Com DNA histórico, E.E Cel Lima de Figueiredo há 90 anos contribui na formação de Maracaju.

DNA Histórico

21.10.2019

Campo Grande (MS) – No dia 11 de outubro ocorreram as comemorações alusivas ao desmembramento do estado de Mato Grosso do Sul, que completou 42 anos, porém o desejo separatista da região norte, remete aos primórdios do século XX. Durante a revolução constitucionalista de 1932, a região sul de Mato Grosso tornara-se, de 10 de julho a 2 de outubro, estado federativo, sem autorização da União, intitulado Estado de Maracaju. O Estado rebelde reclamava o território, que hoje é o nosso Mato Grosso do Sul.

O viés pujante, empreendedor e pioneiro sempre foi premissa desta região Centro Oeste do Brasil, diversos municípios de Mato Grosso do Sul nasceram da necessidade educacional e desenvolvimentista que a localidade exigia, exemplo disto é o município de Maracaju, distante 179 Km da Capital.

Exigência Educacional

Maracaju surgiu de uma exigência para construção de uma unidade escolar. No início da década de 20, Vindo de Uberaba-MG, o mascate João Pedro Fernandes, instalou-se em Mato Grosso, na região de Santa Rosa, no sudoeste do Estado, trouxera na bagagem uma pequena farmácia, além de vender remédios, ele foi forçado pelas circunstâncias a tornar-se médico, atendendo em toda região, no período, os médicos mais próximos estavam nos municípios de Nioaque e Campo Grande.
Em meados de 1923, passou a cogitar-se na região a mudança de João Pedro Fernandes para o povoado de Entre Rios (hoje Rio Brilhante). Os fazendeiros reuniram-se na Santa Rosa e decidiram fundar um patrimônio, onde construiriam uma casa e uma farmácia para João Fernandes. Ele concordou parcialmente, ao invés da construção de casa e farmácia, o então médico, exigiu a construção de uma Escola para as crianças da região.

Intitulada “Associação Incentivadora de Instrução” nasce, assim, no dia 11 de junho de 1924, o “Distrito da Paz”, quatro anos depois, em 07 de julho de 1928, o distrito foi elevado a Município de Maracaju, recebendo a transferência da Comarca de Nioaque.

EE Cel Lima de Figueiredo

Maracaju completou este ano 95 anos, com 05 anos de existência, a cidade necessitava de uma nova unidade escolar, pois os estudantes da região da Vila Juquita e Bairro Paraguai, para chegarem na única Escola (João Pedro Fernandes), tinham que atravessar o córrego Monte”alvão, que corta a cidade, no local da travessia era conhecida como “pinguela do Arakaki”, pois na época não havia ponte, diante da necessidade nascia, em 1929, na região da Vila Juquita, a Escola Cel. Lima de Figueiredo.

O primeiro endereço da unidade escolar, em 1929, foi na rua Vacaria, hoje prédio do Posto de Saúde Nestor Ferreira Muzzi, a Escola funcionou até a década de 40, com o surgimento da Rede Ferroviária Noroeste ocorreu um crescimento vertiginoso da região, o colégio, para atender a demanda, mudou de endereço, passando as atividades para rua Noroeste, onde hoje está em funcionamento o Projeto Mirim.

O endereço da rua Vacaria funcionou, por muito tempo, como extensão da escola. Nesse contexto, para homenagear o militar e intelectual carioca que atuava na direção da ferrovia, cuja instalação foi o mecanismo propulsor do crescimento urbano, o projeto que tomou forma recebe o nome de Escola Coronel Lima Figueiredo.

José de Lima Figueiredo foi oficial do Exército Brasileiro, ensaísta, pesquisador, geógrafo e historiador, notório escritor, autor de livros como “A conquista do Brasil pelos Brasileiros” “A Noroeste do Brasil”, “Limites do Brasil”, e “Grandes Soldados do Brasil”, era natural do Rio de Janeiro e assumiu a direção de uma das estradas de ferro do país no período de 1946 a 1950, a Ferrovia Noroeste que compreendia São Paulo até o Mato Grosso, após, seguiu carreira política em São Paulo, deixando seu nome também na história de Maracaju.

A escola, que empresta seu nome, recebeu em 1977, o endereço fixo na rua Esperança, número 09, pela gestão do prefeito Luiz Gonzaga Prata Braga, oficialmente inaugurada em março de 1978, contou com a atuação de diversos profissionais, voltados ao ideal libertador da educação transformadora para o cidadão.

Nos 90 anos de existência, diversos profissionais contribuíram para a formação dos cidadãos maracajuenses, entre eles os educadores que direcionaram a instituição: Odaliria Olegário (1948), Líria Ferreira Marcondes (1955), Albaniza Barboza (1965), Cecília Castro Minervine (1966-1981), Mara Lucia Potrich Dolzan (1981), Gilberto Luiz Martinovski (1982), Terezinha Maria Perosa Berger (1983), Leocir Edigar Nardini (1983-1990)Cecílio Melgarejo (1990-1993), Edio Antonio Resende de Castro (1993-1996), Regina Correa Garcia (1996), Ramão Santos Lopes (1997), Ester Lopes da Silva (1997-1999) Maria Joana Ricart (1999-2004), Mercedes de Castro (2004-2008), atualmente professor Cleber Colpo.

A contribuição para o desenvolvimento de Maracaju é imensurável, estudantes da E.E Cel Lima de Figueiredo, hoje são protagonistas na sociedade, no âmbito municipal e estadual, como a diretora da Rede Estadual de Educação Silvana Perosa, professor Jeamilton Barbosa, empresário Marcos Stroschoen, Secretária Municipal de Campo Novo de Parecis-MT, Maria Aparecida Yonekawa, ex prefeito Celso Vargas, gerente bancária Maria Shizuca Mazzochin.

“Toda minha formação passou por esta escola, sou filho de uma servidora administrativa, estudei, fui professor, coordenador, diretor da escola e hoje, após 23 anos, tenho a grata satisfação de mais uma vez cuidar, com todo carinho, da minha querida E.E Lima de Figueiredo”, relata o secretário adjunto de Educação de Mato Grosso do Sul, Édio Antonio Resende de Castro.

A inspetora aposentada Vera Lúcia Amarila, 63 anos, nasceu na Vila Juquita e continua residindo na localidade, passou pelos três estabelecimentos, como estudante e servidora estadual efetiva por 33 anos, na função de inspetora escolar, “ Tive a oportunidade única de poder contribuir com a formação de milhares de crianças e jovens, que hoje, mesmo na fase adulta me chamam carinhosamente como “tia verinha”, não tem valor que pague esse carinho que só a Escola Cel. Lima de Figueiredo me proporcionou”, enfatiza Vera Lúcia que entrou na instituição como servidora efetiva em 1979 e aposentou em 2012.

Escola Estadual Cel. Lima de Figueiredo é direcionada pelo professor Cleber Vanderlei Colpo, conta atualmente com 749 estudantes matriculados, do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, Ensino Médio, bem como estudantes do EJA – Conectando saberes do Ensino Médio, “há quase um século estamos contribuindo para o desenvolvimento de Maracaju, sinto-me honrado por poder fazer parte desta tão honrosa história de nossa Maracaju e de Mato Grosso do Sul”, finaliza Colpo.

Texto: Adersino Junior – Secretaria de Educação de Mato Grosso do Sul