Atletas do CID Paralímpico de São Sebastião destacam-se dos Jogos Escolares do DF

Distrito Federal

23.06.2025

Atletas com deficiência do Centro de Iniciação Desportiva Paralímpico (CIDP) de São Sebastião marcaram presença nos Jogos Escolares do Distrito Federal (JEDF) 2025, provando que inclusão e alto rendimento podem andar lado a lado. Pela primeira vez, estudantes com deficiência competiram nas modalidades regulares da 65ª edição da competição. Em maio, o estudante Vitor Hugo Soares, de 15 anos, conquistou a medalha de bronze nos 200 metros medley da natação.

Aluno do Centro Educacional (CED) São Bartolomeu, em São Sebastião, Vitor superou o desempenho de nadadores de escolas particulares com tradição na modalidade. Para o técnico e professor, Alexandre Fachetti, a conquista tem um peso simbólico. “É uma vitória para a rede pública e para os estudantes com deficiência, que raramente têm a mesma visibilidade que os atletas das categorias regulares”, conta.

Alexandre Fachetti trabalha com estudantes de sete a 17 anos nas modalidades de natação e atletismo, acompanhando sua evolução e apoiando sua participação em competições nacionais e internacionais. Em 2025, o CID Paralímpico decidiu inscrever seus atletas em situação escolar nas modalidades regulares.

A decisão de competir na modalidade regular surgiu do desafio de inserir os esportistas em competições com maior visibilidade. Além de não receber a mesma cobertura midiática, o número de paratletas inscritos é baixo, em comparação ao total de competidores regulares.

 
Superação

 

Com deficiência intelectual, Vitor encontrou no esporte um espaço de acolhimento e superação com o suporte da família, especialmente da mãe, Charlene Soares, e dos professores do CID. Ele começou no atletismo em 2021, mas se apaixonou pela natação, onde já coleciona inúmeras medalhas. “Foi muito treinamento e apoio. Foi muito feliz subir ao pódio”, contou o atleta, que aprendeu a nadar no Centro Olímpico de São Sebastião.

O adolescente, que é o mais velho de cinco irmãos, enfatiza o incentivo da mãe para persistir na natação. Segundo ele, esse apoio foi fator essencial para ajudá-lo a conquistar a Bolsa Atleta, com recursos financeiros para viajar para as competições dentro e fora do Distrito Federal.

A professora de educação física e técnica de atletismo, Lucimar Neves, atuante no Centro Olímpico de São Sebastião desde 2012, fala da satisfação em ver os atletas PCDs trilharem o caminho esportivo. “É um orgulho para nós. Eles iniciaram a vida esportiva no CID e não tinham experiência em competição. E já participaram de várias competições de nível nacional, são ranqueados aqui no desporto paralímpico e conquistaram a bolsa atleta“, destaca a docente.

O CID Paralímpico também trabalha a responsabilidade dos alunos, promovendo o compromisso com os estudos, o bom desempenho escolar e o comportamento adequado. Além disso, serve de ponte rumo a outras instituições do DF para prosseguimento da carreira na vida adulta, com o apoio para chegar a grandes competições como o meeting para as Paralimpíadas Escolares, que acontecerá em agosto deste ano, além de competições estaduais e nacionais.

 
Representação feminina

 

Outro exemplo de destaque é Juliana Gomes, de 17 anos, que vai representar o Centro de Ensino Médio (CEM) 01 de São Sebastião na prova de atletismo neste fim de semana (14 e 15). Juliana também tem deficiência intelectual, e usa o esporte como forma de superação desde a perda do pai, durante a pandemia. A atleta está ansiosa para dar o seu melhor na competição e, assim como Vitor, ostenta muitas medalhas conquistadas na carreira.

Comecei a treinar em 2021. No começo, só fazia meia-volta na pista, não queria continuar. Mas a Tia Lu e o Tio Xande acreditaram em mim. Hoje tenho 50 medalhas”, comemora a estudante, que também é beneficiária da Bolsa Atleta e já competiu em cidades como Goiânia e São Paulo.

Filha única, Juliana reconhece o papel fundamental da mãe, Antonieta Gomes, como sua base emocional. “Ela sempre me incentiva. Às vezes, cobro muito de mim, mas ela me ajuda a manter a calma”. Juliana sonha em cursar Educação Física e quer inspirar outras meninas a seguir no esporte.

 

Texto: Thays de Oliveira, Ascom/SEEDF

Foto: André Amendoeira, Ascom/SEEDF.