Alagoas
18.11.2019Movimentos precisos, voleios, disciplina e muita concentração. Essa é a rotina de cerca de 80 jovens que, quatro vezes por semana, frequentam o Projeto Taekwondo nas Escolas, na Escola Estadual Miran Marroquim, na comunidade Piabas, no Jacintinho. A iniciativa, além de medalhas, trouxe aos jovens envolvidos conquistas para as suas vidas.
Tudo começou em 2012, quando o mestre Cleiton Pereira chegou à unidade de ensino por sugestão de um familiar que entendia que a arte marcial seria benéfica para a juventude local. Cleiton, que na infância praticava o esporte em praças públicas do Jacintinho, quis fazer por outros jovens o que o seu mestre fez por ele.
“Este é um projeto que não só dá aulas, mas ajuda famílias, tendo como pilares valores como educação, respeito e humildade. Desde o início, tivemos apoio da então diretora Lidiana e dos atuais gestores Tony e Maurício. Também recebemos muitos agradecimentos das famílias que dizem que, após o taekwondo, o comportamento de seus filhos melhorou”, conta Cleiton.
O projeto, que iniciou com dez estudantes do Miran Marroquim, hoje conta com aproximadamente 80 participantes, incluindo também alunos das escolas estaduais Théo Brandão, Maria das Graças de Sá Teixeira e Theonilo Gama; Escola Municipal Arnon de Mello e comunidade do Jacintinho em geral. “Ano que vem, levaremos o projeto também para o Complexo Benedito Bentes, mais precisamente na Escola Estadual Lafaiette Belo”, adianta Cleiton.
Escola e comunidade – O diretor da Escola Estadual Miran Marroquim, Tony Correia e a ex-diretora e atual titular da 1ª Gerência Regional de Educação (Gere), Lidiana Costa, são unânimes ao afirmar que o projeto, além de trazer melhorias ao comportamento dos alunos, fortaleceu os laços entre a instituição e a comunidade, visto que a escola abre suas portas para as aulas nas noites de segunda, quarta e sexta-feira e tardes de sábado.
“É muito importante termos ações que promovam esta interação com a comunidade, realizando, desta forma, uma gestão participativa e fomentando a cidadania entre os jovens por meio da prática esportiva”, avalia Tony.
Madrinha do projeto desde o período em que esteve na gestão, Lidiana enxergou na arte marcial uma aliada para afastar os estudantes de influências negativas. “Com recursos do Programa Mais Educação, compramos os materiais necessários e adaptamos uma sala ociosa para as aulas de taekwondo. O esporte afasta as crianças e jovens das más influências e ajuda a formar cidadãos empenhados em fazer o bem. Por isso, sempre buscamos apoiá-los”, relata Lidiana.
Formando campeões – Os resultados do projeto podem ser vistos pelas medalhas conquistas em Alagoas e fora do estado – estiveram recentemente no Brasileiro de Taekwondo em Iguarassu em Pernambuco e, neste final de semana (16 e 17/11), no Paraíba Open em Sertãozinho (PB) – e também pela transformação pessoal de seus participantes.
Albert da Silva e Alice Marques Lins são exemplos do poder transformador do projeto. Além da trajetória vitoriosa no esporte - cada um coleciona mais de dez medalhas de ouro e prata – eles romperam barreiras pessoais e disseram ter se tornado melhores seres humanos.
“Minha vida mudou. Sou muito tímido, mas depois do taekwondo, passei a me comunicar melhor, aqui me sinto bem, fiz muitos amigos. Também ganhei foco e melhorei o meu comportamento. O valor mais importante que o esporte nos ensina é o respeito ao próximo”, destaca Albert, aluno da 2ª série do ensino médio da Escola Estadual Miran Marroquin que compete na categoria – 62 kg.
Já Alice, precisou ultrapassar obstáculos culturais: ela e outra amiga eram as únicas meninas do grupo e a mãe, por achar o esporte violento e masculino, não queria que filha frequentasse as aulas. O tempo e os resultados mostraram que a filha estava no lugar certo. “Quando ela me viu treinando e viu os resultados, ficou super orgulhosa ao ver mulheres mostrando seu valor e ganhando espaço. Hoje é uma das maiores incentivadoras no esporte. Com o taekwondo, melhorei em todos os sentidos e fortaleci valores como respeito, companheirismo e união”, frisa Alice, estudante da 2ª série do ensino médio do Colégio Monte Sinai.