Uma iniciativa inovadora está transformando a forma como alguns estudantes da Rede Estadual de Ensino de Pernambuco se preparam para a redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Trata-se do EstudAí, uma plataforma online de correção de textos com uso de inteligência artificial, desenvolvida pelo professor Thyago Costa, da Escola Técnica Estadual (ETE) Miguel Batista, no Recife. A ferramenta foi criada a partir de uma necessidade de dar mais autonomia aos alunos e aliviar a carga dos professores na correção manual de dezenas de redações.

“A ideia da plataforma surgiu como uma ferramenta de apoio ao professor. Os docentes de língua portuguesa em sua maioria lecionam em várias turmas, com muitos estudantes, e corrigir a redação de cada um deles é algo que demanda tempo e a plataforma iria auxiliar essas correções. Nos primeiros estudos que desenvolvi, percebi que era possível entregar uma plataforma de qualidade e, assim, impactar também os estudantes, dando a oportunidade deles praticarem e evoluírem a redação para o Enem”, explicou Thyago

Com um funcionamento simples e intuitivo, o EstudAí permite que estudantes submetam textos que são corrigidos em poucos segundos com base nas cinco competências exigidas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep). Além da correção automática, o sistema oferece um feedback detalhado que, por muitas vezes, só era acessível em cursinhos ou plataformas pagas. Tudo isso de forma acessível para o estudante por meio do celular e até com reconhecimento de imagem para redações manuscritas.

“A plataforma funciona com cadastro de professores e estudantes das escolas participantes, e o acesso pode ser feito pelo celular ou computador. O aluno pode digitar a redação direto na plataforma, anexar um arquivo ou até mesmo tirar foto da redação escrita. A correção é feita por IA adaptada com base na matriz oficial do Enem, avaliando cada competência separadamente. O sistema ainda permite o uso de propostas temáticas e garante um retorno detalhado por competência, ajudando o estudante a identificar seus pontos fortes e o que precisa melhorar”, completou Thyago.

A plataforma, desenvolvida com a participação das professoras Thaís Andrade e Raquel Gonçalves, da Escola de Referência em Ensino Médio (Erem) Pompéia Campos, pode ser acessada pelo endereço estudai.tech e já realizou mais de 600 correções desde o seu lançamento. As professoras Thaiane Albuquerque e Lucrécia Dias, da ETE Miguel Batista, auxiliaram nos testes iniciais da ferramenta antes do lançamento.

A Erem Pompéia Campos foi pioneira na utilização da plataforma e teve papel fundamental no desenvolvimento e validação pedagógica, garantindo que os critérios de correção estivessem alinhados às exigências do Enem.

“É muito gratificante participar dessa ferramenta, porque ela otimiza a estratégia de ensino e já faz diferença no aprendizado dos estudantes. Ver que aquilo que estamos construindo na escola pode impactar também a vida de outros jovens é algo muito especial. Thais e eu somos duas professoras e sabemos a dificuldade que é dar conta das correções sozinhas sem algum tipo de auxílio, e essa é uma realidade de professores em todo o país. Sabemos o quanto essa plataforma é importante para a preparação no Enem e para os resultados que podem transformar a vida desses alunos”, disse Raquel.

Os estudantes têm direito a até 10 correções mensais e podem participar de atividades propostas por seus professores. Já os docentes conseguem criar salas virtuais, propor temas específicos e acompanhar o progresso individual e coletivo da turma em tempo real.

Um dos exemplos de impacto direto do projeto é o estudante Williamis Macedo, do 3º ano da Erem Pompéia Campos. Ao utilizar a ferramenta, ele conseguiu melhorar significativamente sua nota de redação. Na primeira vez em que utilizou a plataforma, o aluno obteve uma nota 480 pontos.  Após as correções e dicas disponibilizadas, Williamis conseguiu subir a nota e superar a casa dos 900 pontos.

“Essa plataforma tem me ajudado bastante na preparação para o Enem. No começo, minha nota foi baixa, mas com as correções fui entendendo meus erros e melhorando a cada redação. Ela explica direitinho as cinco competências do Enem, então consigo, de forma detalhada, ver onde e o que preciso ajustar. Além disso, os professores foram passando vários temas diferentes, o que ajuda muito na prática. Com a prática e esse apoio dos professores, fui corrigindo os detalhes e evoluindo a cada nova redação”, frisou Williamis.

Diferente de outras soluções do mercado, o EstudAí foi treinado exclusivamente com base na matriz do Enem, garantindo uma avaliação criteriosa e padronizada. Mais do que um corretor de redações, o projeto é um instrumento de transformação social, que fortalece o papel do professor e empodera o estudante da escola pública.

A estudante Maria Clara Alves, também do 3º ano da Erem Pompeia Campos, aprovou a plataforma e destacou a importância dela. “Isso tem me dado até um pouco mais de paz no coração, já chegando tão perto do Enem, porque estou vendo a minha evolução e isso está me deixando mais confiante. Quanto mais eu uso o aplicativo e aprendo com os diferentes temas propostos pelos professores, mais tranquila fico. E isso vem permitindo eu dedicar meu tempo a estudar outros assuntos em que não sou tão boa.”