Pará
12.04.2024O trabalho de educadores da rede estadual de ensino do Pará, desenvolvido em suas trajetórias profissionais tem causado grande impacto para a Educação do Estado e, também, para o país. Com ideias práticas, que fizeram a diferença na vida da comunidade escolar, os docentes reforçam seu papel na aprendizagem das crianças e adolescentes, recebendo, inclusive, destaque internacional.
Entre estes profissionais está a professora de Língua Portuguesa, Lília Melo, que no ano de 2018 conquistou o prêmio nacional "Professores do Brasil", do Ministério da Educação, após criar o projeto "Juventude Negra Periférica - Do Extermínio ao Protagonismo", o qual trabalhou com jovens do bairro Terra Firme, em Belém, capital paraense. Além de ser a primeira mulher do norte do país a representar sua categoria no Global Teacher Prize, mais conhecido como Nobel da Educação.
Hoje ela atua nos Complexos comunitários integrados ao programa TerPaz, as Usinas da Paz, nos bairros do Jurunas, Guamá e Terra Firme, voltado para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). E, também, em duas unidades escolares em Belém, com o Projeto "Que nem Maré", iniciativa que potencializa a arte de crianças e jovens, na Escola Estadual Fonte Viva, na Terra Firme e é Professora Placídia Cardoso, no bairro do Jurunas.
Lília retornou ao Pará após participar da 10° edição da Brazil Conference at Harvard & MIT, realizado em Boston, nos Estados Unidos, no último domingo, 7, onde falou sobre a realidade educacional na Amazônia, principalmente nas periferias.
“Sou uma professora afroindígena, periférica e do norte do Brasil. Uma mulher como eu, com todas essas características e contextos, está nos Estados Unidos, em Boston, em Harvard, no MIT, duas maiores referências da Educação mundial, significa dizer, primeiro, que o Brasil precisa levar a sério a questão de garantir a diversidade no contexto escolar, no contexto acadêmico, dentro desse processo de ensino-aprendizagem, a gente precisa garantir a diversidade em todos os aspectos. Segundo, é dizer para as pessoas como eu que é possível. É possível ocupar um lugar como Harvard. A mensagem é garantir a diversidade no contexto da educação e dizer para mais pessoas como eu que é possível e a gente deve e tem o direito de ocupar esses espaços”, afirma Lilia Melo.
Já a professora de Letras - Língua Inglesa, Mônica Freitas, esteve participando de vários intercâmbios no exterior. O primeiro deles foi na Universidade de Londres, em 2012; em seguida foi na Temple University, nos Estados Unidos, em 2018. E em março de 2024, Mônica recebeu uma premiação da embaixada dos Estados Unidos devido a sua atuação em programas voltados para estudantes e professores da rede pública, entre eles o programa Jovens Embaixadores, que é em parceria com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc). O reconhecimento ocorreu na convenção para professores de inglês do mundo todo (TESOL), na Flórida. Atualmente, ela atua no programa Access for Teachers promovido pela embaixada dos Estados Unidos em parceria com a ONG World Learning, além de integrar o programa BRITE, também promovido pela embaixada dos Estados Unidos em parceria com a Casa Thomas Jefferson de Brasília.
“Ser professora da rede pública me proporcionou muitas oportunidades de desenvolvimento e reconhecimento profissional. Reconhecimento este que me possibilitou mostrar a entidades e colegas de outros Estados que os professores da rede pública de ensino da região amazônica são tão competentes quanto qualquer outro professor, de qualquer lugar do mundo. Sou grata por fazer parte da equipe de professores de língua inglesa na Secretaria de Estado de Educação do Pará que tem colegas muito capazes e que podem contribuir muito com o ensino”, disse a professora.
Criando conexões - No município de Altamira, na região de integração do Xingu, a professora de Língua Inglesa da Escola Estadual Professora Ducilla Almeida do Nascimento foi um dos poucos brasileiros selecionados no ano de 2022 para o Programa de Aperfeiçoamento para Professores de Língua Inglesa (Fulbright Distinguished Awards in Teaching Program for International Teachers – Fulbright DAI) e em 2023, realizou o intercâmbio com duração de um semestre acadêmico de uma universidade americana. O curso inclui aulas e treinamento intensivo em metodologias de ensino, planejamento de aula, estratégias de ensino, liderança e, também, no uso de tecnologias no processo educacional.
A professora promove ainda, conexões internacionais com seus estudantes, que contam com participantes de outros países, de forma online ou presencial, para potencializar o processo de aprendizagem da língua inglesa. Nas aulas ela utiliza o método de conversação com os estudantes do ensino médio regular. A proposta visa diminuir as lacunas de aprendizagem e ajuda a motivá-los a aprender o idioma em contextos reais de uso.
“Para mim, ter uma professora com um currículo extenso significa ter um grande acesso ao conhecimento e experiência, o que pode enriquecer muito meus estudos. Eu posso aprender com alguém que tem um profundo entendimento e uma experiência educacional super enriquecedora e gratificante”, conclui Otavio Santos, estudante da terceira série do Ensino Médio, da Escola Professora Ducilla Almeida do Nascimento.
Fortalecimento - Uma das ações inéditas do Governo do Estado, realizada por meio da Secretaria de Estado de Educação do Pará (Seduc), é a criação dos Centros de Estudo de Línguas, onde estudantes e profissionais da Educação da rede pública estadual de ensino poderão aprender um segundo idioma.
Estão previstos cursos de Espanhol, Inglês, Francês, Italiano, Libras (Língua Brasileira de Sinais) e Português (para os estudantes estrangeiros da rede estadual de ensino ou da rede municipal conveniada), como preparação dos servidores e estudantes para a conferência mundial do clima, COP 30, que será realizada em Belém, em novembro de 2025, além de potencializar as oportunidades da comunidade escolar.
Texto: Bianca Rodrigues / Ascom Seduc