Sergipe
13.10.2023O Colégio Estadual Ivo do Prado, localizado no município de Aracaju, deu início nesta semana a uma iniciativa notável com o objetivo de combater o racismo e promover debates sobre a diversidade em seu ambiente escolar. A intitulada ‘Oficina dos Turbantes’ foi ministrada pela mestre de cerimônias e ativista do Movimento Unegro de Sergipe, Thaty Meneses, que, além de demonstrar suas habilidades e técnicas na produção de turbantes e amarrações, abriu espaço para discussões essenciais sobre a identidade e a importância da cultura afro-brasileira.
Ao longo da tarde, Thaty Meneses contou um pouco da sua trajetória de vida e demonstrou que os turbantes são um símbolo visível da busca por inclusão e empoderamento. Ao usar a questão estética para promover um debate sobre o racismo, Thaty comentou sobre a alegria de poder proporcionar aos alunos práticas como as da oficina.
“Ter essa conversa com os alunos para que práticas como o racismo e a discriminação sejam sempre tratadas como algo errado e que não deve ser praticado é essencial e necessário. Sou da Unegro Sergipe, identidade do movimento negro que existe há 14 anos no estado, e promover ações como as de ensiná-los a fazer e utilizar os turbantes e amarrações foi supersatisfatório”, considerou.
A ação está ligada ao projeto ‘Bullying no Ivo: entre gêneros e cores’, supervisionado pelo coordenador da escola, Everaldo Freire, cujos intuitos são gerar debates e desenvolver maneiras de exterminar narrativas preconceituosas dentro do ambiente escolar. Everaldo é também professor de língua portuguesa e inglês, e afirmou que essa oficina é um compromisso do colégio com a luta antirracista.
“Nós sabemos que a maioria dos nossos estudantes são pretos, pardos. É necessário que haja o orgulho e o sentimento de pertencimento desses estudantes, que devem também refletir de onde vem toda essa negritude e abraçá-la. Por isso, são feitos desenvolvimentos como o da oficina de turbantes”, relatou Everaldo.
Ao todo, 86 alunos, entre o sextos e nonos anos do Ensino Fundamental, inscreveram-se na ‘Oficina de Turbantes’. A aluna Marynna Silva Santos, do 8º ano, foi uma das participantes do evento e ressaltou a importância de estar presente para ouvir e praticar os ensinamentos de Thaty Meneses. “Gostei porque incentivou os alunos a pararem de fazer bullying, seja com a cor da pele, com o cabelo, com o corpo”, disse a aluna.
Já para seu colega Adrian Soares da Silva, do 7º ano C, as atividades foram essenciais para empoderar os alunos pretos e pardos do Ivo do Prado. “Tem gente que tem muito preconceito com cor, religião, principalmente de matrizes africanas e afro-brasileiras. A oficina fez com que a gente não tenha medo de se impor e, ao mesmo tempo, se empoderar nesse tipo de situação”, concluiu.
Profin Projetos 2023
Além do esforço para a promoção dessa oficina pela gestão escolar, ações como essa foram possíveis por conta do investimento do Serviço de Apoio Financeiro aos Programas e Projetos Escolares, da Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (Safippe/Seduc), por meio do Programa de Transferência de Recursos Financeiros Diretamente às Escolas Públicas Estaduais - Profin Projetos 2023, recurso que tem como objetivo dar suporte financeiro às ações dos docentes que coordenam projetos nas instituições educacionais da Rede Estadual de ensino.
De acordo com dados da Safippe, foram investidos, até o mês de outubro, mais de dois milhões de reais em projetos docentes, divididos nas categorias do Profin Projetos e do Profin Projetos Especiais, distribuídos para 290 projetos aprovados, incluindo, é claro, o ‘Bullying no Ivo: entre gêneros e cores’.
A diretora do Ivo do Prado, Magali Barros, agradeceu os investimentos e considerou que o projeto ‘Bullying no Ivo’ deve servir de exemplo para outras instituições no combate ao racismo e na aplicação da Lei nº 10.639/03, que estabelece a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura Afro-Brasileira nas escolas.
“A oficina ressaltou a história das raízes africanas, como a estética e a beleza são ferramentas para demonstrar como a cultura da África é uma peça fundamental para a construção de nossa cultura. Teremos, mais para frente, oficinas em outras áreas, como a culinária, a música, para continuar com o combate ao racismo no colégio”, finalizou.