Educação Básica
30.10.2015Para debater e propor medidas visando a reformulação do ensino médio que hoje é desenvolvido no Brasil, coordenadores educacionais de todos os Estados brasileiros estão reunidos em Manaus no II Seminário do Ensino Médio. O evento iniciado nesta quinta-feira (29) se estenderá até o próximo sábado e é promovido pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), sendo patrocinado pelo Itaú BBA, que faz parte do Grupo Itaú Unibanco. O seminário conta, também, com a participação do secretário de Educação Básica do Ministério da Educação, Manuel Palácios.
Como medida concreta, ao promover o seminário, o Eixo-Reformulação do Ensino Médio do Consed está debatendo sugestões e formalizará um conjunto de propostas sugerindo inferências no Projeto de Lei nº 6840/2013 em tramitação no Congresso Nacional.
No último dia do evento, no próximo sábado (31), o seminário terá a participação de todos os secretários de Estado de Educação do país e também do deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG), autor do requerimento que instituiu, na Câmara Federal, a Comissão Especial destinada a analisar e dar parecer ao Projeto de Lei 6840/2013, que trata da reformulação do ensino médio brasileiro.
Para o secretário de Estado de Educação do Amazonas, vice-presidente do Consed e coordenador do Eixo-Reformulação do Ensino Médio, Rossieli Soares da Silva, a discussão é necessária. "Nos moldes de hoje, o ensino médio brasileiro tem apenas uma caminho. Estamos trabalhando para mudar esse modelo 'engessado', no sentido de sua flexibilização. Precisamos que o ensino médio contemple as diversidades e que trabalhe com as possibilidades", enfatizou.
Segundo o secretário, o encontro serve para fortalecer o debate que já vem sendo realizado em âmbito nacional e também para consolidar propostas de reformulação do ensino. "No seminário serão discutidas propostas como a possibilidade de composição do currículo com áreas optativas para o aluno; o ensino com mediação tecnológica; a formulação de um currículo dividido por áreas do conhecimento; a proposta de semestralidade, além de ações específicas voltadas para um melhor desenvolvimento do ensino médio noturno", citou Rossieli Silva.
Estão participando do seminário, como conferencistas, o economista e articulista Cláudio de Moura e Castro, que atuou no Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento e ex-presidente da Capes e que preside hoje o Conselho Consultivo da Faculdade Pitágoras; Maria Helena de Castro, diretora-executiva da Fundação SEADE; Priscila Cruz, presidente do Movimento Todos pela Educação; Mozart Neves, diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna; Marcelo Feres, secretário de Educação Profissional e Tecnologia do Ministério da Educação (MEC); Ricardo Cardozo, coordenador geral de Ensino Médio da Secretaria de Educação Básica do MEC; Cláudia Davis, representante da Fundação Carlos Chagas; David Pitombeira, consultor da área de Planejamento do Governo do Estado de Goiás; Ana Inoue e Beatriz Ferraz, responsáveis pelas ações sociais do Itaú BBA; Ricardo Paes de Barros, professor titular da Cátedra Instituto Ayrton Senna no Insper; Ricardo Henriques, superintendente executivo do Instituto Unibanco; Simon Schwarzmann, membro da Academia Brasileira de Ciências e ex-presidente do IBGE
Reestruturação necessária - Para um dos conferencistas do seminário, o economista e hoje presidente do Conselho Consultivo da Faculdade Pitágoras, Cláudio de Moura Castro, o grande problema do ensino educacional no Brasil, especialmente o do ensino médio, é a forma como é estruturado.
"O ensino médio tem um problema gravíssimo de arquitetura. Ele não oferece alternativas, não tem diversificação, não consegue absorver dentro dele o ensino técnico e tem matérias em demasia. É um dos sistemas mais fechados do mundo em termos de ensino. Em resumo, é inviável. Se quisermos melhorar, temos que mudar a arquitetura dele, agindo no núcleo", apontou
Para Cláudio de Moura Castro, a discussão em torno da reformulação do ensino médio, suscitada pelos secretários de Estado de Educação, via Consed, é fundamental. "Os secretários de educação resolveram enfrentar esse 'monstro de sete cabeças' que já vem engolindo vários esforços. Para eliminar o que é ruim é necessário um esforço enorme e isso conseguimos com o esforço conjunto", concluiu.
Foco em Inovação - Para a diretora do movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz, é necessário uma frente conjunta de esforços para a modernização do ensino médio no país. "Precisamos atuar em duas frentes paralelas de trabalho. Frentes estas que são complementares e vão apontar para a reforma do ensino médio. Uma das frentes deve estar focada na qualidade do ensino ministrado. Em outra frente de trabalho, devemos priorizar a inovação. Infelizmente o Brasil registra um elevado índice de evasão no ensino médio e isso, se dá, muitas vezes, pelo fato de que o aluno não consegue encontrar pertinência entre o que aprendem na sala de aula com o projeto de vida deles.
Para Priscila Cruz, a inovação em questão atuará para modificar essa realidade. "Superando o modelo escolar retrógrado no qual os alunos ficam enfileirados anotando tudo o que o professor escreve no quadro. Sem inovação, este é um método de ensino feito pra não funcionar. Então com essas duas frentes, o ensino básico de qualidade aliado a inovação, poderemos realizar as mudanças", destacou.