Sergipe
09.09.2020Três professoras da rede estadual de ensino de Sergipe foram selecionadas para o Programa de Desenvolvimento Profissional de Professores da Educação Básica no Canadá, uma iniciativa realizada em parceria com o Colleges and Institutes Canada (CICan) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Em Sergipe, o programa é coordenado pela Universidade Federal de Sergipe. Ao todo, 102 educadores de todo o Brasil foram classificados, e todos terão aulas de inglês básico, aprendizagem centrada no aluno e gestão de sala de aula.
Um dos destaques foi a professora Silvia Maria de Pina Santos Lisboa, que ensina no Colégio Estadual Professora Zizinha Guimarães, em Laranjeiras. Ela foi a primeira colocada do Nordeste na categoria Ensino Médio. Para participar da seleção, ela desenvolveu um projeto com o título "O cinema como meio de ampliar o conhecimento dos alunos na escola". A professora conta que ficou muito contente ao ser classificada, pois antes ficava na dúvida se o projeto estava bom ou se atendia a todas as normas que são exigidas. Para Silvia, a sua classificação trará benefícios não somente para seu lado pessoal, mas também para toda a escola.
"Sei que quando eu voltar, terei vontade de desenvolver esse projeto de cinema na escola, pois é algo de que eu gosto muito e acho que será muito proveitoso para os alunos. É um trabalho voltado para o cinema de forma ampla, para conhecimento dos estudantes, não apenas para eles assistirem, mas também para elaborarem filmes, observarem o ambiente deles. Isso vai ampliar o horizonte e o conhecimento dos estudantes", disse.
Para a professora, todo o trabalho que vai além dos muros da sala aula é algo bastante proveitoso. "Quando a gente executa projetos desse tipo, o aluno vê que o papel da escola não é só didático, mas também de ajudá-lo a se desenvolver como cidadão, oferecendo conhecimentos que ele levará para toda a sua vida". As expectativas da professora Silvia para a viagem são bastante positivas, pois ela terá a chance de conhecer novas vivências na área da Educação. "Teremos contato com outra cultura, com outros conhecimentos que traremos para cá e que poderemos utilizá-los em sala de aula. Acho também importante a partilha com os professores dos outros estados, quando voltarmos. Vou aprender muito com eles sobre suas experiências em sala de aula", afirmou.
Outra classificada foi Priscila Souza de Oliveira, professora da Escola Estadual Marinalva Alves, em Nossa Senhora do Socorro, que ficou em 6º lugar na categoria Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Médio - região Nordeste. Para concorrer ao processo de seleção, a professora elaborou um projeto analisando a realidade da sua turma. Ela explica que teve como enfoque principal a área de Matemática, disciplina em que a maioria dos alunos tem mais dificuldade de aprender. O título do seu projeto foi "Desvendando os mistérios da matemática através de jogos didáticos".
Priscila se mostra bastante entusiasmada com a expectativa de viajar, conhecer novas formas de ensinar e trazer essa bagagem cultural para a escola em que ensina. "Esse intercâmbio visa à possibilidade de aprendermos mais metodologias para desenvolver melhor o processo ensino-aprendizagem, envolvendo a família, a sociedade, o contexto vivenciado pela criança. Estou muito feliz com essa oportunidade, pois, por meio desse intercâmbio, vou poder aprender mais habilidades para o aperfeiçoamento da aprendizagem das crianças", declarou.
Já a professora Larissa Batista Carvalho Santos, que ensina na Escola Estadual Sebastião Fonseca, em Poço Verde, foi a 9ª colocada na categoria Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Médio - região Nordeste. O seu projeto, que foi um dos selecionados, tem como tema "Proposta de intervenção pedagógica: Participação familiar no processo de alfabetização". Ela conta que o que a motivou a desenvolver esse trabalho foi a vontade de ajudar os alunos no processo de alfabetização e, ao mesmo tempo, inserir os pais dos estudantes nesta ação.
