Exposição “Bancos indígenas do Brasil” é aberta em Cuiabá com apoio da Secretaria

Mato Grosso

03.11.2022

Com apoio da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), a Coleção BEI estreia nesta quinta-feira (03.11) em Cuiabá, a partir das 19h, na Galeria Lava Pés. A curadoria da mostra, assinada por Marisa Moreira Salles e Tomas Alvim, reuniu 86 bancos de 29 etnias, compondo um recorte representativo da diversidade e sofisticação da produção de bancos indígenas no Brasil. Entre as etnias encontram-se Karajá, Saterê-Mawê, Tukano, Xipaya, Waiwai, Tapirapé, Yudjá e Tiryó e outras. A entrada é gratuita e a exposição ficará disponível para visitação até 24 de março de 2023, de segunda a sexta-feira, em horário comercial.

Os bancos aliam funcionalidade e beleza; ao mesmo tempo que são reconhecidos como objetos de arte e design, preservam sua dimensão religiosa e simbólica: esculpidos em madeira, muitas vezes em formatos de animais, decorados com grafismos ou coloridos com pigmentos diversos, eles espelham o universo cultural e a cosmologia das etnias que os criam.

“O conjunto de bancos aqui apresentados revela a dialética entre a arte e o artefato, o objeto sagrado e a mercadoria, a tradição e a experimentação. Embora tenham peso simbólico e ritualístico, eles respondem também à demanda de compradores e colecionadores; são modelos fabricados com técnicas antigas, transmitidas de geração a geração, mas são também obras únicas, nas quais é possível reconhecer não apenas a cultura de que provêm, mas também o estilo único daquele que as talhou – a marca do autor, que não se confunde com o grupo”, comenta a curadora Marisa Moreira Salles.

É a primeira vez que a cidade de Cuiabá recebe o acervo da coleção, que nasceu de um deslumbramento estético com a beleza das formas, cores e grafismos dos bancos indígenas brasileiros. Uma curiosidade sobre a produção das obras é que elas são talhadas a partir de um único tronco de madeira e pintadas com resinas naturais, como o ingá misturado com pó de carvão e o urucum. O grafismo e formato das peças espelham o universo cultural e a cosmologia de cada etnia que os criou. Os bancos são geométricos ou zoomórficos, refletindo a diversidade da fauna das regiões de que provêm.

“A preservação dos padrões tradicionais e primitivos de produção revelam a extrema sofisticação estética das civilizações que floresceram no Brasil pré-colonial. Dessa forma, a partir deste único objeto, o banco, pode-se reconstruir toda a variedade, a diversidade e o refinamento das culturas ancestrais brasileiras que permanecem vivas”, complementa o curador Tomas Alvim.

A mostra em Cuiabá é realizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com patrocínio da CBMM, apoio da Secretaria do Estado de Educação (Seduc-MT), Secretaria do Estado de Cultura, Lazer e Esporte (Secel-MT), da Coleção BEI e Editora BEI. A Galeria Lava Pés fica na Avenida Jose Monteiro de Figueiredo, 510, Bairro Duque de Caxias.