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27.03.2020Ampliar as ferramentas de aprendizagem tem se mostrado ainda mais importante nos últimos tempos e a utilização de recursos como cursos a distância, em plataformas, vídeo-aulas, apps ou redes sociais são alternativas que auxiliam os professores durante a pandemia do coronavírus.
Este foi o caminho adotado por Ana Cristina dos Santos Costa, professora da disciplina de Química do Centro Estadual de Tempo Integral (Ceti) Didácio Silva, para ajudar os alunos a manterem os estudos ativos e evitar a zona de conforto, que diminui o aprendizado em tempo de preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
À frente de quatro turmas do 3º ano do Ensino Médio no Ceti, a professora utiliza a técnica de gamificação, em que a ideia é levar para a sala de aula conceitos usados em games, como a melhoria constante do jogador em níveis e o senso de evolução para incentivar o aprendizado.
"Eu me coloco no lugar deles diante deste momento atípico, por estarem na última fase do Ensino Médio, com vestibular e a cabeça à mil. Busquei fazer com que estes alunos pudessem participar de jogos com uma certa duração de tempo para execução e, deste modo, eles terão a oportunidade de se preparar e responder as questões", explica a professora.
Nova sala de aula
A utilização de games como metodologia já era praticada pela professora Ana Cristina em sala de aula como estratégia complementar aos assuntos programáticos nos ambientes virtuais offline (sem a necessidade de interação) e online (com interação imediata).
"Sempre em aulas presenciais procurei realizar jogos online, por aplicativos ou quiz com os alunos diante do conteúdo repassado. Como muitos alunos me procuraram em busca de material, decidi realizar os jogos neste momento. Na primeira semana foram realizados jogos com conteúdos já trabalhados em sala de aula da primeira avaliação para fixação de forma mais interativa", afirma.
Redatora da disciplina de Química do currículo do Ensino Médio - ProBncc da Seduc, Ana Cristina cria as aulas virtuais utilizando a gravação da voz e envia o vídeo com a explicação do conteúdo, o slide, o vídeo explicando a resolução de duas questões e conteúdo extra ao proposto para os quatro grupos diferentes de alunos da disciplina.
"Escolhi esta metodologia com todo o material offline (em vídeo) para os alunos, pois muitos deles não têm acesso constante à internet em casa e, assim, quando tiverem acesso eles baixam o material, dou o tempo para que assistam e marcamos os testes. Também deixo à disposição meu telefone para eles tirarem as dúvidas ao longo do dia", ressalta.
Ela explica que as questões do quiz são reduzidas, diferente das questões contextualizadas em sala de aula e, para isto, repassa artigos científicos, notícias com informações contextualizadas no cotidiano dos alunos, como o estudo de química orgânica do medicamento analisado para a cura do covid-19 e até o uso de memes. "O uso de memes relacionados à Química passa a ser uma forma de descontração e por isso procuro fazer questões inéditas para fugir de uma resposta mecânica dos alunos", pontua Ana Cristina.
A competição
De posse dos materiais em vídeo e texto enviados previamente pela professora nos grupos com os alunos, é marcado o horário para que eles acessem a plataforma, sendo estipulado um tempo de espera. No ambiente virtual da plataforma Google Sala de Aula são realizados os questionários para todos os alunos responderem dentro de uma hora.
"Crio meu próprio banco de questões a partir dos conteúdos que iremos estudar e também diante das dúvidas dos alunos. Eles amam as atividades, gostam de acompanhar os resultados e a participação é significativa, pois quanto mais questões certas, a colocação vai melhorando e isto gera uma competição entre eles. Os alunos buscam se preparar para obterem um bom desempenho", destaca Ana Cristina.
A professora acrescenta ainda que as atividades ficam disponíveis após o fechamento da sala virtual para os alunos que não conseguiram se conectar a tempo ou não tiveram acesso à internet. Estes alunos recebem o código de acesso para enviarem suas respostas dentro de um prazo determinado e, assim, conseguem ser incluídos nos relatórios de desempenho emitido pela plataforma.
Além da plataforma digital, Ana Cristina explica que a interação também ocorre via whatsapp com o compartilhamento do conteúdo e o acompanhamento de desempenho entre os alunos.
"Eles me procuram diariamente e busco me colocar em seu lugar nesta situação. Busco estimular para que não saiam do ritmo, seja enviando o material ou tirando as dúvidas que eles enviam via áudio, captura de tela ou texto nos grupos individuais de Química ou do terceiro ano gerais. Procuro orientá-los também a criar uma rotina, algo de extrema importância para sua saúde mental neste momento", destaca Ana Cristina.