Sergipe
29.04.2021Dando continuidade à programação que comemora o centenário do educador Paulo Freire, a Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura (Seduc) realizou na quarta-feira, 28, um webinário via YouTube da Educação Sergipe, cujos temas foram diálogos de esperança e saberes restaurativos, contando com a palestra do professor Arthur Meucci, da Universidade Federal de Viçosa (UFV-MG). O evento foi mediado pela coordenadora do Serviço de Projetos Escolares em Direitos Humanos, Adriane Damascena, e pode ser revisto por meio do link: https://youtu.be/qOGutd9vqLA.
O professor Arthur Meucci iniciou sua fala esmiuçando a proposta da palestra, que, segundo ele, deve ser construída a partir do pensamento e contribuição coletiva e da realidade de cada região. Em seguida, explana sobre a vida de Paulo Freire e a relação com o tema. “A gente tem que reparar alguns aspectos da vida de Paulo Freire para entender exatamente como foi produzido seu pensamento. A produção das pessoas têm muito a ver com sua história, e eu acredito que a experiência de vida de Paulo Freire vai nos explicar os conceitos que ele formulou e as chaves que ele tinha para responder às questões que são demandadas hoje”, declarou.
“Quando me propuseram a questão a ser debatida, estavam pensando exatamente sobre os direitos humanos e os saberes restaurativos. Entretanto, fica difícil ou impossível não pensar na relação entre violência e a falsa autoridade no pensamento de Paulo Freire. De forma geral, a violência se caracteriza pelo abuso intencional do poder ou da forma simbólica, material, física, tecnológica, psicológica ou econômica para lesar uma pessoa. No humanismo freiriano a questão da violência ganha um papel de destaque nas discussões sobre ética, especialmente referentes às relações entre opressores e oprimidos", disse o palestrante.
Nessa perspectiva, ele ainda assegura que limites, liberdade e autoridade jamais autorizaram qualquer tipo de violência contra crianças. "Quem bate ou pressiona, força para ensinar, ensina a bater e a dominar pela força, esperteza ou artimanhas da enganação e desistências. É nesse contexto, chamado de violência e para a desumanização, próprias da sociedade de classe, que Paulo Freire refere-se ao homem marginalizado como “excluído do sistema social”. A escola pública concentra os violentados pela sociedade brasileira".
"Freire distingue entre a violência do opressor, que leva à manutenção social e "é exercida a fim de expressar a violência implícita na exploração e dominação", e a violência do oprimido que "é usada para eliminar a violência mediante a transformação revolucionária da realidade", exemplificou o professor Arthur Meucci.
Próximos encontros
O próximo encontro acontecerá no dia 3 de maio, às 15h, e o tema sugerido será “O ato de educar que implica uma atitude ética”, com a presença do pesquisador Valdir Borges, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), e a mediação da professora Cleciane Santos Alves.
Para o segundo semestre foram reservados três encontros: em 9 de junho, às 15h, com a pesquisadora local Joelma Carvalho Vilar, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), que falará sobre o tema “Leituras freireanas: diálogos que permanecem”, cuja mediadora será a professora Meire Ferreira da Silva.
No dia 12 de agosto, às 10h, o tema tratado será “Paulo Freire em tempos de esperança”, com a participação de Alder Júlio Ferreira Calado, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru (FAFICA/UFPB), e a mediação do professor Carlos Alexandre Aragão.
Por fim, no dia 15 de setembro, às 15h, na mesma semana de aniversário do educador Paulo Freire, os participantes irão refletir sobre o tema “Paulo Freire entre o passado e o futuro”, com o pesquisador local Christian Lindberg Lopes do Nascimento, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), e o mediador professor Jonas José de Matos Neto.
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