Alunos que Inspiram: autores das melhores obras são premiados em evento de encerramento

Ceará

31.08.2023

A Secretaria da Educação (Seduc) premiou, na quinta-feira (31), os estudantes cujas produções artísticas mais se destacaram no VII Festival Alunos que Inspiram. A cerimônia de encerramento foi realizada no Theatro Via Sul, em Fortaleza, e contou com a apresentação dos trabalhos vencedores ao público presente, nas 15 categorias propostas. A iniciativa visa identificar, valorizar e dar visibilidade à produção cultural dos estudantes matriculados na rede pública estadual do Ceará. A solenidade contou com as presenças da secretária Eliana Estrela e do secretário executivo de Equidade e Direitos Humanos, Helder Nogueira. Também compareceram as secretárias da Diversidade, Mitchelle Meira, e da Juventude, Adelita Monteiro.

Com a ação, o Governo do Ceará reconhece que a formação integral dos estudantes passa pelo incentivo à imaginação, à criatividade e à expressividade, como parte do processo de construção da própria identidade e da realização pessoal. Nesta edição, as obras deveriam ser criadas a partir do tema: “a cultura afro-brasileira e sua contribuição para uma educação antirracista”.

Assim, ao longo das fases escolar, regional e estadual, buscou-se envolver a juventude da rede estadual em práticas que abordassem os desafios de viver a multiplicidade das identidades, valorizando aspectos da cultura do povo negro (africano e afro-brasileiro), como a corporeidade, a memória, a história e os saberes, trazidos desde o Brasil Colônia.

Conscientização

Vitorya Havilla Sampaio, estudante da Escola de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI) Almiro da Cruz, localizada em Barbalha, teve o trabalho premiado na categoria música autoral, com a composição denominada “Minha África”. A jovem enaltece o incentivo recebido pela unidade de ensino.

“O Almiro da Cruz sempre foi muito aberto à comunicação e à arte. Todos os meses fazemos um evento diferente. Então, somos incentivados a inspirar outros alunos. Participar desta ocasião, para mim, é uma honra. Acho de extrema importância que este projeto continue e que outras pessoas venham fazer o que estamos fazendo agora. Na música, falo sobre religião, preconceito, e sobre coisas que já passei na vida, como mulher negra, que já teve dificuldade de se aceitar”, ressalta.

Wellington do Nascimento, estudante da Escola de Ensino Médio (EEM) Jaime Tomaz de Aquino, situada em Beberibe, foi um dos agraciados na categoria Cordel. O jovem apresentou a obra “Chegando em navios escravistas, construí um país libertador”.

“É uma experiência incrível, e o melhor de tudo é que a escola incentiva os alunos a serem protagonistas. Estou aqui hoje para mostrar a arte do cordel, com o objetivo de retratar não apenas o sofrimento, mas também toda a riqueza que a negritude deixou para nós, importante até os dias de hoje. Para a sociedade brasileira, a escravidão ficou apenas na história. Mas sabemos que houve sofrimento de verdade, em que milhares de pessoas viveram uma situação precária, e que precisa ser sentida pela sociedade de hoje”, ressalta Wellington.

Júnior Marcos da Silva, aluno do Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja) João da Silva Ramos, em Camocim, ficou entre os vencedores na categoria graffiti, com a obra “Onilé: divindade, criação e preservação da terra, dia e noite”. Para o estudante, fazer parte deste momento é uma experiência especial. “A pintura busca simbolizar a África, a natureza e o Brasil. Foi muito emocionante saber que ganhei”, relata Júnior.

Eliana Estrela classificou como “uma grande festa” o encerramento do festival, que reuniu estudantes de todas as partes do Ceará. “Após nossos alunos terem demonstrado seus talentos nas escolas e nas regionais, estão agora tendo a oportunidade de mostrar suas habilidades perante todo o estado. Com isso, podem interagir e desenvolver competências cognitivas e socioemocionais para além da sala de aula. Sabemos, também, que o tema do Festival é uma pauta que deve fazer parte do nosso cotidiano, pois precisamos combater todos os tipos de violência e discriminação. Queremos uma escola cada vez mais solidária e inclusiva, em que haja respeito, amor e fraternidade. Também reconhecemos a presença e a atuação dos professores neste processo”, aponta a secretária.

A lista de trabalhos vencedores foi publicada no site da Seduc no último dia 16. Ao todo, foram premiados 103 estudantes, provenientes de 40 escolas da rede estadual de ensino em todo o Ceará, cujas produções artísticas se destacaram nas seguintes categorias:

1. Artes visuais
Desenho à mão livre
Pintura
Graffiti
Fotografia

2. Criação literária
Poema
Cordel
Quadrinhos
Crônica

3. Dança
Dança

4. Música
Intérprete
Banda Cover
Autoral
Banda autoral

5. Teatro
Esquete Teatral

6. Cinema
Documentário em curta-metragem

O Festival ocorre, anualmente, por meio da Coordenadoria de Protagonismo Estudantil da Seduc. Em 2023, o certame aconteceu em três fases: escolar, regional e estadual. A primeira etapa foi organizada pelas próprias escolas, que indicaram os trabalhos selecionados para o momento seguinte. A fase regional ficou sob responsabilidade de cada Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação (Crede) e Superintendência das Escolas Estaduais de Fortaleza (Sefor), que elegeram as produções que deveriam seguir para a fase subsequente. Na etapa estadual, gerida pela Seduc, foram escolhidas as três melhores obras de cada categoria, igualmente premiadas, sem a realização de ranqueamento. Para cada expressão artística, foi contemplado um artista com deficiência.