Educação de São Paulo propõe aliança com municípios para alfabetizar crianças até os 7 anos de idade

São Paulo

22.02.2024

O governador Tarcísio de Freitas e o secretário da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP), Renato Feder, lançaram nesta terça-feira (20), o programa Alfabetiza Juntos SP, uma iniciativa que pretende unir os 645 municípios e as 91 diretorias de ensino visando atingir a alfabetização de crianças até os 7 anos. O evento foi realizado na Sala São Paulo, na capital.

A meta do Alfabetiza Juntos SP é ter 90% de crianças leitoras até o fim da atual gestão, em 2026. Para isso, a Educação vai enviar material didático aos municípios, formar seus professores e ampliar a aplicação da Avaliação da Fluência Leitura, uma dos projetos da Educação em andamento desde o ano passado e que integra as ações do programa. Na última avaliação da Fluência Leitora, em dezembro de 2023, 64% das crianças matriculadas nas unidades estaduais e em 600 municípios participantes eram consideradas leitoras iniciantes ou fluentes.

“Quem se alfabetiza melhor é quem vai melhor lá na frente, é quem vai ter o melhor resultado na Prova Paulista, no Provão Paulista e no vestibular. E aí, de fato, nós precisamos cuidar da base e alfabetizar na idade certa”, afirmou o governador.

“Temos que trabalhar a base, e o Estado tem uma responsabilidade importante. Nós vamos trabalhar com os municípios, a responsabilidade é nossa também. Precisamos estimular e incentivar, e o programa Alfabetiza Juntos SP está calcado nisso”, completou Tarcísio.

Para que o Alfabetiza Juntos SP se transforme em uma política pública de Estado, o governador assinou um decreto de criação do programa. Atualmente, 1.400 escolas estaduais oferecem os anos iniciais do Ensino Fundamental. Essas unidades também integrarão o programa com vistas à alfabetização plena. 

“O Alfabetiza Juntos SP é um acontecimento que precisa da união de todos os 645 municípios para que, assim, possamos construir um estado com crianças fluentes na leitura. Mais do que uma ação deste governo, o programa é uma política pública de estado, que deve ultrapassar os anos, e envolver as comunidades escolares, sempre com foco no aluno”, disse o secretário da Educação, Renato Feder.

O Alfabetiza Juntos SP é uma iniciativa da Seduc-SP, com apoio técnico da União dos Dirigentes Municipais de Educação do Estado de São Paulo (Undime-SP) e em parceria com a Aliança, coalizão formada por Fundação Lemann, Instituto Natura e Associação Bem Comum. Não há qualquer contrapartida financeira do Governo do Estado de São Paulo.

Fluência Leitora

Em 2023, a Secretaria da Educação implantou na rede a Avaliação de Fluência Leitora, realizada em duas edições, entre julho e agosto, e em dezembro, com resultados essenciais para balizar as ações do programa.

Na primeira edição, participaram das provas de leitura 328,9 mil alunos da rede pública, em escolas presentes em 606 cidades. Os resultados davam conta que 56% dos alunos do 2º ano do Ensino Fundamental eram leitores fluentes ou leitores iniciantes e 44% eram pré-leitores no início do segundo semestre. 

Na segunda edição, participaram das provas de leitura 343,8 mil estudantes do 2º ano do Ensino Fundamental de 600 cidades paulistas. Um total de  26,2 mil professores aplicaram a avaliação. No segundo semestre, o salto foi de 8% no índice de alunos leitores iniciantes e leitores fluentes.

São consideradas leitoras fluentes as crianças que conseguem ler entre 45 e 60 palavras corretamente no decorrer de um minuto, entre 28 e 40 pseudopalavras (palavras inventadas ou sem significado) e atingem 97% de precisão na leitura de palavras existentes em um texto.

A Fluência Leitora avalia o desempenho individual dos alunos na leitura e compreensão de textos escritos, visando identificar possíveis lacunas no processo de alfabetização. A atividade prática permite verificar a capacidade dos estudantes no entendimento de palavras, pseudopalavras e textos adequados a sua etapa escolar, levando em consideração sua habilidade, fluidez e ritmo de leitura. 

