Rio Grande do Norte
24.10.2019Encontrar materiais didáticos e interativos que prendam a atenção dos alunos em sala de aula pode ser um desafio encontrado pelos educadores atualmente. Porém, foi justamente esse “problema” que levou o professor de matemática, Marcelo Lemos, a inovar sua metodologia de ensino e se tornar uma referência na unidade educacional na qual leciona, a Escola Estadual Desembargador Lucirgo Nunes, localizada no município de Marcelino Vieira, na região do Alto Oeste Potiguar.
Graduado em Matemática e pós-graduado no ensino dessa mesma área, Marcelo é o responsável por coordenar o projeto “Laboratório de Matemática Josefa Lúcia Rodrigues Cesário”, iniciativa que tem por objetivo trabalhar temas relacionados à matemática de forma prática e inovadora. Por meio da aplicação dos conhecimentos teóricos acerca da matemática, os alunos que participam do projeto, que inclui estudantes da terceira série do ensino médio, desenvolvem materiais e objetos, desde jogos de quebra-cabeça que envolvem números e lógica até equipamentos eletrônicos.
Criado em 2013, o laboratório surgiu de uma necessidade identificada pelo professor Marcelo, que não via em sua rotina muitas opções de materiais didáticos atrativos aos alunos. Ele explica ainda que o laboratório foi batizado em homenagem à uma antiga professora, que o incentivou a gostar da área da matemática. No âmbito do laboratório, os estudantes dividem-se em grupos e trabalham o tema sugerido pelo professor, que a cada ano indica uma temática diferente que envolva matemática.
A iniciativa deu tão certo que os trabalhos realizados pelos alunos foram ganhando destaque na unidade de ensino, até que o grupo envolvido no laboratório, junto ao professor, resolveu criar uma “Mostra de Matemática” na escola Desembargador Lucirgo Nunes, a fim de expor os trabalhos desenvolvidos.
“A ideia inicial era desenvolver materiais para se trabalhar matemática. Mas produzir materiais não era o suficiente, o aluno deveria ser o protagonista. Então tive a ideia de transformar esses trabalhos em projetos e expor na ‘Mostra Matemática’. Hoje nós temos um acervo de mais de 1000 trabalhos em exposição, entre jogos de lógica, projetos envolvendo conceitos de física, desafios, réplicas em escalas de grandes invenções do passado, materiais para se trabalhar em sala de aula e muitos outros”.
Aplicabilidade social
Dentre os trabalhos desenvolvidos ao longo do projeto a grande maioria trata-se de materiais lúdicos, como jogos que envolvem raciocínio lógico, quebra-cabeça, entre outros. Identificando esse diferencial, o grupo de alunos resolveu abrir as portas do laboratório e convidar a comunidade local, tendo em vista a população de terceira idade, para conhecer e utilizar as produções dos estudantes.
“Dentre os materiais que a gente desenvolve para trabalhar temos muitos trabalhos lúdicos, como jogos de lógica. Então, junto com os alunos, convidamos os idosos da comunidade e, todas as terças-feiras, a gente propõe com eles desafios de, quebra-cabeças, jogos de memória, entre outros, tudo para que eles possam desenvolver as capacidades cognitivas e exercitarem a memória. Com isso, a ideia é que esses materiais não fiquem somente para o meio acadêmico. Dessa forma, pensamos no bem-estar da comunidade, porque não adianta ter um laboratório equipado se não damos um uso social para isso”, explica o professor.
Para a aluna voluntária no projeto, Amanda Monique, 18 anos, participar do Laboratório constitui-se em uma “experiência extremamente gratificante”, pois lhe confere a oportunidade de desprender-se dos componentes curriculares padrões e apreender os conteúdos didáticos de forma inovadora.
“Enquanto estudante é muito gratificante poder participar de um projeto tão importante no qual nós alunos de rede pública temos a oportunidade de aprender bem mais do que nossa grade curricular nos permite. Eu me sinto lisonjeada em poder mostrar o que já sei e aprender com o nosso professor que em nós deposita muita confiança”, frisa a aluna.
Resultados
Marcelo explica que, apesar do projeto não contar com nenhuma colaboração externa e ser executado integralmente por voluntários, o Laboratório já alcançou resultados significativos, como é o caso das últimas avaliações do Sistema Integrado de Monitoramento e Avaliação Institucional (SIMAIS), avaliação realizada periodicamente pelo Governo do Estado do RN que permite a elaboração de um panorama do ensino estadual.
“Nossa escola vem sempre ultrapassando as metas estabelecidas pelo SIMAIS. A Desembargador Lucirgo Nunes, desde 2016, vem aparecendo sempre acima dessa meta e, nesses últimos, anos tivemos um aumento significativo no número de aprovações no ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio)”, detalha o professor.
Oportunidade
Para Marcelo, que é professor de matemática há 16 anos, o laboratório trata-se de uma oportunidade a qual os alunos têm de conhecerem outros campos do saber e não permanecerem limitados aos conteúdos dos livros didáticos. Ainda de acordo com o professor, a educação refere-se à uma forma de mudar as realidades.
“A educação é o único ‘caminho sólido’ para o desenvolvimento de um indivíduo e de uma nação. O papel do educador é dar suporte e condições aos seus alunos, além mostrar caminhos a serem trilhados. Não é dizer o que deve ser feito, mas mostrar o que o ele ganha e que perde, com e sem, a educação. O professor é a maior arma contra esse sistema opressor que ainda separa os indivíduos por classe social”, afirma o educador.
Perfis
Esta é a segunda matéria da série 'Professores do RN', produzida pela Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer do RN, que tem por objetivo apresentar boas histórias vivenciadas na Rede Estadual de Ensino, em comemoração ao mês do professor. O primeiro perfil apresentou a história da professora Edkalb Mariz, que trabalha sobre direitos humanos em sala de aula. #QueridoProfessor