Começa o novo ensino médio no DF

Distrito Federal

10.02.2020

Entusiasta do projeto, ele falará sobre o impacto que  o Novo Ensino Médio pode trazer ao futuro dos jovens

O Centro de Ensino Médio Integrado (CEMI) do Gama, uma das melhores escolas da rede pública do DF, começa o ano letivo pronto para o desafio de implementar o Novo Ensino Médio. O pontapé inicial contará com uma aula inaugural, nesta segunda-feira (10/2), às 10h30, ministrada pelo secretário de Educação, João Pedro Ferraz, aos 475 estudantes da escola, que também faz parte do programa Ensino Médio em Tempo Integral (EMTI) e proporciona o curso integrado de técnico em informática.

Entusiasta do Novo Ensino Médio, Ferraz falará sobre as mudanças e o impacto positivo que a proposta inovadora pode trazer ao futuro de cada um. Ele também conhecerá o corpo docente, a equipe gestora, as instalações da escola e os principais projetos desenvolvidos.

A unidade é uma das 12 escolas-piloto do DF que dão início neste semestre ao Novo Ensino Médio, que busca propiciar ao estudante uma educação que faça sentido e que seja aplicável para sua vida, a comunidade e o país, em vez de um mero degrau burocrático a ser galgado por aqueles que pretendem chegar à universidade.


CEMI Gama

Inaugurado em 2006, o CEMI Gama conta com sala de artes, biblioteca com mais de três mil títulos, pátio coberto e quadra poliesportiva, entre outros. Um destaque são os três laboratórios de informática, com 40 equipamentos cada. Para este ano, a novidade são novos computadores, com dois monitores, além de instrumentos musicais, adquiridos com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), como parte do programa EMTI. Ainda em 2020, a direção pretende revitalizar o laboratório de ciências. Em breve, será fechada uma parceria com o Instituto Goethe, por meio do projeto Escolas Bilíngues, da SEEDF, para o ensino de alemão.

A unidade também coleciona histórias de sucesso individuais e coletivas. Em 2017, alcançou 4,7 na média do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). O balanço ainda não foi fechado, mas, até o momento, 23 dos 93 alunos do 3º ano foram aprovados na Universidade de Brasília (UnB), pelo Programa de Avaliação Seriada (PAS) e pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No ano passado, metade dos formandos entrou para universidades públicas.

O projeto “Reaproveitamento de Energia Mecânica nas Indústrias pelo uso de Dínamos”, desenvolvido pelos alunos Maria Eduarda Guedes, Lucas Cabral e Nathália Nascimento, junto com os orientadores Edileusa Costa e José Milton, recebeu medalha de platina, em março de 2019, na cidade de Guadalajara no México, durante o Concurso Latino-americano de Projetos de Ciência e Tecnologia. Mais de 2 mil projetos de nove países foram inscritos e apenas 289 participaram como finalistas. O trabalho levou o grupo a ser convidado para a 12ª Muestra Científica Latinoamericana (MCL), em Trujillo, no Peru, e também recebeu prêmios no Distrito Federal e em Pernambuco.

Em 2018, por exemplo, os alunos Samuel Sales, Marcus Túlio Teixeira, Lucas Gonçalves e professor José Mílton, ganharam medalha de ouro no “Encuentro Internacional Colombista de Ciência, Inovacion y Enpreendimiento”, realizado na Colômbia. O projeto vencedor foi o Fazenda Sustentável, desenvolvido na oficina permanente de iniciação científica e que mostrou como economizar água, por meio da captação de água das chuvas, para irrigar plantações.

No ano passado, a escola foi campeã da 5ª edição do Festival de Curtas das Escolas Públicas do Distrito Federal, com a produção Eu queria ser branco… queria!, dirigida por Adrielle Gomes Dantas, do 3º ano, que desenvolveu o trabalho com outros seis estudantes.

O segredo da escola é uma educação pautada no trabalho coletivo, na autonomia e no protagonismo juvenil; na formação técnica para o mundo do trabalho, alinhada com os avanços tecnológicos; e no aprendizado que alia teoria e prática, o que mantém a atenção e gera entusiasmo entre os estudantes.

Rota 2020

No CEMI Gama, os estudantes terão disponíveis 12 unidades curriculares eletivas. Destas, deverão escolher sete, sendo que quatro serão obrigatórias: projeto de vida, oficinas de português e de matemática (esta última com um ou dois créditos). Entre as três opcionais, os estudantes deverão escolher duas. Uma delas é a de iniciação científica, que terá um leque de cinco alternativas, conforme as áreas de conhecimento (linguagens, matemática, ciências humanas e ciências da natureza) e o ensino técnico-profissional.

O chamado projeto de vida é constituído de dois créditos dentro dos cinco itinerários formativos, do primeiro ao sexto semestre. Pode ser ministrado por professores de todas as áreas, após formação continuada. A ideia é orientar os estudantes na escolha das eletivas e também das trilhas de aprendizagem (que começarão em 2021, no terceiro semestre do Ensino Médio), no avanço ou na recuperação de conhecimentos e, ainda, nas escolhas pós Ensino Médio, tanto profissionais como acadêmicas.

Novo Ensino Médio

As demais escolas selecionadas para encampar o piloto do Novo Ensino Médio são: CEM 12 de Ceilândia; CED 03 do Guará; CEM 03 do Gama; CEM 804 do Recanto das Emas; CED 123 de Samambaia; CEM 304 de Samambaia; CEM 404 de Santa Maria; CED São Francisco de São Sebastião; CEM 01 de Sobradinho; CED 04 de Sobradinho; CEM 03 de Taguatinga.

A primeira mudança é que o regime de oferta passa a ser semestral. Os três anos serão divididos em seis semestres letivos. A carga horária das aulas será unificada e funcionará por meio de créditos. Além disto, a matrícula será feita por unidade curricular.

A carga horária total do Novo Ensino Médio será de 3.000 horas por ano, dividida em dois blocos indissociáveis: a Formação Geral Básica (FGB), definida pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), com 1.800 horas, e os Itinerários Formativos (IF), com 1.200 horas. O DF já adotava as 3.000 horas e, neste aspecto, não houve alteração.

A FGB engloba as quatro áreas do conhecimento e será comum para todos os estudantes. As aulas serão ministradas por unidades curriculares, com ênfase para a interdisciplinaridade e em sintonia com os itinerários formativos. Para estes, compostos pelas quatro áreas de conhecimento e o ensino técnico-profissional, os professores passarão por capacitação com formação continuada.

Os estudantes terão formas de oferta diferenciadas, por meio de projeto de vida, eletivas orientadas e trilhas de aprendizagem. Os itinerários serão trabalhados com eixos estruturantes, voltados para investigação científica, processos criativos, empreendedorismo, bem como a mediação e intervenção cultural.

Marcos legais

O Novo Ensino Médio está previsto na Lei Federal 13.415/2017. Outros normativos relacionados à mudança são as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

A SEEDF deu início aos debates em 2016. Ao longo de 2018, foram promovidos fóruns de discussão nas 14 Regionais de Ensino com a participação de professores e estudantes. Esses encontros ajudaram a construir uma proposta de novo currículo, colocada em consulta pública, o que originou a segunda versão do documento, para implementação neste primeiro semestre.

As contribuições foram encaminhadas a um grupo de leitores críticos, em dezembro, que tem até 31 de março de 2020 para entregar a terceira versão do currículo. A previsão é submeter o texto para nova consulta pública em maio deste ano.

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Málcia Afonso, Ascom/SEEDF