DISCUSSÃO
10.11.2016O Instituto Unibanco, em parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), apresentou nesta quarta-feira (9/11), em São Paulo, o Seminário Internacional Desafios Curriculares do Ensino Médio. O objetivo do evento, que ocorre até amanhã (10/11), é contribuir com a discussão em torno das principais questões e dilemas da estrutura e do currículo do Ensino Médio no País, reunindo especialistas brasileiros e estrangeiros, gestores públicos e estudantes. Abriram o evento o superintendente do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques, e o diretor institucional do Consed, Antonio Paiva Neto.
Henriques destacou a necessidade de aprofundamento do debate sobre a construção de uma escola conectada às culturas, experiências e percursos de aprendizagem dos jovens. “Ainda que haja um processo de expansão do Ensino Médio, muitos não entram. Dos que entram, muitos não ficam, e dos que ficam, a maioria pouco aprende. Os principais desafios são: a conexão com as expectativas e identidades juvenis, a questão da organização curricular e a ideia de flexibilização e diversidade de trajetórias formativas”, disse Henriques. “O nosso desafio de democratização do Ensino Médio é aumentar a aderência dos jovens. Falta encanto no Ensino Médio e encantar é uma dimensão estratégica para reduzir a evasão. A questão chave é como podemos construir trajetórias formativas alinhadas às expectativas e que permitam escolhas consistentes das juventudes”, completou.
Antonio Paiva Neto lembrou que 85% do Ensino Médio são oferecidos pelas redes estaduais e destacou a necessidade de colocar o jovem no centro do debate. “Precisamos buscar alguns consensos, pensando o que é mais importante, que são as expectativas da juventude”.
Ricardo Henriques também ressaltou os muitos desafios de implementação de um Ensino Médio atrativo aos jovens. “Todas as perguntas passam por essa capacidade de criarmos um campo plural de diálogo a serviço estrito dos jovens, que precisam voltar à escola e dos que nela estão, para que aprendam o que se espera que aprendam. Esse é o compromisso vital com essa geração, para que consigamos nos posicionar com um projeto de nação justo, democrático, efetivamente equitativo e com capacidade de dizer que o Brasil está disposto a ser uma sociedade contemporânea tolerante, plural, criativa e transformadora”, completou Henriques.
Na mesa concebida para discutir os desafios e aprendizados do Ensino Médio em uma perspectiva internacional, alguns dos especialistas estrangeiros detalharam as experiências em seus países. Richard Franz, representante do Ministério de Educação de Ontário, no Canadá, destacou: “Os professores são a força que vão promover a melhoria da escola”.
Tiina Tähkä, que faz parte do Conselho Nacional de Educação da Finlândia, órgão que implementa as políticas educacionais do país, prepara o currículo mínimo e desenvolve iniciativas na educação, falou sobre a experiência no seu país, que é uma referência mundial em educação. “Todos devem ter oportunidades semelhantes de educação e de trabalho. O princípio orientador do nosso sistema (na Finlândia) é a equidade”, disse a especialista. Segundo ela, o sistema de ensino finlandês prepara o aluno para fazer o que quiser depois de sair da escola, inclusive, deixando-o à vontade para mudanças de rumo futuras. “Ele pode começar a trabalhar como encanador e, de repente, optar pela Medicina se tiver vontade de seguir essa carreira”, explicou.
No painel “Juventudes e escolarização na contemporaneidade” estiveram André Lureiro, do Banco Mundial, Gabriel Medina, ex-secretário Nacional de Juventude, e Miriam Abramovay, da Flacso Brasil.
Também participaram do primeiro dia de evento o britânico Dave Peck, CEO da Curriculum Foundation do Reino Unido, e Bernd dos Santos Mayer, da Câmara Brasil-Alemanha, que mostrou a experiência alemã no Ensino Médio. Peck destacou a necessidade de despertar no aluno a vontade de continuar aprendendo ao longo da vida. “Todo jovem deve sair da escola com confiança, habilidade e desejo de transformar o mundo em um lugar melhor. No currículo, deveríamos estar discutindo valores e atitudes também”, disse. “No mundo atual, nenhum país do mundo pode abrir mão do conhecimento de seus jovens. Todos os talentos têm que ser trabalhados”, concluiu, encerrando o primeiro dia de evento.
