Central de Referência em Educação Especial transforma vidas e promove inclusão no Acre

Acre

27.06.2024

Inaugurada há pouco mais de um mês, a Central de Referência em Educação Especial tem sido um marco no atendimento aos alunos das escolas públicas da Rede Estadual de Ensino em Rio Branco.

Com uma abordagem multidisciplinar, a unidade oferece diagnósticos detalhados para estudantes que necessitam de atenção especial, abrangendo uma gama diversificada de condições, como deficiência intelectual, transtorno do espectro autista (TEA), altas habilidades e superdotação, transtornos específicos de aprendizagem, transtornos do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e transtornos do processamento auditivo central.

A equipe multiprofissional do órgão, composta por psicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos, neuropsicopedagogos e assistentes sociais, atua com o objetivo de fornecer avaliações e encaminhamentos precisos e tem caráter pedagógico e não terapêutico.

Maria do Socorro de Oliveira, neuropsicopedagoga da instituição, enfatiza a importância de uma análise minuciosa: “Avaliamos as habilidades dos alunos, observamos onde estão as dificuldades e as barreiras à aprendizagem. Com as famílias, investigamos o contexto da criança e orientamos como lidar com as dificuldades apresentadas”.

Esse trabalho começa na escola, onde professores do Atendimento Educacional Especializado (AEE) fazem uma avaliação inicial, elaboram relatórios e encaminham os casos para a Central, que envia sua equipe à escola para observar os alunos no ambiente de sala de aula, antes de levá-los para uma avaliação mais detalhada.

A instituição emite pareceres pedagógicos que orientam se o aluno necessitará de atendimento por um professor mediador, apoio da sala de recursos ou ambos. A cada seis meses, os alunos são reavaliados para ajustar os encaminhamentos conforme suas necessidades evoluem. Hadhianne de Lima, chefe do Departamento de Educação Especial, destaca que a instituição fortalece o trabalho da Educação Especial, ao integrar diferentes visões profissionais e fornecer apoio às famílias.

“Percebemos que a falta de conhecimento e direcionamento para as famílias faz com que tenham uma visão um pouco equivocada do atendimento dentro da escola”, observa.

Enquanto a neuropsicopedagoga avalia a aprendizagem do aluno, a assistente social e a psicóloga recebem, acolhem e orientam a família. Os profissionais apresentam para as famílias um mundo de possibilidades para além do diagnóstico, mostrando que cada criança é única.

Valcilda Martins tem duas filhas em avaliação. “A dificuldade maior das minhas filhas é o desenvolvimento da escrita e, principalmente, a fala. Agora vai ficar mais fácil saber que tratamento dar a elas. Estou muito satisfeita com o atendimento”, afirma.

A Central de Referência em Educação Especial tem se mostrado uma iniciativa vital para garantir uma educação inclusiva e de qualidade, proporcionando apoio integral, tanto para os alunos quanto para suas famílias, promovendo a inclusão social e o respeito às diferenças.

Atendimentos

Desde a inauguração, a entidade já realizou, a estudantes e familiares, 46 atendimentos, individuais e coletivos, abrangendo escolas de várias localidades, incluindo a capital Rio Branco, Brasileia, Cruzeiro do Sul e Porto do Acre.

Os atendimentos coletivos são realizados com a psicóloga, a assistente social e os familiares dos estudantes, com a finalidade de ouvi-los e orientá-los. Na terça-feira, 18, a equipe promoveu um deles em Plácido de Castro, nas escolas Jader Saraiva e Edmundo Pinto.

A Escola Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, localizada no bairro Aviário, em Rio Branco, foi uma das instituições beneficiadas, recebendo a visita da equipe para avaliar alunos indicados pelo estabelecimento escolar para investigação mais aprofundada.

“Temos quatro alunos que precisam ser encaminhados para a Central, para avaliação com a equipe multidisciplinar. São casos em que a escola não está conseguindo dar o suporte necessário para a família. Hoje estamos recebendo a segunda visita da equipe, que veio para somar e nos ajudar”, declara a gestora Ana Cláudia Pessoa.

Saúde na Escola

Além do atendimento especializado, a Central de Referência abriga o Núcleo de Saúde Escolar, que oferece serviços oftalmológicos, odontológicos e consultas com clínicos gerais.

O atendimento odontológico, além de oferecer o tratamento, promove também palestras sobre saúde bucal e entrega de kits de higiene dental, para prevenção da cárie nas crianças. É uma oportunidade para que os pais recebam tratamentos específicos para os filhos, a custo zero. A ortodontia é uma das ações do programa Saúde na Escola.

Já o programa Olhar Digital garante consulta oftalmológica gratuita e distribuição de óculos de grau para os alunos da rede estadual de ensino. No último dia 18, uma equipe do programa esteve na Escola Agnaldo Moreno, localizada no km 23 da Estrada do Quixadá, na zona rural de Rio Branco, para realizar triagem oftalmológica dos estudantes e posteriormente, consulta e entrega de óculos.

No atendimento clínico, os médicos prescrevem medicamentos, exames laboratoriais e de imagem, bem como encaminhamentos para especialistas, além das orientações médicas. “Essa ação é muito importante; que aconteça em todas as escolas, porque muitas mães não têm tempo, trabalham o dia inteiro e, com essa oportunidade, é um privilégio que as crianças sejam atendidas na própria escola onde estudam. Muito proveitoso, tanto para os pais quanto para os alunos”, opinou Jardilene de Souza, mãe de uma criança autista.

A Escola Natalino da Silveira Brito, localizada na Estação Experimental, também em Rio Branco, recebeu a equipe do Núcleo Saúde na Escola, no último dia 19, para um dia de consultas e orientações médicas, atendendo 70 alunos e mais de 20 servidores.

“Fizemos primeiramente uma triagem, que resultou na seleção de 70 crianças para atendimento clínico e mais de 20 servidores. A equipe do programa Olhar Digital está agora na zona rural, fazendo triagem dos alunos que precisam de consulta oftalmológica e óculos, em parceria com o Olhar Brasil, do governo federal”, informou a enfermeira Mariana Borssio.

Por Clícia Araújo

Foto: Jóse Caminha/Secom