Distrito Federal
21.05.2021Estudantes com deficiência têm sido estimulados pela interação com os pets dos professores
A professora Kelly Collares e sua yorkshire Gracinha: espontaneidade e diversão para estimular a aprendizagem dos estudantes com deficiência. Foto divulgação
O escritor Oscar Wilde advertia que, se uma pessoa passar tempo com os animais, corre o risco de se tornar uma pessoa melhor. A professora Kelly Collares concorda com essa afirmação. Ela atua como coordenadora de Educação na Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (APAE-DF) e conta que sua yorkshire tem feito a alegria dos estudantes da escola.
“Com a pandemia precisamos criar estratégias para despertar a atenção dos aprendizes nas plataformas online. Tínhamos que criar vídeos para promover a interação e tive a ideia de apresentar a Gracinha a eles”, explica Kelly Collares.
No episódio do podcast desta semana, conversamos sobre os pets que têm feito a alegria dos estudantes durante as aulas remotas. Espontâneos e divertidos, eles têm contribuído para a conexão de estudantes com deficiência e motivado a participação deles durante as aulas. Confira o episódio nas plataformas de áudio.
Segundo o psicólogo Rogério Moraes, já é comprovado cientificamente que relações de afeto e cuidado aumentam os níveis de ocitocina. “Pessoas que convivem com pets experimentam uma sensação de bem-estar. O convívio também ameniza a solidão e depressão. O contato com pets pode trazer felicidade e contribuir para a saúde. Além disso, desenvolve a responsabilidade e cria um vínculo social com outras pessoas”, esclarece.
Kelly conta que o resultado não poderia ser melhor. “A presença da Gracinha nos vídeos estimulou a participação dos aprendizes e conseguiu criar conexão e afetividade. Ela se tornou uma mascote e eles se inspiram nela para fazer as atividades, ajudar em casa, tomar sol. Ela despertou o que há de melhor em nós e neles”, afirma.
Companheirismo e lealdade
Na casa da professora Joseli Valim, do Centro de Ensino Especial 01 de Taguatinga, o mascote é a calopsita macho Fredie. Joseli conta que como o Fredie não sai de perto dela, acabou participando das aulas remotas. “Esse período de pandemia tem sido muito desafiador. Nosso trabalho é pautado pela interação, pelo toque. Com o Fredie, os estudantes prestam mais atenção e adoram as interações”, diverte-se.
Joseli, que leciona há 25 anos, fez sua escolha pelo ensino especial. “Trabalho com estudantes com deficiências múltiplas. Nem sempre eles têm oportunidade, mas têm muito a oferecer. O Fredie se tornou o amor da vida da gente”, afirma.
A veterinária Mônica Maria alerta para o abandono de animais durante a pandemia. “Nos primeiros meses, vi muitos clientes adotando pets para não ficarem sozinhos. Minha preocupação é porque adotar é um ato de responsabilidade. Hoje, os pets são tratados como membros da família e sua permanência exige alguns cuidados, então é preciso refletir se a rotina da família permite a presença de um bichinho. A visita ao veterinário, por exemplo, deve ser feita regularmente para aplicação de vacinas, vermifugação e check-up. Na velhice, a frequência aos consultórios aumenta. Além disso, o tempo médio de vida de um animal é de aproximadamente 12 anos. Ou seja, quem vai cuidar do pet terá uma responsabilidade a longo prazo”, finaliza.
Por Aldenora Moraes | Ascom/SEEDF