Comunidade local ajuda escola da Ilha de Superagui a ter 100% de adesão ao Aula Paraná

Gestão da Educação

31.08.2020

A educação remota chegou a 100% dos alunos do Colégio do Campo Ilha Superagui, no litoral do Paraná, graças à solidariedade entre os próprios habitantes. Moradores da ilha - entre os quais donos de restaurantes e pousadas - fizeram uma corrente solidária e estão disponibilizando internet para os alunos estudarem e não perderem seus conteúdos e as videoaulas com os professores.

A diretora, Joanne Araújo Munis, conta que foi graças ao trabalho em conjunto com a comunidade local que hoje ela tem 100% de adesão dos professores e dos alunos nas aulas remotas. “Primeiro, mostramos aos pais a importância de eles incentivarem os filhos a estudarem. Quando eles entenderam o quão fundamental era seu papel, vimos um crescimento na adesão dos estudantes às aulas”, lembra.

Corrente de solidariedade - “Mas o que nos surpreendeu foi ver como os próprios moradores da comunidade se juntaram para ajudar aquelas famílias que tinham filhos matriculadas na rede estadual, mas não tinham acesso à internet. Eles passaram a compartilhar a rede de internet para que todos pudessem acessar e estudar”, conta emocionada Joana.

Adrianne Araújo Pires é dona do Restaurante e Pousada Crepúsculo. Em seu estabelecimento há rede de wi-fi para os turistas, mas ela a disponibilizou para os filhos dos moradores vizinhos. Ela conta que se solidarizou com os estudantes que querem aprender, mesmo neste contexto de aulas remotas. “Vendo a preocupação dos pais e professores de como lidar com a educação à distância, decidimos fazer parte deste momento e apoiá-los”, conta Adrianne.

A dona da pousada explica que quando a criança precisa, ela passa pelo estabelecimento, pega a senha da rede e faz o uso conforme for necessário. “O que nos levou a tomar essa atitude foi saber a importância do ensino em nossa comunidade e o amor que temos por todas as crianças”, explica Adrianne.

Hoje, os 70 alunos do colégio estão acompanhando suas aulas e participando das videoaulas graças a essa boa ação por parte dos moradores da ilha.

Famílias sendo acompanhadas de perto - Além da solidariedade vinda dos próprios moradores, a equipe pedagógica do colégio faz um intenso trabalho de busca ativa dos alunos. A diretora Joanne explica que se um aluno perde o meet com o professor, ela entra em contato com sua família. “Temos grupos de Whatsapp que nos ajudam a estar próximos tanto dos alunos quanto das famílias e, graças a essas ferramentas, estamos conseguindo nos manter unidos neste momento”, conta.

Daniele Ramos Muniz é mãe dos alunos Raissa Ramos Muniz e Arthur Ramos Muniz. Ela diz que sua internet é via rádio; dessa forma, ela não precisa de rede compartilhada. Conta ainda que a proximidade entre professores e alunos neste momento tem sido muito positiva. “Meus filhos estão focados nos estudos e, por mais que às vezes o sinal de internet seja fraco, nada os impede de estudarem”, conta a mãe.

Ela conta que a experiência das aulas remotas está sendo positiva para seus filhos, que muitas vezes preferem ficar estudando em casa e encontrando seus professores virtualmente. “A Raissa, por exemplo, fala que prefere estudar em casa e fazer a videoaula com sua professora direto. Ela diz que sente uma atenção mais individualizada por parte dos professores.”

Alcançando outras escolas - No interior da Ilha de Superagui, há uma segunda unidade educacional, a Escola Barra do Ararapira, que atende a 13 alunos. A diretora Joanne explica que nessa região não há sinal de TV ou internet e, para eles, ela e sua equipe estão fazendo um trabalho intenso de levar as atividades impressas. “Eu e mais quatro professores da própria unidade estamos levando atividades e apostilas e ajudando na explicação dos conteúdos. Dessa forma, conseguimos alcançar a todos e não deixar nenhum para trás”, conta.

Escolas no litoral - Outras escolas estaduais nas ilhas do litoral do Paraná também estão com alta adesão às aulas remotas. Na Ilha das Peças, há escolas que atingiram 94% de adesão por parte dos alunos. Mesmo enfrentando maiores dificuldades, como acesso e contato com o continente, essas regiões estão despontando com maiores índices de engajamento por parte dos estudantes