurava alguém que tivesse o sentimento de pertencimento e foi assim que Reginaldo foi escolhido pelos componentes como novo maestro da agremiação, no ano de 2014, onde permanece até hoje com muito amor. “Sempre busquei me especializar, participar das capacitações oferecidas pela Abanfare, para dar o meu melhor. Com certeza é um trabalho realizado com muito amor”, declara o maestro.
Durante a pandemia do Covid-19, era visível a desmotivação dos estudantes, com a suspensão das aulas e dos ensaios. Os jovens se afastaram e esse foi o maior desafio de Reginaldo enquanto maestro: trazer o entusiasmo de volta aos olhos dos estudantes. “Quando suspendemos totalmente os ensaios foi um baque, a banda é um escape para muitos jovens e ver o desânimo no rosto deles foi muito triste. Os ensaios começaram de forma mais tímida. Apenas uma vez por semana e dividindo o grupo por naipes de instrumento, esse momento, o retorno, foi de muita alegria para todos nós”, pontua.
Atualmente, a Banda de Percussão Colégio Normal Estadual conta com 57 componentes, dentre eles o corpo coreográfico, pelotão cívico e músicos. O grupo carrega vários títulos, dentre eles o 1º lugar na etapa regional da Copa Pernambucana de Bandas e Fanfarras em 2019, também levando o 1º lugar com o corpo coreográfico e vice-campeão pernambucano. Em 2020, a banda também conquistou o 1º lugar na etapa regional.
“A banda é um espaço de respeito às diferenças, sejam elas credo, sexo ou opinião. Na banda, os adolescentes sentem-se acolhidos e sabem que podem se expressar sem medo. Isso é muito bom e um retorno disso e a adesão que temos de novos estudantes querendo compor a banda”.
Durante visita em Afogados da Ingazeira, neste mês, o governador do Estado, Paulo Câmara, conheceu a sala de instrumentos da Banda do Colégio Normal Estadual. Um momento de grande reconhecimento para os que fazem parte do grupo. Além do governador, o grupo recebeu o secretário de Educação e Esportes, Marcelo Barros, e de cara pode transpassar a emoção de todos os integrantes naquele momento. A maioria mora na Zona Rural da cidade, em áreas de difícil acesso, sem muitos privilégios, e participa da banda por amor, pela música, pelo espírito de união, senso de coletividade e pluralidade.
Bandas em Pernambuco
A Banda do Ginásio Pernambucano é a mais antiga do Estado. Fundada em 1832, ela já conquistou centenas de campeonatos em todo País. Na década de 1960, as bandas surgiram em maior número, crescendo ainda mais na década de 1970, onde a qualidade musical das agremiações só foram melhorando até os dias atuais. Atualmente, Pernambuco conta com 400 agremiações, 18 mil estudantes e 270 maestros. Para a copa deste ano, a Associação de Bandas, Fanfarras e Regentes de Pernambuco (ABANFARE) conta com 179 bandas inscritas e 179 maestros.
“As bandas e fanfarras têm tido papel muito importante na educação de Pernambuco e na formação dos nossos jovens adolescentes e crianças. A música transforma e ajuda estes alunos no desempenho em sala de aula e na disciplina na escola. Muitos dos alunos das bandas seguem na música tomando gosto em estudar e seguem para as escolas profissionalizantes de músicas e consequentemente fazem faculdade em bacharelado ou licenciatura. Temos também aqueles que tocam nas orquestras de frevo, bandas de baile, bandas sinfônicas e militares e seguem carreira de músico. Ainda somos o Estado que mais cresce no Brasil neste segmento, tanto em qualidade quanto em quantidade”, declara Waldenilson Cunha, gestor de Ações Culturais da Secretaria de Educação e Esportes (SEE).
Algumas fotos foram tiradas antes da pandemia