Rio de Janeiro
17.12.2024Alunos do Colégio Estadual Professora Maria Nazareth Cavalcanti Silva, em Cascadura, Zona Norte do Rio, encerraram o ano letivo com mais um sucesso. A equipe do projeto audiovisual da escola teve o seu curta documental exibido na última semana, na Mostra de Curtas do Programa Imagens em Movimento, no cinema Estação Net Botafogo, na Zona Sul da cidade. O trabalho foi realizado por 11 estudantes que participam do projeto sob a coordenação da realizadora audiovisual Clarissa Nancher. Para a filmagem do curta ‘Nas Linhas Diárias’, os alunos saíram em campo para ouvir e registrar o cotidiano de trabalhadores ambulantes de trens na Zona Norte do Rio.
O projeto audiovisual da escola, iniciado em julho deste ano, faz parte do ‘Imagens em Movimento’, programa que promove a experiência de ver e fazer cinema com estudantes da rede pública de ensino. As aulas ocorrem no contraturno escolar, duas vezes por semana, e parte de uma abordagem teórico-prática, na qual os estudantes são apresentados à linguagem audiovisual, desenvolvem noções sobre análise de filmes e procedimentos cinematográficos e aprendem técnicas de captação e edição de imagem e som.
Iniciada em julho deste ano, a oficina, que funciona na sala maker da escola, contou com a participação de 11 estudantes, que foram responsáveis pela concepção, roteiro, gravação e edição final.
O diretor da escola, professor André Barroso, explica que o projeto, que contou com a participação de alunos da 1ª série do Ensino Médio, é o primeiro da oficina de cinema que está sendo organizada na escola. Para ele, a experiência nessa área do audiovisual pode oferecer uma nova visão de mundo e oportunidades na vida pessoal e profissional dos estudantes.
– As oficinas de cinema podem operar uma revolução construtiva na mente dos jovens estudantes e abrir um mundo de possibilidades para o futuro de cada um deles. Esse é o sentido da educação – disse o diretor.
A orientadora Clarissa Nancher explicou que, antes da realização do curta, os alunos fizeram, durante um semestre, uma oficina de formação trabalhando os princípios da linguagem audiovisual, técnicas de captação e edição de imagem e som, além de assistirem a filmes para desenvolver a percepção cinematográfica. Ela também conta que o curta foi realizado com a participação do grupo em todas as etapas, mas com alguns alunos mais concentrados na direção, na fotografia, no som ou na edição, etapa mais trabalhosa, longa e minuciosa.
Ainda segundo Clarissa, a proposta de filmar com trabalhadores ambulantes do trem surgiu, a princípio, por ser “uma marca muito forte da periferia do Rio de Janeiro, uma realidade que atravessa a realidade deles diariamente”, impressão confirmada por uma das alunas que, durante a pesquisa e criação coletiva do roteiro, revelou que essa situação era bem próxima dela, já que seu pai e sua mãe trabalham na passarela do trem da estação de São Cristóvão. Com a descoberta, surgiram os principais personagens do curta.
Sobre a realização de cinema na escola, Clarissa explica que a primeira sensação é de que algo divertido e interessante será realizado ali, já que o projeto chega com alguns aparatos tecnológicos, e todos adoram conhecer novidades.
– Aos poucos, os alunos vão percebendo que fazer cinema também dá trabalho, que é preciso criatividade, organização e concentração. Isso mexe bastante com os interesses e a forma como eles encaram realizar um projeto do começo ao fim. Mas mexe, sobretudo, com as suas percepções, eles desenvolvem um olhar mais aguçado e sensível para sua realidade, para as pessoas que fazem parte da sua rotina – relatou a coordenadora.
Para a aluna Geovanna Sardinha Ferreira, de 16 anos, participar do projeto foi uma “experiência incrível”.
– Ele abriu portas que nunca pensei que se abririam para mim! E ver o nosso curta exibido em um telão foi uma coisa inexplicável. Eu aprendi muita coisa trabalhando nesse filme e me descobri nesse processo de criação e produção – conta a estudante.
A aluna ainda fala sobre a oportunidade de fazer novas amizades e se conectar mais com o cinema.
– Eu sempre fui muito apaixonada pelo cinema e, hoje, espero poder seguir profissionalmente nesta carreira. Espero, também, que mais crianças possam passar por essa experiência incrível que o projeto me fez vivenciar – finalizou Geovanna.