Segundo no país a investir em ações de educação socioemocional nas escolas, o Governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), lança oficialmente nesta terça-feira (26), o Programa Coração de Estudante. O evento terá início às 11h, no Centro de Convenções, com a presença do governador Paulo Dantas e da secretária de Estado da Educação, Roseane Vasconcelos.

O programa busca trabalhar o desenvolvimento das competências socioemocionais do estudante, garantindo as condições necessárias à promoção da saúde mental e ao pleno desenvolvimento do aluno. O atendimento especializado é realizado pelo Núcleo Estratégico de Acompanhamento Psico Socioassistencial (NEAPSA) da Seduc, o qual é composto por 80 profissionais, dos quais 60 são psicólogos e 20 são assistentes sociais.

Estes profissionais atuam em todas as escolas estaduais interagindo com os estudantes em ações de escuta que incluem palestras, rodas de conversa e dinâmicas. A partir do que identificam, eles farão as intervenções adequadas para cada situação, inclusive encaminhamentos para o Conselho Tutelar e para as redes de apoio que integram os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), quando necessário.

A criação deste núcleo ajudou Alagoas a se consolidar como o segundo estado do Brasil com maior número de psicólogos presentes nas escolas públicas do país, sendo superado apenas pelo estado de Santa Catarina. Os dados são do Censo Escolar.

“Depois do que passamos na pandemia, quando tivemos que conviver com o distanciamento social, a sociedade voltou fragilizada. Tivemos muitas perdas. Os jovens, em especial, sofreram um impacto muito forte e, por isso, o Governo de Alagoas traz esse programa para trabalhar a saúde emocional dos nossos estudantes e ajudá-los nesta fase de novas descobertas e autoconhecimento que será essencial nas suas vidas”, observa a secretária de Estado da Educação, Roseane Vasconcelos.

Conscientização

Além das psicólogas e assistentes sociais que percorrem as escolas semanalmente, as unidades da rede estadual têm promovido uma série de ações que trabalham o socioemocional dos estudantes e trazem uma conscientização acerca de temas como violência contra a mulher, racismo e inclusão de pessoas com deficiência.

É o caso da Escola Estadual Gilvana Ataíde, de Maceió, que, neste mês de março, têm promovido uma discussão com seus estudantes acerca da violência contra a mulher. Uma das ações é oriunda do Projeto Integrador (PI) Juventudes e consiste em fazer uso da arte do grafite no muro da escola para abordar temas de relevância na sociedade. O primeiro painel deste mural diz respeito à violência contra a mulher.

“No PI, os alunos refletem sobre temas relevantes para a comunidade e apresentam propostas/soluções para o enfrentamento a estas demandas. Nesta ação em especial, nossos estudantes usam a arte para conscientizar toda a comunidade”, diz a diretora adjunta Flávia Souza. “ Por meio desse projeto queremos mostrar que a escola é viva e que é uma vitrine daquilo que ela pode oferecer à sociedade. E vale ressaltar que este grafite é feito pelos nossos alunos”, complementa o também diretor adjunto Carlos Alexandre Araújo.

Coordenador do PI Juventudes, o professor de sociologia Jackson Souza conta que o projeto, além de conscientizar sobre diversos temas de cunho social, estimula o talento e o protagonismo juvenil.

“Temos aqui alunos da 1a e 2a série do ensino médio e estamos aproveitando esse talento que eles possuem para o grafite para transformar o muro da escola em um espaço de conscientização para toda a comunidade da Santa Lúcia. Começamos falando da violência contra a mulher, mas também abordaremos questões como racismo, combate à exploração sexual de crianças e adolescentes e inclusão de pessoas com deficiência”, adianta o professor.

Aluna da 2a série do ensino médio, Annekely Tavares aprovou a iniciativa. “Admiro muito a cultura do grafite e acho muito importante que o muro seja um espaço para dar voz às mulheres. Além disso, neste grafite temos a imagem de uma mulher negra, o que faz com que eu me sinta ainda mais representada”, revela.

Responsabilidade de todos

Quem também elogiou a iniciativa do mural foi a Delegada Ana Luiza Nogueira, coordenadora das especializadas em atendimento à mulher da Polícia Civil de Alagoas. Na última sexta-feira (22), ela esteve na Escola Estadual Gilvana Ataíde para ministrar uma palestra sobre a Lei Maria da Penha para estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Antes da sua palestra, estudantes da EJA apresentaram uma peça inspirada no poema “Hoje eu recebi flores”, de autoria desconhecida e que trata mulheres vítimas de feminicídio.

“Fiquei encantada com essa iniciativa do mural e também com a peça apresentada pelos alunos, pois mostra a escola como um espaço de conscientização, reafirmando que esta é uma luta de todos nós. Esta parceria entre a Seduc e a Polícia Civil é essencial, pois estes crimes acontecem nas residências e é importante que as pessoas entendam que a denúncia e a notificação são imprescindíveis para que a Polícia Civil possa agir. Em briga de marido e mulher, devemos sim meter a colher”, finaliza a delegada.

Ana Paula Lins/Ascom Seduc      Fotos: Thiago Athaíde/Ascom Seduc