Ceará
19.05.2021A Secretaria da Educação (Seduc) realizou, nesta quarta-feira (19), a webinar “Boas Práticas de Busca Ativa Escolar – Nem 1 Aluno Fora da Escola”. O encontro contou com a participação da secretária da Educação, Eliana Estrela; do coordenador da Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação (Crede) 9, Pedro Henrique Sampaio; da diretora da Escola de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI) Professor José Teles de Carvalho, Maria Aparecida Rodrigues; e da professora Danyelle Matos, da Escola de Ensino Médio (EEM) Hermínio Barroso. A mediação do diálogo ficou por conta do estudante Jerry Lima, que cursa a 2ª série do curso técnico em Logística na Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP) Joaquim Filomeno Noronha.
O evento faz parte de um conjunto de ações realizadas entre os dias 14 e 26 deste mês, com o objetivo de disseminar estratégias para a permanência dos estudantes durante toda a educação básica. A programação vem ocorrendo de forma online e envolve toda a rede pública estadual de ensino.
Eliana Estela explica que existem dois aspectos a serem observados pelas escolas neste processo. O primeiro visa garantir que nem um aluno fique para trás. E o segundo estabelece a avaliação diagnóstica, com o objetivo de permitir o planejamento de estratégias cada vez mais efetivas. “Precisamos estar cada vez mais juntos. Além de mantermos os alunos, é necessário entendermos como estamos hoje e para onde vamos, tanto em nível cognitivo, como em nível socioemocional”, aponta.
A secretária enfatiza, ainda, que o aperfeiçoamento da rede tem sido constante. “Nós não paramos nem um dia de trabalhar. As escolas não estão funcionando presencialmente, mas estão tendo aulas remotas. Professores se reinventaram e estão se dedicando cada vez mais. E os alunos enfrentaram vários desafios, como a falta de internet, além das incertezas, das dores e das perdas. Com tudo isso, a educação está se mantendo firme, porque tem um time aguerrido e que acredita no potencial do jovem”, destaca.
A ação conta com o suporte de articuladores da Coordenadoria de Protagonismo Estudantil da Seduc, presentes nas Regionais espalhadas por todo o Ceará, e tem também o apoio de estudantes gremistas e líderes de turma, além de professores e gestores escolares. A mobilização inclui diversas ações e atividades, capilarizadas por todo o estado, com a finalidade de encontrar alternativas para reverter quadros de infrequência e de abandono, além de abrandar os impactos da pandemia na aprendizagem.
O coordenador da Crede 9, Pedro Henrique Sampaio, acrescenta que o estabelecimento de uma rede de proteção, construída em parceria com os Conselhos Tutelares nos municípios, bem como a aposta no protagonismo estudantil, foram fatores determinantes para o sucesso das ações nas escolas da Regional.
“Começamos o ano de 2021 com o grande desafio de garantir a matrícula dos que concluíram o ano de 2020, principalmente, dos que tiveram baixa interação. Isso demandou muito cuidado no processo de planejamento da matrícula, ainda mais, porque não podíamos ter o contato presencial com as famílias. Fizemos todo um trabalho de mobilização para receber os alunos do 9º ano, apresentando a rede estadual para que eles pudessem ser bem acolhidos. E incentivamos que estudantes chamassem seus colegas, motivando-os a retornar ao convívio escolar”, exemplifica.
A força-tarefa tem focado nos estudantes com dificuldades de adesão ao ensino remoto/híbrido, incentivando-os à participação na rotina da escola, à integração, à empatia e à cooperação, tendo em vista a promoção da equidade no ensino.
Aparecida Rodrigues chama a atenção para o trabalho desenvolvido na EEMTI Professor José Teles de Carvalho, em Brejo Santo. Tanto os alunos – por meio dos Grupos Cooperativos de Apoio à Permanência Estudantil (GCape) – como os professores, que pensaram em atividades de recuperação para os que haviam perdido conteúdo, colaboraram para que a reinserção dos ausentes fosse bem-sucedida.
“Em agosto de 2020, fizemos um mapeamento dos alunos que não apresentaram devolutivas das atividades. Nossa preocupação era pela dificuldade de comunicação com eles, que às vezes bloqueavam as ligações feitas pelos diretores de turma, ou até mudavam o número de celular. Com os Grupos de Cooperação, conseguimos um suporte para fazer a comunicação com os colegas. A primeira tarefa dos Grupos era descobrir em qual rede social seria possível estabelecer contato com os ausentes. Quando conseguiam, não iam já pedindo ao outro para voltar, mas iam na intenção de conversar, de saber como estavam as coisas. Ao mesmo tempo, fazíamos visitas domiciliares, demonstrando que a escola vai ao encontro do aluno, e conversávamos com as famílias. Assim, fomos conseguindo reconquistar os mais distantes”, esclarece.
A professora Danyelle Matos, que é diretora de uma turma de 1ª série na EEM Hermínio Barroso, em Paracuru, ressalta a importância de identificar o perfil dos alunos. “Cada um tem uma realidade diferente. Neste ano, tivemos que estabelecer um elo de confiança com os estudantes e as famílias sem ter nenhum contato presencial. Ainda existem alguns em quem não conseguimos chegar. E vimos que precisávamos fazer algo mais, além de tudo o que já vínhamos fazendo. Assim, todos os professores estão responsáveis por coordenar os trabalhos em cada turma. Todos são um pouquinho de diretor de turma, assim como o vigilante, as merendeiras e todos da escola, que fazem uma busca ativa diária. Precisamos entender o que leva o aluno a estar fora da escola. Fazemos tudo isso com muito amor, pensando em cada um”, considera.