dia do professor
19.10.2015"Há 15 anos o profissional da educação
era reconhecido, havia mais respeito, até na forma de agradar o
professor". A declaração é da professora Vilma Ribeiro de Moraes
Nascimento, da Escola Estadual José Leite de Moraes, em Várzea Grande.
Para mudar este quadro, investimentos estão sendo feitos na área
pedagógica para estimular a carreira, além de melhorar a estrutura
física das unidades escolares.
O Plano Plurianual (PPA 2016-2019) e a Lei Orçamentária Anual (LOA 2016) propostos pelo Governo do Estado demonstram, na prática, que a educação é prioridade. O primeiro prevê um aumento de 67% dos recursos nos próximos anos se comparando com o mesmo período anterior, o segundo estima 19% a mais na peça orçamentária do próximo ano.
Nos
últimos anos têm sido constantes as reclamações dos professores pela
falta de reconhecimento de uma das mais importantes carreiras
profissionais. Vilma diz que a geração atual já não valoriza mais o
professor como antigamente. Com 51 anos de idade, já são 32 dedicados à
Escola Estadual José Leite de Moraes, em Várzea Grande, sendo a maior
parte desses anos em sala de aula. Uma apaixonada pela profissão que
está prestes a se aposentar e sempre batalhou por melhorias educacionais
e celebra a profissão como uma dádiva.
"Já
falei para os nossos estudantes que fiquem livres para abraçar o seu
professor no dia dele, neste 15 de Outubro. Falta isso, uma palavra, um
carinho. Quando comecei aqui na escola era um lugar de periferia.
Lembro-me que a gente trazia flores colhidas no caminho ou num jardim ou
ainda sabonetes de presentes. Hoje parece que a geração está mais fria,
são mais retraídos. A gente tem que resgatar certos valores".
Nem
por isso ela se decepciona com a profissão que escolheu. Pelo
contrário, compreende que mudanças vão acontecendo a cada nova geração.
Parte dessas mudanças atribui à globalização, à internet e ao ritmo
atribulado em que vivem as famílias – o que tudo é positivo, mas
possível contornar.
Segundo
Vilma, é comum os alunos entrarem na sala dela para conversar. "Falta
diálogo em casa. Eles têm as histórias deles para contar, falam da
família, de coisas do dia a dia deles. Gosto desse contato com crianças,
com adolescentes e até com adultos. Acho que é por isso que eles dizem
que sou legal, que nem tenho cara de diretora", revelou meio sem jeito
pelos elogios atribuídos a sua pessoa. "Não faço nada que não estou
habituada a fazer. Costumo ser assim com minhas filhas também. Gosto do
contato com as pessoas e de estar contribuindo com o cidadão".
O
bom relacionamento mantido pela diretora é atestado pela colega de
trabalho Nádia Batista de Almeida, que leciona para o 1° ano e a conhece
pelo menos há 10 anos. "Vilma é carismática com as crianças e sempre
percebemos que é recíproco, as crianças querem abraça-la. Brinco que nem
é bom que ela venha na sala de aula porque ficam todos a paparicando".
Ao completar 51 anos, Vilma recebeu do grupo escolar uma homenagem, foi quando percebeu o quanto valeu a pena ter dedicado sua vida como professora. "Não saberia fazer outra coisa a não ser o que sou. Por tudo, não seria outra coisa na vida. Procuro sempre estar nesse convívio enquanto estou aqui. Não fico na sala, estou no pátio em contato com os estudantes de todas as modalidades, temos aqui adultos também, do Ensino de Jovens e Adultos (EJA)", relatou ela, que foi a primeira coordenadora do EJA na escola.
"Conheço
a escola, vivenciei tudo aqui, são novas gerações chegando. Alguns
filhos de ex-alunos. Fico por amor". Amor é na verdade a palavra mestre
de tudo, presente tanto na base como no topo do conselho que deixa para
as pretendentes ao cargo de professor: "se tiver amor, amor para uma
distribuição diária, não apenas passageiro, então fique. Mas se for pelo
salário ou pensando na estrutura escolar que vai encontrar pela frente,
não encare. Você tem que fazer a diferença onde for atuar. Independente
da escolha, execute-a com amor".
A Diferença
"Fechar"
a carreira como diretora era o sonho da professora Vilma Ribeiro de
Moraes Nascimento e para isso cumpriu todas as etapas. Entre elas, sete
anos na sala de informática e outros quatro como coordenadora
pedagógica. Na verdade, o sonho visava a implantação de mudanças na
escola em benefício da classe estudantil. Ações que desejava desde o
tempo de professora. E, assim, o que havia prometido para dois anos de
trabalho realizou em um ano como gestora.
Trocou o sino
"ensurdecedor" que marcava o início e término das aulas, bem como o
intervalo do lanche (recreio), por música. Agora os alunos são avisados
por meio de som instrumental. Mudança essa que refletiu no comportamento
dos alunos, que ficaram mais calmos, segundo análise dos docentes.
Conseguiu
implantar data show em nove das 18 salas de aula, ferramenta usada
pelos professores para as aulas. Instalou o sistema de rádio utilizado
pelos estudantes pata recados e demais informações. Com recursos da
festa junina também montou o laboratório de Ciências. Esses e outros
gastos estão expostos no mural do corredor de entrada da escola, uma
forma de prestação de contas para a comunidade.
A diretora
também batalhou pela reforma da quadra esportiva, com recursos do
Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE) e apoio da Secretaria de
Estado de Educação (Seduc). "Temos uma boa estrutura. Moldei a escola
como eu queria", destaca a educadora ao afirmar que o apoio do marido e
das duas filhas foi fundamental nessa liderança.
O trabalho para
Vilma significa tudo, tanto que nunca gostou de faltar por achar que
poderia deixar de ajudar alguém. Em 32 anos de serviço público se
afastou por duas ocasiões, uma vez para qualificação profissional – o
curso de informática do qual seria multiplicadora na escola – e outra
por 30 dias para tratamento de saúde.
O exemplo da professora
Vilma Ribeiro é mais um dos que fazem a diferença entre os professores
que celebram a profissão como um dom. Diariamente a Seduc recebe
informações de projetos e ações que estão fazendo a diferença no
ambiente e escolar. Fatos que não se concentram só nas grandes cidades,
mas estão espalhados em diferentes municípios do Estado, frutos da
persistência dos 23.276 professores da rede estadual de ensino em Mato
Grosso, que trabalham diariamente pela educação de uma sociedade mais
humana e igualitária.
ELIANA BESS
Assessoria/Seduc-MT