Alagoas
12.09.2025Para o público, a história do programa Daqui pro Mundo é a dos estudantes que cruzaram o Atlântico. Mas, por trás de cada sorriso capturado em solo inglês, há uma estrutura invisível, um trabalho incansável de uma equipe que viveu cada etapa do sonho. Mais do que organizadores, esses profissionais foram os verdadeiros arquitetos de uma jornada que transformou a educação em um passaporte para o mundo.
Desde a concepção do projeto até o suporte 24 horas, os bastidores da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) mostram que um sonho audacioso se realiza com trabalho, compromisso e, acima de tudo, cuidado.
Da ideia à grandeza
Hoje uma realidade sólida, o programa nasceu de uma semente plantada em 2018. Artur Filho, superintendente da Rede Estadual de Ensino da Seduc, descreve a gênese de uma ideia que parecia audaciosa.
"Nosso desejo era proporcionar aos nossos estudantes a oportunidade de desbravar novos horizontes, ter acesso a novas culturas, desafios e oportunidades", conta. A equipe, inspirada por programas semelhantes em outros estados, mergulhou em pesquisas, e a cada edital analisado e a cada valor calculado, o que era apenas um projeto de papel foi ganhando vida.
O nome do programa também evoluiu. De uma minuta que o chamava de “Jovem Cidadão do Mundo”, ele foi consolidado por lei como “Daqui pro Mundo”, um título que, como um mantra, resume a ambição do projeto. E a visão inicial, que previa o intercâmbio de apenas 13 estudantes, explodiu em um crescimento exponencial.
A primeira edição levou 50 alunos; a segunda, impressionantes 100. Com a preparação para 150 e 200 participantes nas próximas edições, a meta é clara: tornar Alagoas uma referência nacional em intercâmbio, permitindo que, em breve, os jovens possam até escolher o país e o continente de sua experiência.
O processo de seleção: lisura e compromisso
A seleção dos estudantes não foi uma tarefa simples. Como explica Suely Silva, gerente Especial de Execução de Programa e Projetos, a equipe elaborou uma prova com 40 questões, seguindo o padrão internacional do CEFR (sigla para Common European Framework of Reference for Languages), ou Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas em português.
A responsabilidade de garantir a lisura do processo era imensa. O que eles não esperavam, no entanto, era a dificuldade do critério de desempate.
"Nossos estudantes estavam com um altíssimo nível de proficiência e o páreo foi duro!", lembra Suely. Para a equipe, o critério mais importante era a combinação de desempenho acadêmico e frequência escolar, reflexos do comprometimento dos alunos. Acima de tudo, buscavam jovens com proatividade, interesse e uma disposição inabalável para enfrentar desafios.
O cuidado 24h: da ansiedade ao alívio
As preocupações da equipe eram tão reais quanto a distância que separava os estudantes de suas casas. Fernanda Maior, técnica pedagógica, confessa o receio inicial com as diferenças culturais, de fuso horário e até mesmo de temperos. Mas, a ansiedade deu lugar ao alívio. "Não registramos nenhum problema em relação a isso. Nos primeiros dias, os intercambistas já se adaptaram bem”, afirma.
Para garantir essa tranquilidade, uma rede de segurança foi montada. Sandra da Rocha, técnica pedagógica, detalha a estrutura de comunicação em diferentes níveis, com grupos de WhatsApp entre técnicos, monitores e até mesmo psicólogos para apoio online. Esse sistema garantiu um fluxo de informações transparente e um acompanhamento constante para que os estudantes se sentissem apoiados a cada passo do caminho.
A maior vitória da equipe, no entanto, foi o momento em que viram todo o esforço se materializar em alegria. Maria das Graças Rocha, técnica da gerência, descreve a emoção de acompanhar o embarque, vendo a felicidade dos jovens e de suas famílias. Para ela, o maior orgulho é "saber que mesmo nos 'bastidores' somos responsáveis pela realização de sonhos".
O momento mais inesquecível foi o anúncio surpresa da estudante vencedora do Programa Jovem Senadora no desembarque da 1ª edição, um instante que fez o trabalho silencioso valer a pena.
O legado da educação
A experiência de intercâmbio é uma semente que, uma vez plantada, cresce e se espalha. Maria Gabriela da Rocha, assessora técnica, espera que os estudantes tragam de volta mais do que o domínio de uma nova língua. Para ela, o legado está "no brilho das descobertas, na coragem de sonhar mais alto e na certeza de que Alagoas cabe no mundo e o mundo também cabe em Alagoas".
Esse sentimento de possibilidade já ecoa em toda a rede de ensino. Daril Silva, estagiário da gerência, observa que o programa provou aos estudantes de escolas públicas que é possível "quebrar barreiras culturais e sociais". Ele ressalta que esse sentimento de possibilidade tem motivado não apenas os alunos, mas também suas famílias, colegas e professores.
A principal mensagem para outros estados, segundo Daril, é que investir em programas como o Daqui pro Mundo é acreditar no poder transformador da educação. É um investimento que não beneficia apenas alguns poucos, mas gera um efeito cascata de inspiração para toda a sociedade, reafirmando o papel central da escola pública no fortalecimento da cidadania global.
Natalício Vieira / Ascom Seduc/ Foto: Ascom Seduc