Pará
30.11.2023Os socioeducandos do Centro de internação de Adolescentes Masculinos (Ciam Sideral), da Fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará (Fasepa), vinculados à Escola Estadual Antônio Carlos Gomes da Costa, da Secretaria de Educação do Pará (Seduc), participaram durante o mês de novembro do projeto “Africanize-se”, elaborado através do convênio entre Fasepa e Seduc.
O projeto promoveu a valorização da cultura africana e o reconhecimento dela no Brasil e no mundo, tendo como objetivo incentivar o conhecimento acerca de outras culturas e países por meio de representações artísticas e de experiências de vida.
A ação foi organizada em parceria com os professores da Seduc, buscando promover o reconhecimento e valorização da cultura afro-brasileira. Rodas de diálogo, produção de desenhos, confecção de mural, jogos africanos, peça teatral, marcaram a culminância do projeto, que aconteceu na quarta-feira (29), no Ciam Sideral.
As atividades escolares durante o mês de novembro foram todas voltadas ao tema e culminaram com cartazes, pintura em painel, confecção em tecidos, que fizeram parte da decoração do espaço da programação, além da confecção de brindes que foram entregues a todos os presentes.
A programação contou com apresentações artísticas e culturais, com a presença do Grupo de Capoeira do Centro Cultural Herança Viva, interpretação teatral dos socioeducandos, roda de conversa sobre racismo, preconceito, miscigenação, além de jogos africanos e degustação de comidas típicas.
O evento envolveu familiares dos socioeducandos e convidados parceiros ligados a movimentos sociais, que compartilharam com os jovens suas experiências de vida e edificação ao longo de suas trajetórias, entre eles, o especialista e mestre em educação da Universidade Federal do Pará (UFPA), Vanderley Pinheiro, a advogada e especialista em Direito Penal, Ianê Santos, o músico, compositor e ativista social Fábio Lisboa, o estudante da UFPA Rafael Santos e o capoeirista contramestre Ponteira, que falaram sobre suas experiências de vida, abordando a temática acerca da história, política, música, culinária e cultura, suscitando por meio dos professores junto aos jovens e adolescentes questões sobre racismo, discriminação, igualdade social e inclusão de negros na sociedade.
Para a pedagoga da Fasepa, Ana Lúcia Ramos, o projeto trabalha a conscientização e a importância do respeito às culturas independentemente da raça. “Essa é uma forma de envolver e conscientizar os adolescentes acerca dessa temática tão importante, a maioria dos meninos é afastada do contexto escolar e hoje na socioeducação estão recebendo informações, e isso é muito rico culturalmente para eles, pois irão levar esse conhecimento para a sua trajetória de vida. Nosso objetivo é combater o racismo que ainda vivenciamos em nossa sociedade, e fazer com que esses meninos estejam na socioeducação, não só cumprindo uma medida socioeducativa, mas recebendo orientação e informações, para o seu desenvolvimento pessoal e social”, explicou a pedagoga.
A Fasepa e Seduc têm papel fundamental nesse processo, através da formação pedagógica de adolescentes e jovens em cumprimento de medidas socioeducativas. A professora da Seduc, Ana Célia, iniciou sua fala com a pergunta "de que cor é o seu sangue?". “Nós somos todos iguais, então precisamos amar uns aos outros, como nos amamos", disse. "É preciso conscientizar esses jovens, porque vivemos em sociedade, e desta forma, combatemos o racismo, e disseminamos o amor”, completou a professora.
O especialista e mestre em educação Vanderley Pinheiro, da UFPA, elogiou o projeto. “Esse projeto é muito importante, pois a educação é o caminho para a superação e transformação da realidade negra”, destacou Pinheiro.
O preconceito, a violência e a pobreza fazem parte da realidade social de muitos jovens que cumprem medida socioeducativa na Fasepa. Mesmo considerando a miscigenação da população brasileira, muitos adolescentes dizem que já sofreram discriminação por causa da cor da pele, e que hoje, com as informações recebidas, pretendem mudar essa realidade.
Conforme destaca o jovem de 17 anos do Município de Uruará, cumprindo medida socioeducativa no Ciam: “Esse mês de novembro foi muito importante para entender que precisamos combater o preconceito, pois todos nós somos humanos, temos os direitos iguais”, declarou.
A socioeducação no Pará é constituída também por jovens negros que já sofreram algum tipo de preconceito, por isso a importância de ações educativas voltadas para a conscientização de temáticas de valorização da cultura e para a conscientização dos direitos e deveres da sociedade.
A gestora do Ciam Sideral, Cibele Brito, destacou a importância da data, e o quanto se faz necessário refletir e sensibilizar os socioeducandos com relação a essa questão, pois o racismo ainda é motivo de intolerância e sofrimento no mundo. “As datas comemorativas são uma excelente forma de despertar consciência social nos jovens e fazer com que eles aprendam a temática sobre diferentes aspectos socioculturais, sensibilizando e conscientizando para que eles retornem para a sociedade com outra mentalidade”, destacou a gestora.
Texto: Dani Fasepa / Ascom Fasepa