Projeto Mais Aprendizagem Matemática apresenta ações e investimentos para rede estadual do Ceará

Ceará

09.05.2024

Estudantes e professores da rede pública estadual do Ceará terão no Projeto Mais Aprendizagem Matemática mais apoio com ações e investimentos que objetivam aprimorar e estimular o ensino e a aprendizagem. A iniciativa do governo estadual foi lançada nesta quarta-feira (8), no Palácio da Abolição, com as presenças do governador Elmano de Freitas e da secretária da Educação, Eliana Estrela, além de professores, estudantes e outras autoridades.

O projeto é integrado por estratégias curriculares, pedagógicas e didáticas voltadas à formação continuada dos professores e incentivo à pesquisa, bem como uso de abordagens lúdicas em sala de aula. Também está prevista a concessão de bolsas para estudantes e professores que participarão das atividades de monitoria e dos clubes do projeto. Outra estratégia é a melhoria da estrutura física e tecnológica das escolas, com laboratórios e plataforma voltados à Matemática.

O Mais Aprendizagem Matemática deve beneficiar inicialmente 403.609 estudantes e 2.941 professores, com investimento de R$3,5 milhões. A iniciativa está dentro do Programa Ceará Educa Mais, desenvolvido por meio da Secretaria da Educação do Ceará.

Segundo o governador, a iniciativa busca reconhecer e aproveitar as habilidades dos profissionais que atuam na rede estadual, que conta com mais de 440 mestres e 25 doutores em Matemática.

“Colocamos luzes sobre um grande desafio do ensino no País, que é o ensino da Matemática. Valorizando nossos professores, nossa experiência, mas também melhorando as condições de ensino para esse professor, especialmente com laboratórios, maratonas estudantis e incentivo aos professores para a produção do conhecimento. Isso tudo vai junto à ideia de escola em tempo integral”, afirma Elmano de Freitas.

Além disso, completa o governador, a estratégia contribui para equacionar a histórica questão da desigualdade de gênero nas Ciências Exatas. “Precisamos quebrar a situação que determinadas profissões historicamente foram reservadas para homens por mero preconceito de não entender que temos direitos iguais. Para garantir o direito das mulheres de ocuparem esses espaços, daremos condições para nossas jovens terem estímulos nas Ciências Exatas. Aprendemos que as mulheres devem estar onde elas quiserem”, defendeu.

Uma oportunidade para o desenvolvimento de estudantes como Maria Eduarda Soares, de 16 anos, que cursa a 1ª série do Ensino Médio na Escola Estadual Heráclito de Castro e Silva, no bairro João XXIII, em Fortaleza. Ela diz que ama Matemática desde a infância. “Não é fácil ver números que dão letras e letras que dão números. Por isso, considero que ver meninas se ajudando na Matemática é uma coisa muito inovadora. Sem rivalidades entre meninas, porque qualquer uma pode aprender igual, e qualquer aluno pode ser bom em Matemática”.

Eliana Estrela, titular da Seduc, aponta a necessidade de tornar o ensino-aprendizagem em Matemática mais lúdico e atrativo, para superar as dificuldades que são comuns em todo o Brasil. “Nós avançamos muito, principalmente em Português, mas a Matemática continua sendo um desafio não só para o Ceará. Que a gente possa avançar não só na questão de ranking, mas que a gente cumpra o dever de casa; fazer com que os estudantes estejam na escola, aprendendo na idade certa, e se desenvolvendo”, ressaltou.

Dados do Pisa de 2022, por exemplo, revelam que apenas 27% dos estudantes brasileiros registraram desempenho adequado na disciplina. Em nível estadual, o Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará (Spaece) 2023 aponta que 30% dos estudantes do Ensino Médio da rede pública de ensino encontram-se nos níveis mais avançados de aprendizagem.

Posteriormente, a ideia, aponta Eliana, é conseguir que os estudantes cheguem ao Ensino Médio com proficiência em Matemática. Para isso, o projeto pode ser replicado também no Ensino Fundamental, por meio do regime de colaboração entre Estado e municípios cearenses, dentro do Programa Paic Integral.

Mais Aprendizagem Matemática

Dentre as ações do projeto está o Elas na Matemática, que busca promover a equidade de gênero estimulando o protagonismo feminino na área. Nesse sentido, serão ofertadas 500 bolsas de monitoria, no valor de R$200, para as alunas do Ensino Médio. O período de duração das bolsas é de agosto a dezembro. A meta é atender jovens de 267 escolas. A seleção para o próximo semestre será feita por meio de edital que será divulgado pela Seduc.

A Seduc vai disponibilizar progressivamente, até 2026, 150 Laboratórios de Matemática, nas unidades de ensino da rede estadual. 50 unidades serão entregues em 2024, com investimento de R$ 2.162.500,00. Esses espaços serão equipados para o uso da Matemática em situações práticas, tornando o ensino mais atrativo e lúdico.

A tecnologia também será usada para o fortalecimento das aprendizagens. Os estudantes terão acesso gratuito a uma plataforma de ensino inteiramente adaptada às suas necessidades. No ambiente digital, são oferecidos exercícios, vídeos educativos e um painel de aprendizado personalizado que habilita os alunos a estudarem no seu próprio ritmo, dentro e fora da sala de aula. A ação será desenvolvida em parceria com a Khan Academy.

Outro destaque é a Maratona de Matemática para os estudantes. A proposta vai possibilitar que os alunos do Ensino Médio coloquem em prática suas habilidades sobre essa importante área do conhecimento, além da integração entre as escolas.

Apoio aos professores

Com relação à atividade docente, o projeto prevê a criação de ações de promoção da formação continuada, compartilhamento de experiências e incentivo à pesquisa, além da criação de um Grupo de Trabalho (GT) de Matemática, 30 Clubes de Matemática e Comunidades de Prática para o Ensino de Matemática.

Aos professores participantes dos Clubes de Matemática também serão concedidas bolsas mensais no valor de R$1.330,00. Além disso, será realizada olimpíada para os professores de Matemática e publicação de trabalhos acadêmicos em formato de e-book.

Annelise Maymone, 58, é professora de Matemática na Escola de Ensino Médio em Tempo Integral Estado do Paraná, no bairro Montese, em Fortaleza. Ela fala do impacto do projeto não só para os bons resultados, mas para dar acesso a um conhecimento fundamental para a vida.

“A gente vai trazer equidade para os alunos. Quando temos estratégias diferentes, possibilidades diferentes, parcerias, professores tem dinamização na aula. O projeto traz possibilidades que antes não tínhamos, mas também reforça aquilo que a gente já tinha e funcionava bem”, avalia.

Annelise tem 30 anos dedicados à Matemática, ensinando e produzindo livros didáticos. Além disso, participa do Programa Cientista-Chefe atuando na iniciativa Foco na Aprendizagem. Uma caminhada, segundo ela, que não foi fácil. Na época da universidade, era a única mulher em uma turma com 63 homens. Apesar da persistente desigualdade, ela comemora os avanços.

“No meu Ensino Médio, os professores de Matemática eram todos homens. Mas quando eu cheguei [à universidade] e me vi única, eu tive que ter muita coragem. E depois, na especialização, no mestrado, sempre era um número muito pequeno de meninas, mas eu cheguei aqui. Então, qualquer menina pode alcançar o que ela quiser, não importa se é das exatas, das humanas, não importa. O gênero não faz diferença na inteligência”, defende a professora.