A professora disse que sempre acompanha a página oficial da Capes, e logo que saiu o edital, fez a sua inscrição. Larissa disse que o resultado foi uma grande surpresa, pois em nenhum momento achou que realmente iria conseguir. Ela conta o quanto essa experiência será importante para a comunidade escolar. "Isso vai ser muito importante para a minha escola e para a minha cidade. É uma emoção indescritível, pois eu amo a alfabetização. Essa experiência de conhecer novas metodologias vai ser algo muito bom, tanto para os meus alunos quanto para os meus colegas professores", disse, explicando que ela irá compartilhar com os outros educadores da sua região os conhecimentos que serão adquiridos no Canadá.
A professora Larissa ainda afirma que essa oportunidade de viajar para outro país e conhecer novas metodologias de ensino é um estímulo para outros educadores. "Essa proposta de fazer intercâmbio em outro país e trazer de lá algo que está dando certo é ressignificar a educação pública sergipana. Devemos acreditar nela e saber que nós temos professores muito preparados e competentes", declarou.
Programa de Intercâmbio
O Programa de Desenvolvimento Profissional de Professores da Educação Básica no Canadá está em sua segunda edição e é destinado a professores de escolas públicas da educação básica brasileira. São participantes de todo o Brasil, concursados e atuantes em sala de aula. Eles foram separados por regiões — as cinco do País estão incluídas — e em três módulos: educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental, anos finais do ensino fundamental, e ensino médio.
No Canadá, os educadores participarão de aulas de inglês básico e módulos temáticos que abordam a aprendizagem centrada no aluno e a gestão da sala. O curso terá a duração de oito semanas, com acesso a conhecimentos e inovações pedagógicas. Os selecionados terão direito à passagem aérea internacional (ida e volta), ajuda de custo, seguro-saúde, deslocamento no trajeto aeroporto-universidade-aeroporto, curso de formação, material didático e alojamento.
Como contrapartida, os professores participantes terão que se comprometer a atuar como multiplicadores quando solicitados pela Capes ou pelas secretarias de educação às quais estiverem vinculados. Devem, ainda, formular um projeto de intervenção pedagógica a partir da experiência, a ser desenvolvido nas escolas em que atuam. O início das atividades no Canadá está marcado para a segunda quinzena de maio de 2021, mas depende do desenrolar da pandemia da COVID-19.
No âmbito da Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura (Seduc), a mediação com os alunos e professores para a participação em projetos é feita pelo Serviço de Apoio ao Desenvolvimento Estudantil (Seades), do Departamento de Apoio ao Sistema Educacional (Dase). Para a coordenadora do Seades, Danielle Virginie, esse resultado é motivo de muita comemoração. "Estamos extremamente felizes em saber que a primeira colocada da região Nordeste é uma professora de Sergipe. A gente percebe o fortalecimento dos trabalhos dos professores e a vontade deles em tornar isso público, de competir em uma seleção. Isso faz outros educadores se sentirem estimulados a terem a mesma prática. Temos projetos muito bons e que merecem o reconhecimento. Estão todas de parabéns", disse.
A mesma opinião foi compartilhada por Nádia Cardoso, técnica do Seades responsável por acompanhar os programas de intercâmbio. "A participação das professoras nesse programa trará benefícios significativos, na medida em que os conhecimentos adquiridos ampliarão as possibilidades de aprendizagem dos nossos alunos. Isto porque, além da socialização de conhecimento dos professores de todas as regiões, eles conhecerão novas ferramentas de trabalho para utilizarem com seus alunos, a partir do estudo das metodologias de ensino que verão durante o curso. Além disso, os projetos que foram objeto da seleção poderão ter sua aplicação potencializada com a aplicação dos novos conhecimentos. A Seduc faz a divulgação da seleção deste e de outros concursos para que seja crescente a participação do nosso Estado, por reconhecer o grande benefício para a sociedade ao oferecer uma educação de qualidade para os alunos", declarou.