Pernambuco
20.05.2022Na adolescência, Ana Patrícia Freitas descobriu a sua paixão pelo magistério. Nascida e criada numa periferia da Zona Norte do Recife e ex-aluna de escolas públicas, a pedagoga, que atua há 31 anos na área, é a nossa homenageada no Dia do Pedagogo, celebrado nesta sexta-feira (20). A história da professora é de entrega, de busca pelo fortalecimento da escola pública e de justiça social por meio da educação. Bebendo da fonte de Paulo Freire, Ana Patrícia se compromete diariamente em fazer da sala de aula um mecanismo de transformação.
O amor pelo ensino foi descoberto cedo, quando Ana participava de uma igreja católica. Na época, ela foi convidada para ser catequista e trabalhar ensinando crianças. “Ali eu fui feliz de verdade. Tentei aliar essa descoberta com os estudos e optei por terminar a escola com o magistério. Eu tinha me encontrado naquele momento com as crianças. Quando concluí os estudos, fui aprovada num concurso do Estado e fui ensinar na Escola Mardônio Coelho, muito especial por ser fruto de muita luta da comunidade Alto José do Pinho, em Casa Amarela, onde nasci e fui criada”, contou a educadora.
Ana Patrícia concluiu o curso de Pedagogia na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), virou gestora de outra escola estadual, e em 2004 foi chamada para ser formadora de educadores da Gerência Regional de Educação (GRE) Recife Norte, onde atua até os dias atuais. Ela é uma defensora ferrenha da educação pública e acredita que seu empenho faz a diferença. “A minha trajetória foi de muito sucesso e oportunidades. Eu busco muito fortalecer a escola pública porque acredito nela, pois vim dela. No meu espaço, dentro das minhas atribuições, eu tento ofertar o que tenho de melhor, seja coordenando a educação ou executando ela”, ressaltou.
Questionada sobre os desafios da profissão e a bandeira que carrega e defende na área, a pedagoga foi enfática: “eu proponho a equidade de tratamento entre as escolas. As escolas de periferia devem ser tratadas como as demais. O meu sonho é que o jovem da comunidade não precise sair de lá para ter uma educação de qualidade; que as periferias tenham uma escola que promova essa educação para todos. Acredito que a gente precisa parar para refletir e analisar isso.”
Ana Patrícia sonha, também, em rever sua história de sucesso em outros jovens de periferia que dependem da educação para mudar as suas realidades. “Essa ética e esse respeito por sempre oferecer o melhor não rende benefícios somente para a instituição, mas para os nossos estudantes e suas famílias. Se eu consegui estudar, trabalhar e ofertar uma boa educação, eles também conseguirão ir muito longe. Esse é o meu projeto de vida. A escola pública ainda tem muito a conquistar, mas eu também acredito que é possível florir onde você está plantando”, acrescentou.
Foto: Tarciso Augusto - SEE