Quinta-feira (10/11)
O Seminário terá continuação nesta quinta-feira e abrirá com o painel “Educação Profissional e Ensino Médio em Debate”, com a participação de Simon Schwartzman, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, que também lançará o livro “Educação média profissional no Brasil: situação e caminhos”, realizado com apoio do Instituto Unibanco e Itaú-BBA.
Em seguida haverá a mesa com os estudantes, entre eles a paranaense Ana Júlia Ribeiro, de 16 anos, que discursou recentemente em Assembleia Legislativa do Paraná. O evento ainda reunirá, ao longo do dia, Rossieli Soares da Silva, secretário de Educação Básica do Ministério da Educação, Antonio Carlos Ronca, da PUC-SP, o secretário estadual de Educação de Pernambuco, Frederico Amancio, entre outros.
Programação:
9/11 (Quinta-feira)
8h às 8h30 – Welcome coffee
8h30 às 9h – Sistematização dos debates do primeiro dia
Alexsandro Santos (Instituto Unibanco)
9h às 11h – Educação profissional e Ensino Médio em debate
Carlos Artexes (Sesc)
Fernanda Demai (Centro Paula Souza)
Karina de Souza (Instituto Federal de São Paulo/IFSP)
Simon Schwartzman (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade/IETS)
Coordenação: Ana Inoue (Itaú BBA)
11h às 12h30 – Do Ensino Médio que temos ao Ensino Médio que queremos
Ana Julia Pires Ribeiro (estudante do Ensino Médio/PR)
Jordan Campos da Costa (estudante do 1° ano de Biomedicina/RJ)
Lidiane de Paula Ferreira (estudante do 1° ano de Gestão Pública/RJ)
Lucas Eduardo Nogueira Gonçalves (estudante do 3° ano do Ensino Médio/SP)
Coordenação: Djamila Ribeiro (Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo)
12h30 às 13h30 – Intervalo
13h30 às 15h – Currículo, desigualdades e diversidades no Ensino Médio
Cida Bento (CEERT)
Denise Carreira (Ação Educativa)
Rodrigo Hübner Mendes (Instituto Rodrigo Mendes)
Coordenação: Bel Santos Mayer (Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário/Ibeac)
15h30 às 18h – A reestruturação do Ensino Médio em debate
Antônio Augusto Gomes Batista (Cenpec)
Antonio Carlos Ronca (PUC-SP)
Frederico Amancio (Secretaria Estadual de Educação de Pernambuco/Consed)
Rossieli Soares da Silva (Secretaria de Educação Básica/MEC)
Sofia Lerche (Universidade Estadual do Ceará)
Coordenação: Ricardo Henriques (Instituto Unibanco)
Serviço:
Seminário Internacional Desafios Curriculares do Ensino Médio
Dia: 10 de novembro
Local: Teatro Cetip – Instituto Tomie Ohtake - rua Coropés, 88, Pinheiros -SP
Sobre o Instituto Unibanco
Fundado há 34 anos, o Instituto Unibanco é uma das instituições responsáveis pelo investimento social privado do conglomerado Itaú Unibanco e busca contribuir para a melhoria da qualidade da educação, por meio do fortalecimento da gestão escolar com foco na melhoria do Ensino Médio. Atualmente, concebe, avalia e dissemina soluções voltadas para essa etapa do ensino para ampliar as oportunidades educacionais dos jovens, em busca de uma sociedade mais justa e transformadora.
O Instituto Unibanco concentra a sua atuação no aprimoramento da gestão escolar, fomentando a geração de conhecimentos que melhorem a qualidade da educação e a efetividade das políticas públicas, contribuindo assim para a redução das desigualdades.
O CONSED
O Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), fundado em 25 de setembro de 1986, é uma associação de direito privado, sem fins lucrativos, que congrega, por intermédio de seus titulares, as Secretarias de Educação dos Estados e do Distrito Federal. Tem por finalidade promover a integração das Secretarias Estaduais de Educação, visando o desenvolvimento de uma educação pública de qualidade. Dentre as atividades do Conselho estão: participar da formulação, implementação e avaliação das políticas nacionais de educação; coordenar e articular ações de interesse comum das Secretarias; promover intercâmbio de informações e de experiências nacionais e internacionais; realizar seminários, conferências, cursos e outros eventos; desenvolver programas e projetos; e articular com instâncias do governo e da sociedade civil. O Consed é composto pelo Fórum de Secretários(as) de Educação, a Presidência, o Conselho Fiscal e a Diretoria Institucional.