Professora rondoniense fala sobre a experiência e a emoção de ser a Educadora Nota 10

Práticas da escola

03.11.2017

Bastante emocionada pela conquista do Prêmio Educador Nota 10 de 2017, a professora Elisângela Dell-Armelina Suruí tem atendido inúmeras ligações e tentado responder a cada um que a parabeniza pela premiação recebida em São Paulo na segunda-feira (30).

Entre os mais de 5 mil inscritos em 2017, dez professores de todo o Brasil foram selecionados como os grandes finalistas do Prêmio Educador Nota 10. A conquista de Elisângela Dell-Armelina Suruí, professora da Escola Estadual Sertanista Francisco Meirelles, localizada na aldeia Nabekod Abadakiba, na área rural de Cacoal, mostra o potencial da educação do estado de Rondônia.

“Saber que o prêmio que eu conquistei está sendo considerado um marco para a educação do estado de Rondônia, e em toda a região Norte, faz eu me sentir extremamente honrada e orgulhosa. Haviam professores de diversos cantos do Brasil e o meu trabalho, desenvolvido na escola de uma aldeia de Cacoal, foi o vencedor. Estou realmente muito feliz e emocionada”, comemora Elisângela.

Todos os dez finalistas do Prêmio Educador Nota 10 desembarcaram em São Paulo já na semana passada, onde cumpriram uma extensa agenda de compromissos.

“Muito mais do que ganhar o prêmio, todas as atividades das quais eu pude fazer parte nestes dias que eu estou aqui em São Paulo tem sido espetaculares. Não tem como descrever tudo o que eu estou vivenciando. Poder mostrar para pessoas tão importantes o projeto que eu desenvolvi na minha escola é algo muito especial. Foi simplesmente uma experiência inexplicável, não dá para descrever todas as emoções que eu estou vivendo”.

Após a premiação e a conquista do Prêmio Educador Nota 10, Elisângela Dell-Armelina Suruí continua em São Paulo cumprindo uma série de compromissos e levando o nome de Rondônia ainda mais além.

Sobre ser a Educadora Nota 10, a professora da Nabekod Abadakiba se emociona. “Ainda não consegui processar direito a conquista desse Prêmio. Tem muita gente me ligando e eu estou chorando em quase todas as ligações. Aos poucos vou entendendo a grandeza desse prêmio e vendo como isso tem valor para o meu povo, para Rondônia. É muito gratificante saber que todos estão tão orgulhosos pela minha conquista”.

O projeto

Os alunos da classe multiseriada de 1º a 5º ano de Elisângela falam paiter suruí, mas tinham tanta dificuldade para escrever nesse idioma quanto para entender os materiais didáticos em língua portuguesa. Por isso, ela preparou junto com eles um caderno de atividades de escrita e leitura na língua materna, estabelecendo relações com a língua portuguesa e com a de sinais, já que existem alunos surdos entre o povo paiter.

Considerando sua turma multisseriada, ela organizou o projeto para que todos pudessem trabalhar de acordo com seus saberes, potencializando as possibilidades dos alunos mais velhos e dando espaço para a ação dos mais novos, foi assim que surgiu o projeto “Mamug Koe Ixo Tig”, que significa “A fala e a escrita da criança”. O projeto desenvolvido por Elisângela incluiu a elaboração de um material didático próprio em paiter suruí.

“Eu estou muito feliz de poder mostrar essa diversidade que o Brasil tem, de várias línguas, em vários contextos, como o caso do meu trabalho, na alfabetização, que precisa ser muito bem trabalhada. É preciso ter uma educação específica, voltada para os indígenas e foi isso o que eu tentei fazer através do meu projeto, que foi premiado. Nós podemos fazer a diferença e isso é que precisa ser mostrado. Estou muito feliz e quero agradecer aos Paiter Surui por sempre me apoiarem”, concluiu a professora Elizângela.