“Amamos o que fazemos”, dizem merendeiras sobre trabalhar com alimentação de estudantes da rede estadual

Amapá

31.08.2020

Por Valdeí Balieiro 

As merendeiras exercem um papel fundamental no processo educacional na rede pública de ensino, haja vista a importância de oferecer aos estudantes uma alimentação saudável e livre de riscos, sejam eles físicos, químicos ou biológicos.

Mas, nessa pandemia motivada pelo novo coronavírus que acarretou na suspensão das aulas, essas profissionais viram uma mudança enorme em sua rotina, mas sem deixar de irem às escolas para manter a higiene de seus locais de trabalho enquanto esperam pelo retorno das aulas presenciais.

Na escola Estadual Benigna Moreira, localizada no Bairro Congós, Zona Sul de Macapá, três merendeiras com muitas histórias e experiências de sobra, contam como contribuem para a educação e o que esperam do pós-pandemia.

Margarida Brito da Silva, de 60 anos de idade, que está desde a inauguração, em 2001, enfatiza que trabalhar com a alimentação dos estudantes é entendê-los.

“Eu gosto do que faço, adoro trabalhar aqui. Por isso, posso afirmar que pela forma como os alunos chegam até a gente e pedem alimentação, deduzimos sua necessidade. Vivemos um momento difícil, mas quando tudo isso passar nós estaremos aqui para oferecer uma alimentação de qualidade”, disse Margarida Brito.

Com quase 20 anos trabalhando na cozinha da escola, Alicedalva do Carmo, de 62 anos, tomou todos os cuidados necessários que esse momento exige antes de retornar à escola para ajudar na montagem do kit merende em casa que foi distribuído aos estudantes do Benigna. Essa foi a forma encontrada pela merendeira para matar um pouquinho da saudade dos alunos, mesmo à distância.

“Sinto muita falta de atendê-los. Eu sei que o alimento é essencial para que eles sigam estudando, e o kit merenda vai ajudar muito nesse momento”, comentou emocionada, Alicedalva do Carmo.

Além de elaborar o alimento, as merendeiras ainda dão importância ao cuidado e ao afeto na relação com os alunos, o que deve ser reconhecido.

Rita de Cássia Palheta, de 47 anos, sabe bem como se relacionar com os estudantes. Na escola Benigna Moreira, a merendeira trabalha no turno da noite e lida diretamente com alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Segundo ela, os adultos compreendem o trabalho das merendeiras e não extrapolam nas brincadeiras.

“Eu trabalho com os alunos da EJA, durante a noite, em sua maioria adultos. Por isso, o tratamento é mais diferenciado, mesmo assim é com respeito e sempre compreendendo a condição de cada um. Há alunos que, cansados e sem tempo de comer, chegam cedo e pedem, então damos comida para eles e ainda dizem que não viam a hora de chegar aqui para comer. Ouvir isso aperta nosso coração, mas também faz nosso trabalho fazer sentido”, concluiu Rita de Cássia.

Escola Benigna Moreira

Atualmente a escola conta com 945 estudantes regularmente matriculados dos bairros Congós, Novo Buritizal e Zerão. Para amenizar a suspensão das aulas presenciais, professores estão trabalhando o uso da plataforma Sistema de Gestão da Educação (Sigeduc) com os alunos.

De acordo com a direção, esse trabalho é realizado todos os dias e conta a participação em massa dos estudantes.

Estrutura física

Durante visita a escola Benigna Moreira, na última sexta-feira, 28, a secretária de Educação, Goreth Sousa, constatou o uso dos recursos pela unidade escolar no valor de R$ 200 mil e alinhou para que novas melhorias sejam trabalhadas em sua estrutura.

“É uma escola que exige participação da comunidade para zelar por ela, e que pode crescer ainda mais com os investimentos que vêm sendo feito em todas as unidades escolares do estado”, frisou a secretária.