Maranhão
09.04.2018O Governo do Maranhão entregou nesta sexta-feira (6) mais de 127 mil uniformes para as 107 escolas localizadas na capital maranhense, incluindo a ação inédita de entrega de fardamentos com inscrição em braille para estudantes com deficiência visual. Todos os alunos da rede pública estadual de São Luís estão sendo beneficiados com essa entrega.
No ano passado, já haviam sido entregues mais de 720 mil uniformes em todo o Maranhão. Neste ano, novas remessas ainda serão feitas para dar continuidade ao programa.
A cerimônia de entrega foi no Centro de Ensino Benedito Leite (Escola Modelo). A aluna do 2º ano do Centro de Ensino Paulo VI, Cláudia Coelho, se surpreendeu com a iniciativa. Há 4 meses no Maranhão, ela que é paulista e sempre estudou em escola pública nunca tinha visto nada parecido. “Lá em São Paulo para ter farda a gente tem que comprar. É a primeira vez que recebo de graça”, comenta.
Além de gratuito, o fardamento escolar da rede pública de educação agora também é inclusivo. É o que afirma Rosane Ferreira, supervisora de educação especial do Estado. Segundo ela, o uniforme foi idealizado com supervisão do Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência (CAP) da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), e parceria do Ministério Público do Maranhão. Este é o único uniforme escolar com identificação em Braille nas escolas públicas do Brasil.
“A educação especial do Maranhão recebeu em 2017 a melhor avaliação do MEC. Entre as capitais do Nordeste, temos a melhor política de inclusão. Alfabetizamos em braile, ensinamos a soroban, que é a matemática dos cegos, ensinamos mobilidade, entre outras ações de inclusão, como a de hoje”, justifica.
Pioneirismo
Por ter o maior número de estudantes com deficiência visual entre as escolas estaduais, o Centro de Ensino Liceu Maranhense foi escolhido para receber 100% do fardamento com escrita em braille. A medida visa garantir comunicação sem barreiras entre alunos e professores. “Essa farda é uma forma de acolher os alunos com deficiência, e se todos recebem é uma garantia de inclusão na escola”, explica o gestor do Liceu Deurivan Souza.
“Ficamos felizes em ser os representantes dessa política”, diz o estudante e representante do Grêmio Estudantil do Liceu Maranhense, Gabriel Borba, 16. Para ele, a convivência na escola com pessoas com deficiência é extraordinária. “Sabemos que qualquer deficiência é uma barreira, e a partir do momento em que essa barreira é quebrada, nos tornamos iguais, uma unidade”, esclarece o estudante.
Inclusão
Mais que assegurar um direito fundamental a parcela da população que, historicamente, esteve à margem desses direitos, para o professor da Escola de Cegos do Maranhão, Derocy Dias Reis, que também é deficiente visual, o uniforme com grafia em braille é importante no sentido de reconhecer a identidade do estudante. “O deficiente visual que lê pela primeira vez o nome da escola na sua forma própria de escrita e leitura se sente respeitado no espaço escolar”, afirma.
Para Joina Cristina Silva, mãe das gêmeas Sarah e Sofia, de 6 anos, deficientes visuais, a farda inclusiva ajuda também na alfabetização das filhas, que são alunas do CAP. “Como elas estão na alfabetização é importante ler o nome da escola na farda. É a inclusão delas, todas as escolas do Brasil deveriam ser assim”, destaca.
Davi Pereira, de 15 anos, do 7º ano da Escola de Cegos do Maranhão, também acredita que a farda é uma forma de melhorar sua relação com a escrita e leitura em braille. “A gente lê em braille nas caixas de remédios, nos livros, mas não roupa, farda. Eu me sinto feliz em poder ler o nome da minha escola assim”, constata.
Cerimônia
“Como aluna de escola pública e pobre que eu fui, meu pai não tinha como comprar farda, essa é a importância desse momento. A farda é a identidade do estudante”. Foi assim que a gestora Centro de Ensino Benedito Leite, Edlene Vale Batalha, deu início à entrega do fardamento escolar, que contou com a presença do governador em exercício, Carlos Brandão, do secretário estadual de educação, Felipe Camarão; da Promotoria de Justiça Especializada na Defesa da Educação, Luciane Lisboa Belo; da Promotora de justiça Sandra Pontes; do Promotor de Justiça e Diretor da Secretaria para Assuntos Institucionais do MPMA, Marco Antônio Santos Amorim; a Assistente Social do Centro de Apoio Operacional de Proteção ao Idoso e à Pessoa com Deficiência ( CAOP), Selma Mesquita; Além de representantes do Conselho Estadual de Educação.O secretário de educação Felipe Camarão disse que a cerimônia de entrega de fardamento era também a celebração do momento que a educação do Maranhão vive. “Das 1.300 escolas do Estado, 750 já foram construídas e revitalizadas pelo Programa Escola Digna. A entrega do fardamento é mais uma ação do governo que demonstra com ações que educação é prioridade”, declarou.
Para o governador em exercício, Carlos Brandão, não é apenas a educação do Maranhão que ganha com as ações da Escola Digna, mas também o mercado local, as famílias, a população como um todo. “É uma grande ação do governo que garante cidadania as crianças que vem para a escola, que representa economia para as famílias, e aquece o mercado local, já que as empresas que venceram a licitação para a confecção do fardamento são maranhenses”, avaliou.