O conhecimento dos estudantes é medido por meio do aplicativo exclusivo do CAEd (Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação), utilizado para a gravação e validação da leitura das crianças. 

Este ano, com a expectativa de implantação do Alfabetiza Juntos SP nos municípios paulistas, a previsão é que a avaliação tenha duas edições, no fim do primeiro e do segundo semestre.

Prêmio para os melhores municípios

Durante o evento desta terça-feira, o Governo do Estado premiou 120 municípios que se destacaram na Avaliação de Fluência Leitora no ano passado. Os 120 municípios estão divididos em duas premiações: “leitores” para as cidades destaque no percentual de crianças leitoras e “crescimento” para as cidades que mais avançaram nos resultados em relação à primeira edição.

Os municípios foram divididos em três etapas, pequeno, médio e grande porte, de acordo com o número de habitantes. Entre os municípios premiados estarão Barretos, com 142 docentes e 1.322 alunos do 2º ano do Ensino Fundamental. A cidade atingiu 79% de alunos leitores iniciantes ou fluentes. Embu das Artes, por sua vez, será premiada na categoria crescimento, com avanço de 15% no número de leitores iniciantes e fluentes em relação ao primeiro semestre.

‘Percebemos que o impossível pode acontecer’

No distrito do Jardim Ângela, zona sul da capital, a Escola Estadual Professora Josephina Cintra Damião, localizada na Chácara Nani, já está prestes a alcançar a meta da Educação para 2026. Na segunda edição da Fluência Leitora de 2023, a unidade de ensino  atingiu 85% de alunos leitores iniciantes e leitores fluentes. 

Segundo a diretora Altamira Rodrigues de Oliveira Rocha, a Fluência Leitora se transformou, ao longo do ano, em projeto central dos professores do 2º ano do Ensino Fundamental. “Nossos indicadores já estão no foco central do nosso planejamento para este ano letivo. Nossos resultados são fruto do trabalho da nossa coordenação e dos professores que vestem a camisa da escola, que já estão definindo o que faremos para que os nossos resultados sejam ainda melhores nas próximas edições da avaliação. Nossa escola está em uma região extremamente carente da cidade, temos 1.500 estudantes dos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental, Ensino Médio e EJA. Quando vimos esse resultado, soubemos que o impossível pode acontecer”, confirma a diretora.

Além das atividades do Currículo Paulista, a diretora exaltou o projeto de sacola viajante, com envio de livros para leitura das crianças e seus familiares em casa, e o incentivo ao hábito de leitura e troca entre alunos e professores dentro da sala de aula. “Nossos professores definiram a Fluência Leitora como atividade permanente, liam com os alunos, cronometravam as leituras. As crianças tomaram gosto pelos livros e passaram a indicar a leitura para os amigos de sala. Nossos pequenos viraram influenciadores de livros”, comemora a diretora.

Como vai funcionar 

A adesão dos municípios ao Alfabetiza Juntos SP deve ser feita por meio de cadastro no Plano de Ações Integradas do Estado de São Paulo (Painsp). No regime de colaboração entre Estado e prefeituras, a Secretaria da Educação ficará responsável por:

- Formação continuada para professores alfabetizadores, gestores escolares e equipes regionais, concomitante ao início das parcerias firmadas nesta terça. A capacitação será feita em encontros online e presenciais, com formação desenvolvida pela Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação do Estado de São Paulo (Efape);

- Avaliação e monitoramento dos níveis de proficiência em leitura e das estratégias definidas pelos municípios, incluindo participação na próxima edição da Avaliação de Fluência Leitora

- Material didático impresso e complementos em versão digital para todos os alunos e professores dos 1º e 2º anos

- Disponibilização da plataforma de leitura Elefante Letrado para as escolas

- Criação de incentivos financeiros para escolas com os melhores resultados de alfabetização, monitoradas por meio do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) para 2º e 5º anos do ensino fundamental.  A expectativa do Estado é investir R$ 200 milhões nesta ação.