Debates sobre a construção de uma base nacional curricular comum apontam para um movimento mundial em busca da melhoria da aprendizagem
No último dia 23 de maio, fazendo parte da Educar/Educador e Bett Brasil, aconteceu o Colóquio Base Curricular Nacional – uma iniciativa do Conselho Nacional de Secretários de Educação - Consed em parceria com a organização da feira, além do apoio institucional da Saraiva.
A cerimônia de abertura do evento contou com as falas José Papa Neto, diretor da i2i no Brasil; Francisca Paris, diretora Serviços Educacionais da Saraiva e da professora Maria Nilene Badeca da Costa, secretária de Educação do Estado do Mato Grosso do Sul e presidente do CONSED.
A presidente demonstrou satisfação pela realização das discussões e reflexões acerca da temática que envolve a Base Nacional Comum para a educação básica do nosso País. "Com a parceria da Bett Brasil / Educar Educador e Saraiva, estamos aqui para promover o debate a partir da socialização de experiências exitosas de outros países que, salvo as suas especificidades, podem nos indicar caminhos a serem seguidos e desafios a serem superados".
Maria Nilene Badeca reafirmou o compromisso do Consed com a educação e disse que "a melhoria da educação básica no Brasil perpassa pelo fortalecimento de uma Base Nacional Comum, que seja amplamente discutida junto ao MEC, CONSED, UNDIME e todas as instituições que contribuem para a melhoria da nossa educação".
Segundo Badeca, é imprescindível a construção de uma Base Nacional Comum que seja capaz de transpor o documento escrito e atender aos “processos de planejamento, vivenciados e reconstruídos em múltiplos espaços e por múltiplas singularidades no corpo social da educação” em todo e qualquer município ou estado deste País.
Debates
A última edição do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), da IECD, apontou que países com maior sucesso na aprendizagem de seus alunos, coincidentemente, desenvolvem e aplicam currículos básicos, com programas de estudos detalhados e inserção de novas tecnologias, para os diferentes anos ou ciclos da educação básica.
Segundo o PISA, encontram-se, nessa convergência, a República da Coreia, a Austrália, o Canadá (em suas províncias) o Reino Unido, a França e a Finlândia, entre outros. Os especialistas internacionais convidados para o Colóquio: Base Curricular Nacional compartilharam as experiências de construção de currículos em seus respectivos países.
Dr. Phil Lambert, da Australian Curriculum, Assessment and Reporting Authority (ACARA) discorreu sobre a realidade Australiana, em que alunos possuem a oportunidade de alinhar "conhecimento e competências básicas", sendo destaque no formato australiano a flexibilidade da duração na aplicação dos conteúdos. "Existem padrões básicos, um núcleo básico e uma flexibilidade nos processos de desenvolvimento do conteúdo", afirmou Lambert.
Já David Peck, da Curriculum Foundation, falou sobre o currículo nacional inglês e apontou a existência de um movimento mundial sobre a discussão e adequação de currículos comuns em diversas partes do mundo, não apenas no Brasil. "Sistemas educacionais estão se voltando para essa questão, os sistema educacionais estão sendo repensados para atender as necessidades do jovens", disse. A terceira palestrante, Guiomar Namo de Mello, presidente do Conselho Estadual de Educação de São Paulo, afirmou que é preciso engajar todos os segmentos ligados à educação que queiram construir e colaborar com esse debate.
No momento de compartilhamento ocorreram diversas manifestações, dentre elas, a professora Maria Nilene que afirmou que a Base Nacional Comum "não se trata apenas de um elenco de áreas ou disciplinas básicas, mas de um conjunto de disposições que alcancem o nível de programas de estudos. É direito de cada pequeno e jovem brasileiro ter acesso aos mesmos saberes, como condição de equidade para o exercício da cidadania e de inserção na modernidade da sociedade contemporânea".
O secretário de Educação do Estado do Espírito Santo e vice-presidente do Consed, Klinger Marcos Barbosa Alves, destacou a formação de professores no Brasil, que tem uma grande interlocução entre os Estados e o próprio MEC. Yvelise Arco-Verde, diretora de Gestão Política e Formação Docente, representante do Ministério da Educação, apontou a importância do regime de colaboração e construção gradativa da base curricular nacional, destacando o papel de participação dos professores das redes em conjunto com as universidades. Yvelise falou ainda sobre a criação um documento, que servirá para subsidiar as discussões sobre o tema.
Destinado a público restrito, o colóquio contou com a presença de Secretários Estaduais da Educação, Representação da UNDIME Nacional e UNDIMEs Estaduais, Representação do Ministério da Educação, Membros das Comissões de Educação do Congresso Nacional – Câmara e Senado –, Representação do Conselho Nacional de Educação, Representação dos Conselhos Estaduais da Educação e parceiros do Prêmio Gestão Escolar.